Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Modelo de estímulo do governo favorece lobby


Crédito às famílias para o consumo em um momento de pleno emprego no país irá acarretar em inflação e numa provável bolha de crédito, diz economista do Instituo Millenium.

Os pacotes de estímulo que favorecem setores pontuais da economia brasileira não irão se refletir em uma retomada sustentável no nível da atividade doméstica, mas sim em um movimento de aproximação do empresariado ao governo a fim de buscar vantagens pontuais.

"O setor automotivo aprendeu a fazer lobby melhor, não carro melhor", afirma Rodrigo Constantino, economista do Instituo Millenium. "É mais confortável investir no lobby do que na produtividade".

Quando foi anunciado, no final de junho, o PAC Equipamentos, que prevê o desembolso de R$ 8,4 bilhões na compra de veículos e equipamentos, as ações da Marcopolo avançaram 6,2%, em um dia no qual o Ibovespa recuou 1,3%.

O economista da Millenium, de postura bastante crítica à política econômica do governo, disse que o modelo de estimular o crédito no consumo das famílias, em um cenário de pleno emprego, dificilmente terá efeitos positivos na retomada da atividade.

Para ele, essa estratégia irá acabar tendo um impacto na formação dos preços, que devem aumentar, trazendo consigo uma alta nos níveis de inadimplência.

Além disso, essa política pode estar levando o país a uma bolha de crédito, ressalta o especialista.

A solução para o impasse econômico, diz Constantino, não é outra além da redução do custo Brasil. "Custa mais caro trazer um saco de soja do Mato Grosso para o porto, do que levar do porto para a China", exemplificou.

Essa queda que tem de ser feita no custo Brasil, por sua vez, não tem como acontecer se o governo reduzir drasticamente seus gastos, que consomem praticamente 40% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

De acordo com o especialista, a postura das autoridades brasileiras, em uma analogia, corresponde a uma cigarra que acredita em um verão eterno, que não se preocupa com a fatal chegada do inverno.

O verão a que se refere o economista decorre de fatores externos, como as taxas de juros dos países desenvolvidos próximas do zero, que chama a atenção do mercado para países emergentes como o Brasil, e o recente desempenho econômico chinês, que funcionou como um motor para evitar que a economia mundial caísse num poço ainda mais profundo nos últimos anos.

Entretanto, esses fatores obviamente não vão durar para sempre, e o país não fez a lição de casa, ao não realizar reformas estruturais em seu modelo de crescimento, para se preparar para o momento que não puder contar com essa colaboração externa, pontuou Constantino.

Citando uma ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o economista da Millenium diz que um grave problema do governo brasileiro é considerar surtos favoráveis como tendências duradouras.

Outra crítica do economista, de perfil fortemente liberal, é em relação às políticas governamentais no campo ambiental, que estaria sofrendo com uma "herança maldita" da era Marina Silva.

Ele acredita que o excesso de regulamentação impede a melhora da produtividade nacional em nome da preservação ambiental, o que, segundo ele, é um grande erro e atrasa o desenvolvimento do país.

Fonte: Brasil Econômico

Indústria cai e agropecuária cresce no segundo trimestre


Rio de Janeiro - O crescimento de 0,4% no Produto Interno Bruto (PIB) do país no segundo trimestre do ano é o menor desde o terceiro trimestre de 2009, quando a taxa foi negativa em 1,5%. O crescimento acumulado de  0,6% do PIB no primeiro semestre é também o menor desde o segundo semestre de 2009.

O desempenho do PIB no segundo trimestre de 2012 foi fortemente influenciado pelo setor agropecuário, que teve crescimento de 4,9% em valor adicionado, compensando, em parte, a queda de 2,5% registrada na indústria. O setor de serviços ajudou, com a expansão de 0,7%.

Na comparação do trimestre atual com o anterior, no setor de serviços – o que mais cresceu – destaca-se a expansão das atividades de intermediação financeira e seguros (1,8%), dos serviços de informação (1,0%), de administração, saúde e educação pública (0,8%) e outros (0,8%). O item atividades imobiliárias e aluguel apresentou variação positiva de 0,4%, enquanto o comércio (-0,1%) manteve-se praticamente estável em relação ao trimestre anterior. Por fim, o item transporte, armazenagem e correio registrou queda de 1,2%.

Na indústria (-2,5%), três das quatro atividades tiveram taxas de variação negativas. O destaque é a queda de 2,5% observada na indústria de transformação, seguida pela extrativa mineral (-2,3%) e pela construção civil (-0,7%). Em eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, houve crescimento de 1,6%.

Pela ótica do gasto, a despesa de consumo da administração pública e a despesa de consumo das famílias cresceram, respectivamente, 1,1% e 0,6% no segundo trimestre de 2012. O outro componente da demanda interna, a formação bruta de capital fixo, teve queda de 0,7%.

