IPCA e declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, provocam elevação da curva de juros futuros da BM&F Bovespa.
Até o final de outubro, o mercado testava consistentemente o Banco Central (BC), pressionando a cotação do dólar abaixo dos R$ 2,00, em teoria por conta do fluxo de divisas que entrava no país.
Com a virada do mês, no entanto, os operadores de câmbio no Brasil alteraram completamente a mão, ainda que nenhum fator pontual tenha sido observado no mercado, mas que colocou o dólar em uma forte trajetória ascendente em novembro, e que levou a taxa da moeda a atingir o pico de R$ 2,13 na semana passada.
Embora o governo não admita que faz o controle do mercado cambial doméstico, quando a cotação da divisa bateu nos R$ 2,13, um alarme parece ter disparado na autoridade monetária, que entrou forte com leilões de venda - e quando viu que esses não seriam suficientes, começou a afrouxar as amarras impostas há pouco mais de um ano para facilitar a entrada de divisas no país.
Com a clara postura iniciada esta semana pelo governo para aumentar o fluxo de dólar para o Brasil, o dólar teve quatro quedas seguidas, que recolocaram a taxa da moeda de volta aos R$ 2,08.
Aparentemente, este pode ser um patamar de estabilização para a divisa no curto prazo, já que nesta sexta-feira (7/12), após as fortes variações das últimas semanas, o dia é de estabilidade.
O dólar operava praticamente sem oscilação na primeira etapa deste último pregão da semana, com uma ligeira desvalorização de 0,04%, a R$ 2,078 na venda.
"A gente teve várias notícias mostrando que o BC queria o dólar em um patamar mais baixo do que os R$ 2,13", recorda Ures Folchini, vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB.
O teto de R$ 2,10, para o especialista, pode voltar a ser respeitado pelos agentes nas próximas sessões.
Juros
Após o fraco dado do Produto Interno Bruto (PIB) do país no terceiro trimestre de 2012, ganhou força no mercado a aposta por reduções de um ponto percentual na taxa Selic ao longo de 2013.
O Itaú Unibanco é um dos que apostam nesse cenário. Essa possibilidade levou a um forte fechamento da curva de juros futuros nos últimos pregões.
Entretanto, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse nesta quinta-feira (6/12) que manter a taxa Selic nos atuais 7,25% por um período prolongado é o suficiente para levar a inflação para a meta.
"A estratégia adequada para trazer a inflação para a meta é manter a estabilidade das condições monetárias por um período suficientemente prolongado, como está escrito na ata (do Copom)", afirmou Tombini.
Após a divulgação da ata, criou-se no mercado uma discussão sobre o fato de a autoridade não ter levado em consideração em seu documento o fraco dado da economia brasileira informado poucos dias antes, e tomou corpo o questionamento sobre os rumos da política monetária em 2013.
Com a declaração do presidente do BC ratificando a intenção de não alterar a Selic nos próximos meses, contrariando essa ala do mercado que passou a apostar em cortes adicionais, somada ao IPCA divulgado nesta manhã pelo IBGE, acima das expectativas, gera uma abertura da curva de juros futuros da BM&FBovespa.
O contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2014, que fechou na véspera a 6,90%, operava agora a 7,06%, com giro de R$ 69,514 bilhões, enquanto o para janeiro de 2015, que encerrou ontem a 7,40%, seguia nesta sexta a 7,56%, movimentando R$ 14,368 bilhões.
"Se a economia não recuperou ainda mesmo com a queda dos juros, não vai ser mais um ponto que vai puxar o PIB", diz o vice-presidente de tesouraria do WestLB. "São outros problemas que não estão fazendo a economia crescer. Os juros têm seu limite".
O alto patamar no qual se encontra a inflação não pode ser ignorado, destaca Folchini.
O IPCA de novembro acelerou para 0,60%, frente a 0,59% em outubro, e as expectativas por um número em torno dos 0,50%.
Em 12 meses, o índice está em 5,53%, que o BC acredita que irá retroceder para 4,5% no ano que vem.
Fonte: Brasil Econômico
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