Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Valorização do yuan atinge exportadores chineses

A reputação da China como fábrica do mundo está sendo prejudicada pela alta do yuan em relação ao dólar, o que, além de aumentar salários, está levando os fabricantes a procurar outros países da Ásia com custo de produção menor.

As exportações da China em dezembro subiram apenas 4,3% ante o mesmo mês de 2012, bem menos que a alta de 12,7% de novembro, segundo dados aduaneiros divulgados na sexta-feira. Mesmo levando em conta eventuais distorções no crescimento das exportações observado um ano atrás — que muitos economistas atribuem a influxos de capital registrados erroneamente como comércio — o aquecimento das exportações na China, que o governo esperava que fosse acompanhar a melhora da economia mundial, ainda não se concretizou.

Os Estados Unidos, que sempre argumentaram que o yuan era mantido artificialmente baixo para impulsionar as exportações chinesas, sustentam que a moeda ainda está desvalorizada. A China, por sua vez, afirma que o yuan está agora perto do equilíbrio, enquanto economistas estão divididos sobre o assunto.
De qualquer maneira, o fortalecimento do yuan está prejudicando os exportadores chineses, especialmente os fabricantes de bens manufaturados para o segmento de baixa renda.

Dados da China mostram que o país exportou 15% menos calculadoras eletrônicas, 12% menos guarda-chuvas e 21% menos isqueiros nos primeiros 11 meses de 2013, em meio à debandada dos fabricantes de produtos de preço baixo em busca de países mais baratos.

O governo chinês quer seus exportadores galgando a cadeia de valor e fabricando mais produtos de alta tecnologia. Ele considera essa mudança essencial para o sucesso da economia no longo prazo, juntamente com a diminuição da dependência dos investimentos em infraestrutura em prol de um aumento no consumo interno.

Numa pesquisa recente, a Administração Aduaneira da China constatou que a valorização do yuan aumentou significativamente os custos para dois terços dos exportadores. "Para lidar com o problema, só posso recomendar que os exportadores modernizem ativamente seus produtos e gerem itens de exportação de maior valor agregado", diz Zheng Yuesheng, porta-voz da agência.

Mas os formuladores de políticas do governo devem conduzir essa mudança de forma a manter o crescimento econômico, que nos últimos anos caiu de níveis de dois dígitos para cerca de 7,6%, e impedir a alta do desemprego.

Muitos exportadores reclamam que estão tendo problemas sérios com o aumento de salários e outros custos que subiram nos últimos anos. A valorização do yuan, também conhecido como renminbi, é outra dor de cabeça que torna os produtos chineses mais caros no exterior e reduz os lucros apurados em moeda local.

"O aumento dos salários e o yuan são um problema tremendo para nós", diz Uwe Hutzler, gerente geral de uma empresa chinesa que fornece couro para confecções. "Temos que pagar nossas despesas e salários em renminbi, mas nossas faturas são em dólar."

Autoridades chinesas apontam que um yuan mais forte também significa importações mais baratas. Isso poderia ajudar a China a atingir seu objetivo de impulsionar o consumo doméstico à medida que itens de consumo importados se tornam mais acessíveis.

"A valorização do yuan vai certamente elevar os preços das exportações e prejudicar a nossa competitividade. Mas [...] também ajuda a reduzir nossos custos de importação", diz Zheng, porta-voz da alfândega.

A China continua sendo uma potência de exportação de bens manufaturados, como máquinas e eletrônicos. A fatia do país no comércio mundial permanece acima de 10%, apesar das pressões dos custos. Dados divulgados na sexta-feira mostraram que o total das importações e exportações chinesas superou US$ 4 trilhões em 2013, o que fez a China ultrapassar os EUA como o país de maior volume de comércio do mundo.

Empresas estrangeiras afirmam que precisam investir na China por causa da grande escala da produção e das redes integradas de suprimento do país.

A Positec Group, uma empresa chinesa que fabrica ferramentas elétricas das marcas Rockwell e Worx, cogitou mudar sua fábrica para o Vietnã, mas decidiu que isso ainda não é viável. "O problema está nos fornecedores de matérias-primas, que são muito importantes para nós", diz Tom Duncan, diretor-presidente da empresa para os EUA. "Só poderíamos instalar lá as operações para o segmento de baixo custo."

Em vez disso, a empresa tentou cortar despesas, reduzindo sua massa salarial. "Gastamos mais em automação no ano passado que nos 15 anos anteriores juntos", diz Duncan.

Ainda assim, muitas outras empresas estão buscando bases de produção mais baratas. O investimento estrangeiro na manufatura chinesa caiu 5,7% nos primeiros 11 meses de 2013 comparado ao mesmo período do ano anterior, para US$ 64,7 bilhões, segundo os dados mais recentes, depois de um declínio de 7,1% em 2012. Por outro lado, o investimento estrangeiro direto do Vietnã saltou mais de 80% no ano passado com a chegada de fabricantes querendo aproveitar os custos mais baixos.

Em termos reais — levando em conta a inflação — o yuan subiu 18,5% em relação ao dólar entre junho de 2010 e novembro de 2013, segundo cálculos de Karim Foda, pesquisador da Brookings Institution, um centro de estudos americano. Comparado com algumas moedas asiáticas — como a rupia indonésia e a rupia indiana, que tiveram queda acentuada no ano passado — a alta foi ainda maior.

Chetan Ahya, economista do Morgan Stanley MS -0.18%  em Hong Kong, diz, no entanto, que é muito cedo para fabricantes tirarem substancialmente sua produção da China com base em movimentos monetários, mas que isso pode se tornar um fator mais importante em 2014.

Fonte: The Wall Street Journal

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