No mercado de juros futuros, no dia da divulgação da ata do Copom, ganha força a aposta por reduções adicionais na taxa Selic durante 2013, o que força um fechamento da curva.
O dólar mantém a trajetória de queda iniciada no começo desta semana e já retoma o patamar de R$ 2,08 - na sexta passada a moeda fechou a R$ 2,130.
Nesta quinta-feira (6/12) a divisa registrava desvalorização de 0,61% ante o real, negociada a R$ 2,084 na venda.
No mês passado, o dólar apresentou uma elevação de 5% em sua cotação, e geralmente um fluxo de saída por conta da remessa de dividendos para o exterior era apontada como a razão.
No entanto, nesta quarta-feira (5/12) o Banco Central (BC) informou que o fluxo cambial ficou positivo em US$ 4,876 bilhões em novembro, puxado pelo fluxo financeiro, positivo em US$ 7,262 bilhões, o maior do ano.
"Como pode desvalorizar se teve fluxo?", questiona Alfredo Barbutti, economista-chefe da BGC Liquidez.
Essa mesma dúvida, segundo o especialista, estaria também intrigando o governo, que pode ter enxergado nessa alta recente da moeda americana um movimento especulativo de alguns agentes.
O anúncio da autoridade na terça (4/12), que ampliou de um para cinco anos o prazo para os exportadores efetuarem as operações de Pagamento Antecipado (PA), irá bater justamente em cima do lado ainda negativo - em novembro, o fluxo comercial foi negativo em US$ 2,386 bilhões.
"Não há porque temer o fluxo cambial", pondera Barbutti.
Juros
Na ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC nesta manhã, o colegiado reafirma que a inflação em 12 meses vai se deslocar para o centro da meta, "ainda que de forma não linear".
Essa leitura da autoridade, segundo especialistas do mercado, está sendo comprada por grandes bancos, que começam a projetar uma queda de cerca de um ponto percentual na taxa Selic em 2013.
Como a inflação em 12 meses se situa hoje próxima dos 5,5%, a convergência para o centro embute uma queda de um ponto percentual, e seria esse ponto que as casas passam a apostar que vai ser contrabalançada nos juros, explica Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores.
Essa percepção é o que leva a curva de juros futuros da BM&FBovespa para baixo nesta sessão.
Mais negociado, com giro de R$ 64,232 bilhões, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 recuava de 6,99% para 6,95%, enquanto o para janeiro de 2015 descia de 7,52% para 7,47%, com volume de R$ 17,988 bilhões.
O DI para janeiro de 2013, por sua vez, está em 7,10%, o que evidencia as apostas por cortes na taxa básica de juros.
"O mercado está comprando a ideia de que o BC vai derrubar mais os juros, coisa que eu particularmente não acredito", diz Nepomuceno.
Para o estrategista da Coinvalores, a inflação em 12 meses no ano que vem deve estar em um nível mais baixo do que o atual, mas não convergindo para o centro da meta.
"Não acho prematuro prever a Selic parada nesse nível, mas não adianta mexer na política monetária agora. Tem muito para perder, e pouco para ganhar", pondera o especialista. "Acho que é um risco. Pode ser um tiro no pé".
Fonte: Brasil Econômico
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