A relação com o setor externo indica que as importações de bens e serviços cresceram 1,9%, enquanto as exportações tiveram queda de 3,9%.

Fonte: Agência Brasil

Dados do IBGE apontam que população do país cresce rumo ao interior


O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feira os dados de população dos municípios brasileiros --em relação à última medição, em 2010, o Brasil ganhou 3.191.087 novos habitantes, passando a uma população total estimada em 193.946.886 pessoas na data de referência, 1º de julho de 2012.

Os dados mostram que as cidades que mais cresceram no período das três últimas medições (2000-2012) foram aquelas com população entre 100 mil e 500 mil habitantes. Segundo o instituto, esse dado revela "que o dinamismo populacional do Brasil continua seguindo novas rotas, particularmente rumo ao interior".

Não houve mudança na lista dos 15 municípios mais populosos em relação a 2010 --juntos, eles somam 40,75 milhões de habitantes (21,02% da população do país). As maiores cidades são São Paulo (11,37 milhões de habitantes), Rio (6,39 milhões), Salvador (2,71 milhões), Brasília (2,64 milhões) e Fortaleza (2,5 milhões). Juntos, eles somam 40,75 milhões de habitantes, representando 21,02% da população.

Quando consideradas as regiões metropolitanas, São Paulo mantém-se líder (19,95 milhões de habitantes), seguida do Rio (11,84 milhões), mas Belo Horizonte, com 5,5 milhões de pessoas na região metropolitana, e Porto Alegre (3,99 milhões) assumem as posições seguintes.

Excluindo as capitais, os municípios mais populosos são Guarulhos (1,24 milhão), Campinas (1,09 milhão), São Gonçalo (1,01 milhão), Duque de Caxias (867,06 mil), Nova Iguaçu (801,74 mil) e São Bernardo do Campo (774,88 mil). Com exceção das capitais, os 15 municípios mais populosos somam 11,47 milhões de habitantes, representando 5,92% do total da população do Brasil em 2012.

Já os municípios com população abaixo de 100 mil pessoas tiveram baixas taxas de crescimento -- muitos deles próximos de zero. Borá (SP) e Serra da Saudade (MG), com 807 habitantes cada uma, são as cidades menos habitadas do país, e as duas únicas que possuem menos de mil moradores.

As estimativas populacionais são um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União na distribuição do dinheiro do Fundo de Participação de Estados e Municípios.

ESTADOS

São Paulo continua sendo o Estado mais populoso, com 41,9 milhões de habitantes (21,6% da população brasileira), seguida por Minas Gerais, com 19,85 milhões (10,23%), e Rio de Janeiro, com 16,23 milhões (8,36%). O Estado de Roraima é o menos populoso, com 469,52 mil habitantes (0,24%), seguido do Amapá, com 698,60 mil (0,36%), e Acre, com 758,78 mil (0,39%).

Fonte: Folha de São Paulo

PIB do Brasil fica abaixo de México e Chile; veja outros países


Com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,4% no segundo trimestre na comparação com o primeiro trimestre, a economia brasileira registrou desempenho inferior a de países como o México (0,9%) e o Chile (1,6%). Potências como a China e os Estados Unidos, tiveram expansões de 7,6% e 1,7%, respectivamente.
Outras economias robustas patinam atreladas à estagnação na Europa. A Alemanha cresceu 0,3% e a França ficou com taxa zero no mesmo período, enquanto o Reino Unido recuou 0,5%.

A zona do euro busca maneiras de estimular o crescimento econômico em uma região cujas suas principais economias estão estagnadas. Na semana passada, foi divulgado que o PIB da região ficou inalterado no primeiro trimestre do ano na comparação trimestral e contraiu 0,2% no segundo.
Países importantes para a economia mundial registraram recuo na atividade, o que leva à expectativa de que o mundo demore ainda a se recuperar da crise mundial. No segundo trimestre, o PIB da Espanha teve queda de 0,4%, resultado melhor do que Itália (-0,7%) e Portugal (-1,2%).


