Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Modelo de estímulo do governo favorece lobby


Crédito às famílias para o consumo em um momento de pleno emprego no país irá acarretar em inflação e numa provável bolha de crédito, diz economista do Instituo Millenium.

Os pacotes de estímulo que favorecem setores pontuais da economia brasileira não irão se refletir em uma retomada sustentável no nível da atividade doméstica, mas sim em um movimento de aproximação do empresariado ao governo a fim de buscar vantagens pontuais.

"O setor automotivo aprendeu a fazer lobby melhor, não carro melhor", afirma Rodrigo Constantino, economista do Instituo Millenium. "É mais confortável investir no lobby do que na produtividade".

Quando foi anunciado, no final de junho, o PAC Equipamentos, que prevê o desembolso de R$ 8,4 bilhões na compra de veículos e equipamentos, as ações da Marcopolo avançaram 6,2%, em um dia no qual o Ibovespa recuou 1,3%.

O economista da Millenium, de postura bastante crítica à política econômica do governo, disse que o modelo de estimular o crédito no consumo das famílias, em um cenário de pleno emprego, dificilmente terá efeitos positivos na retomada da atividade.

Para ele, essa estratégia irá acabar tendo um impacto na formação dos preços, que devem aumentar, trazendo consigo uma alta nos níveis de inadimplência.

Além disso, essa política pode estar levando o país a uma bolha de crédito, ressalta o especialista.

A solução para o impasse econômico, diz Constantino, não é outra além da redução do custo Brasil. "Custa mais caro trazer um saco de soja do Mato Grosso para o porto, do que levar do porto para a China", exemplificou.

Essa queda que tem de ser feita no custo Brasil, por sua vez, não tem como acontecer se o governo reduzir drasticamente seus gastos, que consomem praticamente 40% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

De acordo com o especialista, a postura das autoridades brasileiras, em uma analogia, corresponde a uma cigarra que acredita em um verão eterno, que não se preocupa com a fatal chegada do inverno.

O verão a que se refere o economista decorre de fatores externos, como as taxas de juros dos países desenvolvidos próximas do zero, que chama a atenção do mercado para países emergentes como o Brasil, e o recente desempenho econômico chinês, que funcionou como um motor para evitar que a economia mundial caísse num poço ainda mais profundo nos últimos anos.

Entretanto, esses fatores obviamente não vão durar para sempre, e o país não fez a lição de casa, ao não realizar reformas estruturais em seu modelo de crescimento, para se preparar para o momento que não puder contar com essa colaboração externa, pontuou Constantino.

Citando uma ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o economista da Millenium diz que um grave problema do governo brasileiro é considerar surtos favoráveis como tendências duradouras.

Outra crítica do economista, de perfil fortemente liberal, é em relação às políticas governamentais no campo ambiental, que estaria sofrendo com uma "herança maldita" da era Marina Silva.

Ele acredita que o excesso de regulamentação impede a melhora da produtividade nacional em nome da preservação ambiental, o que, segundo ele, é um grande erro e atrasa o desenvolvimento do país.

Fonte: Brasil Econômico

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