Mercadorias no porto de Santos; principal destino das exportações brasileiras foi a China |
O governo federal anunciou nesta quinta-feira que a balança comercial brasileira (diferença entre exportações e importações) teve em 2013 resultado positivo de US$ 2,561 bilhões (R$ 6,115 bilhões), o menor valor desde 2001.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em relação a 2012, houve queda de 1% nas vendas brasileiras ao exterior, que somaram US$ 242,178 bilhões.
Já as importações tiveram aumento de 6,5% e alcançaram US$ 239,617 bilhões.
O resultado da balança de 2013 equivale a apenas 13% do desempenho registrado em 2012 (US$ 19,396 bilhões).
Pouco mais da metade da soma das exportações (51%) se deveu à venda de produtos industrializados, contra 46,7% da venda matérias-primas. As proporções são iguais às de 2012.
A China foi mais uma vez o principal destino das exportações brasileiras (US$ 46 bilhões), com crescimento de 10,8% em relação a 2012.
Também tiveram crescimento substancial em 2013 as vendas para a Argentina (8,1%), apesar das queixas de empresários brasileiros quanto às barreiras comerciais do país vizinho.
Já as exportações para os Estados Unidos tiveram queda de 8,2%.
Comércio de petróleo
Além do aumento das importações e da diminuição das exportações de forma geral, a redução do saldo comercial em 2013 é atribuída aos resultados no comércio de petróleo.
As exportações do produto e seus derivados em 2013 caíram 28,4% em relação ao ano anterior, principalmente devido à manutenção de plataformas. No mesmo período, o Brasil ampliou em 16,3% as importações do bem.
Além disso, gastos de cerca de US$ 4,5 bilhões com a compra de petróleo pelo Brasil no fim de 2012 só entraram na balança comercial de 2013, graças a uma norma da Receita que permite o registro de importações até 50 dias após a transação.
Por outro lado, o setor petrolífero contribuiu com a balança de 2013 por meio do comércio de plataformas.
A venda das plataformas, fabricadas no Brasil, geraram receitas de US$ 7,73 bilhões, resultado 351% superior ao de 2012. Há controvérsias, contudo, quanto à contabilização desses valores como exportações, já que as plataformas jamais deixam o Brasil.
As estruturas são vendidas a subsidiárias da Petrobrás no exterior, mas acabam usadas no próprio território nacional. O governo diz que as vendas atraem dólares para o país e que, portanto, têm na prática o mesmo efeito que exportações.
Competitividade
Para Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências, o fraco resultado da balança comercial reflete principalmente os problemas de competitividade da indústria nacional.
Ele espera, contudo, que o setor tenha desempenho melhor em 2014 por dois fatores: a tendência de continuidade na desvalorização do real (o que barateia produtos nacionais no exterior) e a recuperação econômica dos Estados Unidos e da União Europeia (que tradicionalmente importam produtos industrializados brasileiros).
A exportação de matérias-primas pelo Brasil também deve ter bom resultado em 2014, segundo Neto, que espera bom desempenho econômico da China, principal compradora desses produtos.
Já o Ministério do Desenvolvimento diz que a China deve ter menor crescimento em 2014, o que o órgão considera um desafio para a balança comercial do Brasil neste ano.
Outros obstáculos citados pelo ministério são a possível redução dos preços globais das matérias-primas e incertezas sobre a recuperação dos EUA e países europeus.
Por outro lado, o órgão menciona como condições favoráveis à balança de 2014 as expectativas de maior produção de petróleo no Brasil, de aumento da safra de grãos e de uma taxa de câmbio mais favorável.
Fonte: BBC Brasil
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