EVIDÊNCIAS
Evidências de uma forte desaceleração da economia afetam ainda o emprego na região, cujo índice de desocupação que atingiu nova máxima, de 11,3%, em julho.
A recessão europeia, refletida na queda da demanda da região que é o maior mercado de exportação da China, colocou a economia chinesa sob pressão, com os problemas agora sendo sentidos pelo leste asiático.
Por outro lado, a China vive uma desaceleração e para combatê-la o governo chinês vem tentando estimular a economia por meio de várias medidas, entre elas, dois cortes na taxa básica de juros e aumento dos gastos.
Apesar das medidas, os números da economia chinesa voltaram a decepcionar em julho, principalmente a produção industrial e a balança comercial. A meta oficial de avanço do PIB para este ano é de ao menos 7,5%. No segundo trimestre deste ano, o PIB cresceu 7,6%, o pior resultado em três anos.
Mas a China se mostra relutante em apresentar um pacote de estímulo massivo como fez em 2008. Em vez disso, optou por abrir mais setores ao capital privado para ajudar a financiar novos projetos de investimento.
Os Estados Unidos já conseguem vislumbrar uma melhora econômica, mas ainda dependente de medidas de estímulos, como a injeção de dinheiro na economia. Por outro lado, a economia já conseguiu sair do pior da crise e diminuir taxas de desemprego.
Embora a composição da atividade econômica seja favorável, o crescimento continua bem abaixo da taxa de 2% a 2,5% exigida em todo trimestre para deixar a taxa de desemprego estável.

BRASIL
Diante das medidas de estímulo do governo, o PIB esboçou uma leve reação e cresceu 0,4% no segundo trimestre na comparação livre de influências sazonais com o primeiro trimestre.
Nos primeiros seis meses do ano, a economia se expandiu 0,6% ante o mesmo período de 2011. Em valores, o PIB somou R$ 1,1 trilhão no segundo trimestre. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira.
O crescimento da economia do primeiro para o segundo trimestre, ainda que não tenha sido expressivo, é o mais vigoroso desde o segundo trimestre de 2011, quando a expansão havia sido de 0,6%.
Já a taxa semestral registrou seu menor patamar desde o primeiro semestre de 2009. Naquele período, o PIB caiu 2,6%, também sob efeito da crise detonada no final de 2008.
O resultado entre abril e junho ficou próximo ao previsto pelo mercado, cujas expectativas apontavam para uma expansão de cerca de 0,5%. No primeiro trimestre do ano, a expansão tinha sido de 0,2% ante o período anterior, número que foi revisado pelo IBGE para 0,1%.

SETORES
A indústria caiu 2,5% de abril a junho ante o primeiro trimestre, já o setor de serviços, o de maior peso, avançou 0,7% na mesma base de comparação. A agropecuária registrou expansão de 4,9% do primeiro para o segundo trimestre.
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias, item mais importante nessa leitura, subiu 0,6% na comparação com o primeiro trimestre. O investimento, por seu turno, caiu 0,7%. O consumo do governo avançou 1,1%.
Já as exportações caíram 3,9%, enquanto as importações (que são descontadas do cálculo do PIB, por refletiram uma produção realizada fora do país) cresceram 1,9%.

MESMO PERÍODO DE 2011
Em relação ao segundo trimestre de 2011, o PIB cresceu 0,5%, num ritmo menos intenso em razão da crise externa e do seu contágio na economia do país. Na mesma base de comparação, o primeiro trimestre havia registrado expansão de 0,8%.
Foi a menor marca desde o terceiro trimestre de 2009, quando a economia do país havia se retraído 1,5% ainda no embalo da crise inciada no fim de 2008.
O resultado reflete a queda de 2,4% da indústria, a expansão de 1,5% dos serviços e da alta de 1,7% da agropecuária. No que tange aos dados da demanda, o consumo das famílias teve alta de 2,4%. Já o investimento caiu 3,7%.
Já no indicador acumulado nos últimos 12 meses (quatro trimestres), os dados do IBGE mostram um crescimento de 1,2% da economia brasileira. O indicador mostra o quanto o PIB teria crescido se o ano se encerrasse em junho.

Fonte: Folha de São Paulo


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Inadimplência no Brasil ainda vai piorar, diz especialista


“O cenário vai se agravar, mas não será desesperador porque os bancos possuem forte análise de risco", afirma Ricardo Torres, professor e diretor da Norfolk Advisors.

Contrariando a estimativa do próprio Banco Central (BC), de que a inadimplência no país irá diminuir neste segundo semestre, o número de brasileiros inadimplentes, divulgado nesta quinta-feira (30/8) pela instituição, aumentou em julho, atingindo 7,9%.

“A situação está mais grave do que o Banco Central observa porque muitas empresas estão realizando corte de funcionários”, aponta Ricardo Torres, professor e diretor da Norfolk Advisors.

Na opinião dele, a inadimplência no Brasil vai continuar subindo, pois a única razão de queda seria a utilização do 13º salário antecipado para quitar dívidas, mas no momento isso não está acontecendo.

“O cenário vai se agravar, mas não será desesperador porque os bancos possuem forte análise de risco. Muita parte da renda das famílias está comprometida, uma vez que compraram imóveis e carros”, completa.

Por sua vez, a equipe de análise da LCA Consultoria vê que as taxas de juros deram sinais de estabilização, indicando interrupção do movimento de queda dos spreads bancários, conforme esperado. Contudo, a inadimplência estacionou em elevado patamar, frustrando novamente a expectativa de recuo.

