Frágil situação do continente europeu afeta a demanda por produtos do país asiático, que já não responde com a mesma eficiência aos estímulos governamentais.
O crescimento chinês, que nos últimos anos serviu como um motor que impediu às economias mundiais cair num poço ainda mais profundo, não pode novamente ser visto pelos mercados, principalmente os que tem forte relação comercial com o gigante asiático, a exemplo do Brasil, como um propulsor para sua recuperação.
"A China não poderá exercer nesse momento o mesmo papel que exerceu na crise precedente", afirmou Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, durante palestra sobre os rumos da economia mundial realizada no Insper.
Os reflexos do que ocorre com a China afetam a economia brasileira de maneira mais incisiva do que os efeitos do desenrolar da crise europeia. "No entanto, a China é muito mais sensível à Europa do que aos Estados Unidos", pondera Barros.
A economia americana, segundo o especialista, tem capacidade para responder de maneira mais efetiva a novos estímulos do que o continente europeu, que precisa adequar uma política econômica para diversas nações com necessidades diferentes.
Após as últimas divulgações de dados da atividade e inflação no país asiático, aumentaram os debates sobre novas intervenções do governo chinês para reaquecer a economia, através de cortes adicionais em sua taxa de juros.
"Há uma desaceleração importante na China. O efeito marginal dos estímulos é cada vez mais modesto", pontuou o economista-chefe do Bradesco.
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 7,6% no segundo trimestre de 2012, ante uma taxa de 8,1% no período anterior, e registrou sua menor elevação desde o primeiro trimestre de 2009.
Além da questão chinesa, a Argentina, outro importante parceiro comercial do país, encontra-se mais uma vez em dificuldade, o que a levou a adotar medidas protecionistas que também prejudicam a recuperação brasileira por meio de suas exportações, ressaltou Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, diretor de política econômica do Banco Central (BC), que também esteve presente no evento.
"O ambiente externo aponta para uma repetição do que se viu no passado recente", disse o diretor da autoridade monetária, lembrando que o nível da taxa de juros nos Estados Unidos pode seguir em níveis irrisórios até o fim de 2014, de acordo com as últimas sinalizações do Fed.
Os quatro pilares no qual a economia doméstica apoiou sua expansão nos últimos anos -
crescimento do crédito em taxas próximas de 20%, inclusão de 50 milhões de brasileiros na classe C, taxa de câmbio apreciada, e forte gasto público - se mostram desgastados, e necessitam de renovação, falou Barros, do Bradesco.
"Não há uma exaustão completa desse modelo, mas novos driver são necessários", pontuou o economista.
Investimentos e ganhos de produtividade foram citados pelo especialista como pontos fundamentais que devem ter a atenção do governo no curto e médio prazo.
Para o especialista da instituição financeira, um dos motivos que está levando os economistas a revisar suas estimativas para o crescimento do PIB brasileiro neste ano foi ter superestimado o patamar dos investimentos públicos em 2012.
"A crise no sistema de transportes com o Dnit contaminou mais do que imaginávamos".
Fonte: Brasil Econômico
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