Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Seca nos EUA aumenta preços de milho e soja nos mercados mundiais


Um grupo de profissionais do setor agrícola marchava através de um milharal dizimado pela seca nesta cidade no centro produtivo dos Estados Unidos na segunda-feira, esmagando folhas e talos ressequidos pelo caminho.

A fazenda era uma das primeiras paradas em uma viagem de quatro dias pelos campos agrícolas do país. O evento anual, com a presença de dezenas de analistas e investidores de commodities, além de alguns agricultores, é usado para avaliar o estado da safra mais recente.

Este ano, não há muito que ver.

"Você não tem que ter medo de se perder neste campo", disse Marty Tegtmeier, um agricultor do Estado de Iowa que se integrou à turnê, enquanto observava a paisagem.

Embora a pior seca em décadas venha golpeando grande parte do cinturão agrícola americano durante meses, muitos na turnê disseram que foram surpreendidos pelo péssimo estado das culturas. A notícia triste tem sido relatada aos operadores e investidores de commodities em Chicago via celular e até Twitter — provocando saltos nos preços do milho e da soja.

Na terça-feira, o preço do contrato para entrega em setembro do milho fechou com um recorde de 831,25 centavos de dólar por bushel e o da soja ficou perto de um recorde, a 1.753,50 centavos por bushel, na Bolsa de Chicago. Ontem, ambos recuaram um pouco. O milho fechou a 830,2 centavos e a soja, a 1.748 centavos.

Além de Wausa, Estado de Nebraska, a turnê, organizada pela firma de consultoria Pro Farmer, visitará lavouras em sete Estados.

Alguns campos irrigados pareciam imunes à seca, com rendimentos estimados em 250 bushels por acre em partes de Nebraska. O grupo também espera encontrar lavouras saudáveis em partes de Minnesota no último dia da turnê.

Mas os observadores tiveram dificuldades para encontrar campos de milho que ainda não tivessem sido transformados em alimento de gado no sudeste de Dakota do Sul e no nordeste de Nebraska, um sinal de que os agricultores tinham desistido de uma cultura que não iria produzir nenhum grão.

Em uma fazenda no leste do Illinois na terça-feira, Brian Grete, analista da Pro Farmer, disse que podia colocar sua mão inteira numa rachadura no solo que se formou devido à grave seca — antes de chuvas recentes tornarem o solo pegajoso. "É quase como esfregar sal na ferida o fato de que as chuvas vieram tarde demais para esta área", disse ele.

Nos campos em que ainda havia pés de milho, muitas vezes as plantas não tinham nenhuma espiga.

Apesar de a terra irrigada mostrar mais potencial, os observadores disseram que alguns desses campos também estavam sem brilho, notando que o calor extremo tinha parcialmente eliminado os benefícios da irrigação.

"Foi difícil [para a irrigação] manter o ritmo este ano", disse Jeff Mueller, um agrônomo da DuPont Pioneer, o braço agrícola da DuPont Co.

A turnê vai terminar hoje em Owatonna, no Estado de Minnesota. Amanhã, a Pro Farmer vai lançar sua previsão para o rendimento médio do milho e da soja dos EUA na atual safra, com base, em parte, nos resultados das visitas.

Leituras iniciais em Dakota do Sul e em Ohio têm sido decepcionantes. Os organizadores das visitas relataram na segunda-feira um rendimento médio estimado das lavouras de milho em Ohio de 110,5 bushels por acre, uma queda de 29% em comparação com o ano passado. As previsões de soja ficaram em uma média de 1.033,7 vagens numa área de menos de um metro quadrado, 17,5% menos que no ano passado.

Em Dakota do Sul, os observadores esperam um rendimento médio 47% menor que o do ano passado, tanto para a soja quanto para o milho.

As estimativas do grupo para a produção de milho e soja em Ohio e Dakota do Sul são substancialmente inferiores às feitas pelo Departamento de Agricultura dos EUA no início deste mês, disse o diretor da turnê, Chip Flory.

De volta a Chicago, operadores e analistas disseram que estão monitorando o Twitter ou telefonando para amigos e colegas no grupo de observadores para coletar as últimas informações.

Fonte: The Wall Street Journal

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