A manutenção da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciado na quarta-feira (29/8), pode ser uma das razões para o aumento da inadimplência.

“Sou contra o corte no IPI porque ele atinge setores específicos. No caso dos automóveis, não houve melhora na economia, apenas nos estoques das montadoras, que também não contrataram mais funcionários”, aponta.

Torres complementa ainda que o ideal seria a redução de encargos sociais sobre os salários para que as empresas possam contratar mais e, em seguida, diminuir os impostos.

“O dinheiro dos impostos que tinha que ficar com a economia não fica, vai todo para o governo. O Brasil está ficando caro a ponto de ser impossível viver aqui. É hora de estruturar e setor fiscal, se não teremos que pegar no tranco”.

O cenário internacional também pode penalizar mais a economia brasileira. Caso a situação na Europa, que é a maior importadora do Brasil, se agrave, as indústrias vão sentir o peso, aumentando as demissões.

No entanto, apesar das incertezas, a LCA acredita que “a taxa inadimplência de pessoas físicas irá recuar moderadamente no restante do ano, se aproximando gradualmente da média histórica de 7%”.

Fonte: Brasil Econômico

Brasil é menos afetado pela crise externa, diz Mantega



Ele afirmou ainda que, mesmo com a queda nos juros bancários, as taxas cobradas dos consumidores têm espaço para cair mais.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que, apesar dos problemas externos, o Brasil ainda é um dos países menos afetados pela crise, pois depende menos dos mercados externos comparativamente a outros países emergentes.

"A economia brasileira começa a se aquecer, e uma aceleração gradual pode ser vista no crescimento do PIB trimestral", afirmou.

O ministro reiterou que o País chegará ao fim deste ano com crescimento anualizado de 4%.

"Será um bom desempenho, que se deve às medidas que temos tomado", disse. Mantega citou a taxa básica de juros, que foi reduzida para 7,5% ao ano na reunião de quarta-feira do Conselho de Política Monetária (Copom).

"É um patamar histórico", afirmou. "Hoje estamos com juros 5 pontos porcentuais abaixo do que estávamos há um ano", disse. "Os juros reais estão vindo para baixo de 2%, como a presidente pediu."

Segundo o ministro, trata-se de uma mudança estrutural profunda na economia brasileira e que vai privilegiar a produção, em detrimento das aplicações financeiras. "Isso significa que a dívida pública vai decrescer e o mercado corporativo vai crescer."

Mantega disse ainda que os spreads - diferença entre a taxa de captação dos bancos e as taxas cobradas dos consumidores - estão caindo, mas que os juros dos bancos brasileiros ainda não são adequados.

"Infelizmente, não chegamos no patamar de spreads adequado à economia brasileira, mas a boa notícia é que temos lastro para gastar. Podemos reduzir o spread causando efeitos positivos", afirmou.

O ministro destacou o papel dos bancos públicos, que têm liderado o processo de liberação de crédito e de redução dos juros. "Esperamos que os bancos privados sigam essa trajetória."

Mantega participa da 39ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado Conselhão, nesta quinta-feira, em Brasília.

BNDES

O ministro disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai continuar liberando grandes volumes de crédito, conforme anunciado na quarta-feira (29/8) pelo governo na renovação e ampliação de medidas de estímulo à economia.

O ministro disse que parte da inadimplência no País é causada pela restrição de crédito imposta pelos bancos, mas ponderou que ela está caindo.

"A queda da Selic para patamares quase civilizados vai estimular o mercado de dívida privada", afirmou, citando que, nos últimos anos, esse mercado ficou "atrofiado". "No Brasil, os títulos privados corporativos representam apenas 0,4% do PIB."

O ministro afimrou ainda que a nova política cambial também é importante nesse processo.

"O câmbio estava valorizado e praticamos uma política de desvalorização para tornar o real mais competitivo", afirmou. "Já são quatro meses com dólar acima de R$ 2, uma situação que vai se consolidando."

Mantega disse que os concorrentes do País têm manipulado o câmbio para baratear seus produtos em até 40%.

"Não por produtividade ou competência, mas situação cambial", afirmou.

"Continuaremos trabalhando na direção de termos um real desvalorizado para dar competitividade às nossas empresas." Ele declarou que o déficit nominal do Brasil continuará caindo com a ajuda da taxa de juros, enquanto em outros países a situação é de piora.

Fonte: Brasil Econômico

BC faz nova redução de juros, para 7,5% ao ano, menor patamar da história


Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira, pela nona vez consecutiva, a taxa básica de juros, a Selic, de 8% para 7,5% ao ano, o menor patamar da série histórica iniciada em 1996.
O recorde anterior havia sido alcançado em julho deste ano, quando a taxa registrou queda de 0,5 ponto percentual, passando de 8,5% para 8%.

