O país viu a inflação passar de 30% em 2010 para 6,4% no fim de 2010. As exportações, passaram de US$ 36 bilhões em 2002 a US$ 114 bilhões em 2010.
Após enfrentar forte crise em 2001, a Turquia partiu para reformas políticas e viu seu crescimento acelerar nos últimos anos.
Para Ahmet Faruk Aysan, membro do Banco Central da Turquia, "as coisas não estão melhorando em relação ao crescimento global, mas sim piorando, principalmente na Europa".
Com isso, ele alerta que "temos que aprender a formular políticas mais inteligentes, aprendendo com experiências de outros países".
A crise econômica mundial tem se mostrado cada vez mais forte, prejudicando todos os setores.
Aysan lembra que as políticas monetárias realizadas nos Estados Unidos não estão fazendo efeito, pois o dinheiro não está chegando aos consumidores e às empresas. O crédito nos Estados Unidos está pior do que na Europa, mas ainda assim, há perspectivas de melhora.
Na Europa, não há espaço para a expansão fiscal porque os países estão muito endividados, sofrendo com os efeitos da crise de 2008.
"O problema é que na Zona do Euro eles usam uma mesma moeda, mas os países são diferentes entre si. Para piorar, a Itália e a Grécia têm taxas de juros bem mais altas e isso coloca em risco a competitividade dos países, afetando o setor privado", destaca o membro do Banco Central da Turquia.
Estratégia
Em 2008, a Turquia quase não sentiu os efeitos da crise financeira mundial e recebeu destaque entre os países emergentes.
"A Turquia aprendeu mais cedo porque tivemos uma crise em 2001 que nos ajudou a nos preparar para a crise em 2008. Fizemos ajustes financeiros. Cada país sabe de seus problemas e tivemos que desenvolver políticas para isso", ressalta Aysan.
Para combater a crise, o Banco Central da Turquia utilizou medidas macroprudenciais. "Fizemos a expansão do crédito. Havia uma grande ameaça de crise e isso teve influência no comércio. É bom ter bom senso de regulamentação do setor financeiro e da política monetária", afirma.
"Na Turquia, as regulamentações são separadas, por isso temos estabilidade financeira", completa Aysan.
No entanto, para não haver descontrole, foi colocado um limite no crescimento do crédito, com alta máxima de 25%.
"Alguns bancos não conseguiram este aumento e eles foram punidos com taxas de juros mais altas. Com isso, aumentamos nossos requerimentos de reservas o que tornou o Banco Central muito forte nas captações diárias", diz o turco.
O Aysan aponta que, com essas políticas, houve depreciação da moeda em 2010. "Isso não foi muito bom, mas foi intencional para que depois tivéssemos uma taxa de câmbio equilibrada. Com essa desvalorização houve aumento significativo das exportações. Agora, a taxa de câmbio da Turquia é uma das menos voláteis e isso nos ajuda com a inflação".
As melhorias na economia turca impulsionaram o comércio exterior, com as exportações passando de US$ 36 bilhões em 2002 a US$ 114 bilhões em 2010. Além disso, o país viu a inflação passar de 30% em 2010 para 6,4% no fim de 2010.
Para Marcio Sette Fortes, economista do Ibmec, o aumento no compulsório foi fundamental para controlar a inflação. Além disso, ele compara que o Brasil tentou estimular o consumo com o crédito nos últimos anos, mas, no entanto, não deu certo porque as pessoas acabaram com um super endividamento.
"Na Turquia, isso não aconteceu por uma questão de cultura. Os turcos possuem uma tradição de maior de controle. Isso não ocorre aqui no Brasil, principalmente, porque vivemos uma mobilidade social forte nos últimos anos, o que aumentou o poder de compra e de consumo, gerando um alto descontrole", explica o economista.
Recentemente, a Turquia tomou outra decisão para fortalecer as instituições bancárias em época de crise.
"Possibilitamos que 40% dos requerimentos dos bancos possam ser em euro ou dólar, e não em moeda doméstica, porque a taxa de câmbio dessas moedas são mais baratas. Em tempos ruins, os bancos podem fazer a conversão. Ao invés do Banco Central interver, os próprios bancos fazem isso", completa Aysan.
Mundo
Os canais de transmissão financeira não estão funcionando nos países desenvolvidos. Os bancos centrais ao redor do mundo estão vivendo incertezas, onde estão navegando em território que, até então, não era conhecido. "Por isso, neste momento, a prática é mais importante do que a teoria", diz o membro do Banco Central da Turquia.
Em relação às ajudas financeiras na Europa, Jouko Vilmunen, chefe do departamento de pesquisa do Banco Central da Finlândia, alerta. "Se algum pacote de resgate é concedido, vai instalar impostos futuros para melhorar o setor bancário e isso pode ser um risco muito maior. Até agora, as medidas na Zona do Euro tiveram efeito no curto prazo, mas cada país tem uma demanda de ajuda diferente".
Vale lembrar que a Finlândia não tem enfrentado instabilidade financeira nos últimos anos.
Fonte: Brasil Econômico
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