"Considerando os efeitos cumulativos e defasados das ações de política implementadas até o momento, que em parte se refletem na recuperação em curso da atividade econômica, o Copom entende que, se o cenário prospectivo vier a comportar um ajuste adicional nas condições monetárias, esse movimento deverá ser conduzido com máxima parcimônia", informou o comunicado do BC.
O corte de 0,5 ponto percentual na Selic já era dado como certo por grande parte do mercado financeiro.
Com a manutenção da trajetória descendente dos juros, o governo espera baratear a tomada de crédito e, assim, retomar a atividade econômica, em queda, entre outros fatores, pelo mau desempenho da indústria e o agravamento da crise internacional.
O ciclo de redução dos juros começou em agosto do ano passado. Na ocasião, a taxa era de 12,5% ao ano.

Poupança

Com a nova queda da Selic, muda, novamente, o cálculo do rendimento da poupança, exclusivamente para aplicações feitas a partir de 4 de maio, quando o governo decidiu alterar as regras da caderneta para permitir a continuidade da queda da taxa de juros.

Pelas regras anunciadas naquela ocasião, com a Selic igual ou inferior a 8,5% ao ano, o poupador será remunerado pela Taxa Referencial (TR) acrescida de 70% da Selic.
Neste caso, com a taxa a 7,5% ao ano, a remuneração da poupança será calculada pela TR acrescida de 5,25% ao ano.
Com os juros mais baixos, o governo espera dar novo fôlego à retomada da economia, incentivando, por exemplo, o consumo da população e a compra de bens pela indústria.
Analistas acreditam, entretanto, que, mesmo com a nova queda da Selic, dificilmente o crescimento da economia brasileira alcançará a meta oficial do governo, de 3%, que, por sua vez, previa uma alta de 4,5% do PIB no início deste ano.
Segundo o boletim Focus divulgado pelo BC na última segunda-feira, os agentes do mercado financeiro voltaram a revisar para baixo a projeção de crescimento da economia em 2012, de 1,75% para 1,73%.

Inflação

A previsão é de que a Selic termine o ano em 7,25%.
Isso porque, apesar de a economia ainda não ter dado sinais fortes de retomada, o governo espera que as medidas de estímulo fiscal (através das desonerações feitas a indústria) e monetário (por meio da queda da Selic) impactem o resultado do PIB do 3º trimestre deste ano, que, segundo estimativas, deve registrar alta de 1% na comparação trimestral, puxando, assim, para cima o crescimento anual.
Além disso, a inflação já dá sinais de que vem ganhando força, apesar de, por enquanto, não ser motivo de grande preocupação. Nos últimos doze meses terminados em julho, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), situou-se em 5,20%, contra 4,92% do período imediatamente anterior.
Na última segunda-feira, o mercado subiu pela sétima vez consecutiva a projeção para o IPCA de 2012, de 5,15% para 5,19%.

Fonte: BBC Brasil


Mais liquidez não é solução eficiente para Europa


Mercado espera que Banco Central Europeu anuncie novos empréstimos para países como Espanha e Itália, porém problema é a insolvência e não a falta de liquidez.

A comoção do mercado em torno de novos empréstimos aos países em crise na Europa pode ser gratuita, baseada apenas em "tapa-buracos", se o problema for considerado em suas bases.

A uma semana da reunião do Banco Central Europeu (BCE) que pode decidir o destino de países como Espanha e Itália, Patrick Artus, do banco francês Natixis, afirma que novos financiamentos do BCE ou do Fundo Europeu para Estabilidade Financeira somente fazem sentido se as nações estiverem enfrentando crises de liquidez, o que não acontece.

Ao examinar os casos dos países em crise, Artus conclui que Grécia, Portugal e Espanha estão insolventes tanto do ponto de vista fiscal quanto externo, enquanto a Itália irá assegurar sua solvência fiscal em 2013 e não está longe de assegurar sua solvência externa. "Assim, apenas empréstimos para a Itália fazem sentido", disse, em relatório.

Um país com problemas de liquidez não consegue tomar empréstimos para financiar seu déficit externo ou fiscal, pois os investidores se recusam a financiá-lo. Já um país insolvente não consegue pagar suas dívidas e, portanto, os investidores deixam de emprestar.

Embora em ambos os casos a consequência seja a mesma, a causa e, portanto, o remédio são diversos. "Quando um país enfrenta uma crise de solvência, não há motivo para emprestar mais para ele, pois ele não pode repagar suas dívidas", explica Artus.

Soluções necessárias

Nesse caso, a solução mais razoável seria uma renegociação das dívidas desses países, a exemplo do que é feito com o Clube de Paris, "um grupo informal de credores oficiais cujo objetivo é encontrar soluções coordenadas e sustentáveis para as dificuldades de pagamento experimentadas pelos países devedores".

Assim, uma monetização da dívida não teria tanto impacto. "Não soluciona o problema, apenas tapa o buraco, que vai continuar a crescer. Daí a discussão da unificação fiscal, que poderia equacionar o aumento desse buraco", explica Otto Nogami, professor de economia do Insper.

O problema é que os países já não têm autonomia na política monetária e poderiam perder a política fiscal como instrumento. Isso pode levar os governos a perderem a soberania.

Para o professor, a crise é mesmo de solvência e ainda que mais medidas sejam anunciadas na próxima semana, uma solução real não será conquistada, pois há entraves políticos para isso.

"Esse não é um problema recente, ele está se desenrolando nos últimos meses. E as autoridades ficam na retórica, no discurso, e não estão preocupadas em buscar solução efetiva", diz.

Fonte: Brasil Econômico

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dieese e Fundação Seade mostram que setor de serviços foi o que mais empregou em julho


São Paulo – O setor de serviços foi o que mais criou postos de trabalho no mês de julho, com 172 mil novas vagas, em seis regiões metropolitanas e no Distrito Federal, apontou levantamento divulgado hoje (29) pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
De acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), as vagas no setor representam aumento de 1,5% na comparação com junho.
As ocupações no setor de construção também tiveram um leve incremento, de 0,2%, em relação a junho, com 3 mil novas vagas. Os demais setores, por sua vez, tiveram decréscimo em julho: indústria de transformação (-1,3%) e comércio e reparação de veículos (-0,5%), com menos 39 mil e 17 mil postos de trabalho, respectivamente. “Em termos anuais, no entanto, o melhor resultado fica para a construção, com 119 mil novas vagas, que representam 8% de aumento”, explicou a técnica do Dieese Ana Maria Belavenuto.
Ana Maria Belavenuto avalia que o setor industrial poderá retomar a atividade neste segundo semestre, o que teria impacto também na geração de postos de trabalho. “Alguns indicadores apontam para essa retomada, tanto em termos da expectativa dos empresários, quanto da própria dinâmica econômica, quando começam a chegar encomendas”, estimou.
Em relação ao rendimento médio real dos ocupados, houve aumento de 1,4% na região metropolitana de Fortaleza, passando a valer R$ 997. “Essa região, apesar de possuir o menor rendimento médio, vem crescendo continuamente”, analisa a técnica. Também houve acréscimo de 1,2% nesse quesito, em Salvador (R$ 1.030), e de 2,5%, em São Paulo (R$ 1.658).
Foram registradas reduções em Belo Horizonte (-1,5%, com renda média de R$ 1.359), Distrito Federal (-2,2%, com renda de R$ 2.192) e Porto Alegre (-1,4%, com rendimento médio de R$ 1.536). Recife manteve-se estável com renda média de R$ 1.092.
A PED mostra, ainda, que a taxa geral de desempregados permanece estável pelo quarto mês consecutivo, em 10,7%. A estimativa é que o total de desocupados alcance 2,419 milhões trabalhadores. “Essa estabilidade é fruto, certamente, da conjuntura de incertezas da economia, tanto a doméstica, quanto a internacional”, analisou o economista do Seade Alexandre Loloian, coordenador de Análise da pesquisa.
Assim como o Dieese e a Fundação Seade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga levantamento mensal sobre o desemprego no país. No entanto, as taxas apresentadas nas duas pesquisas costumam ser diferentes, devido aos conceitos e metodologia usados.
Entre as diferenças está o conjunto de regiões pesquisadas. O Dieese e a Fundação Seade não calculam o número de desempregados da região metropolitana do Rio de Janeiro. E, na pesquisa do IBGE, não estão incluídas as regiões metropolitanas de Fortaleza e do Distrito Federal.
Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Indústria aposta em máquinas para impulsionar produção


Objetivo é reverter a trajetória negativa do setor, que, no ano, acumula queda de 12,5%, segundo o IBGE.

A economia brasileira ainda dá sinais conflitantes para o curto e médio prazos. Enquanto os investimentos em bens de capital apontam tendência de crescimento, a indústria de construção começa a perder fôlego e a arrecadação de impostos do governo federal está em queda, por conta das desonerações fiscais, que deveriam ser compensadas pela expansão econômica - o que ainda não ocorreu.

A produção de máquinas e equipamentos deve ganhar tração neste semestre e reverter a trajetória negativa que vem amargando há meses. No acumulado do ano, a queda chegou a 12,5%, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Conseguimos atenuar os impactos mais intensos da crise, mas não há como ficar imune a ela. Isso costuma bater mais forte no investimento", disse Enrico Bezerra Vasconcelos, coordenador-geral de Modelagem Econômica da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda.

Mas, segundo ele, o IBGE deve divulgar no final desta semana dados pouco mais favoráveis relativos à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que engloba bens de capital e construção civil.

"Houve recuperação da produção de máquinas entre maio e junho, de 1,4%, e isso deve melhorar ainda mais", disse, acrescentando que, na indústria de construção civil está havendo um ajuste nos estoques e, em breve, a retomada de lançamentos de imóveis dará um novo estímulo ao setor.

A equipe econômica tem um olhar atento à evolução dos bens de capital, pois é o tipo de investimento que vira capacidade instalada de forma quase imediata, e, assim, reduz os riscos de a indústria não ter condições de atender à demanda e encontrar brechas para reajustar os preços.

Principalmente agora que o governo projeta um reaquecimento do consumo das famílias nos próximos meses.

Vasconcelos lembra que, no final do ano passado, o comprometimento da renda dos consumidores com dívidas chegou ao pico - o que ajudou a frear o crescimento econômico e boa parte dos investimentos.

"Mas o movimento de ajuste vem ocorrendo. Esperamos que a capacidade de tomar crédito esteja maior no decorrer do segundo semestre e melhor ainda ao final do ano", disse, assegurando que essa melhora da situação está sendo vista pelos empresários.

E, mesmo em um cenário internacional que ainda deve ficar conturbado por algum tempo, o coordenador diz acreditar no retorno da confiança tanto das famílias, que voltarão às compras, quanto de empresários que vão desentocar seus investimentos.

"As boas notícias não virão de fora, mas daqui", ressalta, apostando que o programa de concessões de rodovias e ferrovias anunciado há duas semanas animou bastante os investidores.

Para ele, as obras que serão passadas à iniciativa privada vão impulsionar principalmente o setor de equipamentos de transporte, que representa 36,2% do conjunto da produção de bens de capital.

"Vai dar um baque maior, uma puxada muito forte", garante, lembrando que o câmbio desvalorizado protege mais a indústria. Transporte é o segmento que vem apresentando as maiores baixas: na comparação de junho e a mesma etapa de 2011, houve queda de 21,2% e, no acumulado deste ano, de 11,4%.

Fonte: Brasil Econômico

Aposta por corte de 0,25 ponto nos juros ganha força


Ainda que a maioria dos analistas projete um corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, uma queda menor, de 0,25 ponto, surge como uma possibilidade entre algumas casas.
A recuperação da economia brasileira no segundo semestre e a deterioração das expectativas inflacionárias podem levar a autoridade a optar por um corte mais moderado, diz Alberto Ramos, analista do Goldman Sachs.
O comunicado que é divulgado junto à decisão do colegiado deve ser acompanhado de perto, pois nele a autoridade pode indicar, ou não, que está próxima de encerrar o ciclo de afrouxamento monetário, pontua o especialista da instituição financeira.
"O documento após a reunião de julho foi idêntico aos divulgados em abril e maio", recorda o analista do Goldman Sachs, em relatório.
"O Comitê nota que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionaria", disse a autoridade na ocasião. "Neste momento, os riscos para a perspectiva da inflação são limitados", ponderou o Copom.
Nesse comunicado, o BC não deu nenhum sinal de que se aproximava do fim do atual ciclo de corte nos juros, mas, pelo contrário, deu a entender ao mercado de que novos cortes ainda viriam a ser efetuados, diz Ramos.
Para o comunicado desta semana, o analista entende que uma alteração no comunicado do Copom pode ocorrer, tendo em vista as recentes declarações confiantes da autoridade, a respeito da tão aguardada retomada no nível da atividade nos próximos meses.
"Em nossa avaliação, o Copom pode decidir manter em aberto suas opções, para eventualmente estender o ciclo de flexibilização para além de agosto, mas novos cortes devem estar fortemente atrelados aos dados de inflação e de atividade", afirma o analista do banco.
Para a equipe de análise da LCA, a Selic deve encerrar agosto e 2012, em 7,5%.
"Não só contamos com queda menor do juro básico como não esperamos que o BC suba tão cedo a Selic, em 2013", comenta a consultoria.
A utilização de medidas macroprudenciais, que mostrou efeitos rápidos e eficazes, faz com que a diretoria do BC siga confiante em voltar a fazer uso dessas ferramentas, destaca a LCA.
No Focus desta segunda-feira, os economistas consultados pela autoridade reduziram sua estimativa para a Selic em 2013, de 8,38% para 8,25%.
Caso o fim do ciclo ocorra antes do que o mercado esperava, esse mesmo mercado tende a enxergar uma elevação também menor da Selic no ano que vem.
Juros futuros
Por conta dos indicadores divulgados nesta segunda-feira (27/8) trazerem dados que, em teoria, deveriam forçar uma abertura da curva de juros futuros da BM&FBovespa - Focus e IPC-Fipe - a alteração nas apostas do mercado, para um possível corte menor do que as expectativas, pode ser o motivo para a queda dos prêmios embutidos nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) que ocorre nesta sessão.
Mais negociado, com giro de R$ 26,229 bilhões, o contrato com vencimento em janeiro de 2013 recuava de 7,32% para 7,29%, enquanto o para janeiro de 2014 caía de 7,93% para 7,89%, com volume de R$ 13,649 bilhões.
Fonte: Brasil Econômico

domingo, 26 de agosto de 2012

Por que o Brasil não consegue se manter no topo?


Pessimismo recente sobre a economia brasileira mostra os desafios para crescimento de longo prazo; sem reformas, PIB potencial cai e país perde atratividade.

Há pouco mais de dois anos, o Brasil era a bola da vez, o Cristo Redentor decolava na capa da revista The Economist e o país crescia a taxas chinesas; hoje, ele não é mais o preferido nem mesmo dentre os mercados da América Latina, vide as inúmeras matérias na mídia internacional sobre o fenômeno mexicano.

A própria expectativa doméstica em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano é desanimadora. Com contínuos cortes, as projeções agora apontam uma alta de 1,75% que, se confirmada, será o segundo pior desempenho desde 2003 (+1,1%). A recessão de 2009 mantém-se como a pior performance, quando a economia contraiu 0,3%.

Mas, em que pesem os pontos negativos do Brasil, nem todos os economistas concordam com essa opinião. "Eu acredito que o pessimismo sobre o Brasil que atualmente está na moda é exagerado - assim como era o alvoroço em torno dele até muito recentemente", afirmou o diretor do Deutsche Bank, Markus Jaeger, em entrevista ao Brasil Econômico.

Segundo ele, o crescimento no curto prazo está sendo pressionado pelas fracas condições econômicas globais, pelo setor industrial baleado e uma ressaca temporária após a rápida expansão do crédito doméstico.

"É certo que a desaceleração também sugere que o modelo de crescimento adotado por Lula (alta nos preços das commodities, expansão fiscal) está chegando aos seus limites e aponta para a necessidade de implementar reformas estruturais para apoiar um crescimento a médio prazo de 4% ou mais", avaliou Jaeger.

O esgotamento desse modelo de crescimento foi notado por outros economistas, como Octavio de Barros e a equipe do banco BBVA. Assim, embora o pessimismo pareça exagerado, ele merece ser pensado à luz dos desafios de crescimento sustentado brasileiro.

E, dentre os diversos obstáculos, a questão da produtividade é sempre central nas discussões. Recentemente, o Santander reduziu o PIB potencial estimado para o Brasil para 3,2%. Em 2007, a taxa era de 4,7%.

"Isso se deu principalmente pela queda da produtividade na indústria", comenta a economista do banco, Fernanda Consorte. Ela também cita o problema dos salários, pois com o desemprego em mínimas históricas, as empresas devem elevar os salários mesmo em um ambiente com a demanda fraca.

"Para o curto prazo, a economia vai se recuperar, com base na ação rápida do Banco Central. Porém, para um crescimento de longo prazo há desafios", completa.

Produtividade, investimento, reformas

De acordo com Fernanda, a melhor resposta para elevar a produtividade e aumentar o PIB potencial seria incentivar os investimentos. O Brasil, diz a economista, está dando pequenos passos para melhorar isso, principalmente com o pacote de concessões anunciado na última semana.

A taxa de investimentos brasileira atualmente é menos de 20% do PIB nacional, enquanto em economias asiáticas que apresentam forte crescimento é de 30% e na China de mais de 40%. Além disso, a taxa de poupança também é baixa.

Para Jaeger, do Deutsche Bank, para elevar essas variáveis, o governo deve manter os superávits primários em níveis altos, limitar o crescimento dos gastos e reduzir a proporção dessas despesas em relação ao PIB. Isso ajudaria a reduzir ainda mais os juros, fomentar investimentos e melhorar a competitividade internacional.

Somando-se a isso, as menores taxas de juros, segundo o diretor do Deutsche Bank, sustentariam o desenvolvimento de um mercado de capitais de longo prazo, necessário para o desenvolvimento de uma infraestrutura financiada pelo setor privado.

"No curto prazo, a política fiscal pode fazer esse truque", disse. Mas no longo prazo, o governo terá que ajudar a elevar a poupança do setor privado através de uma reforma mais ampla da previdência social. As alterações na aposentadoria dos funcionários públicos são um primeiro passo.

"Naturalmente, a lista de reformas para incentivar o crescimento inclui muitas outras reformas, como trabalhista, tributária e fiscal, bem como a da educação, para citar apenas algumas - muitas dos quais parecem politicamente mais difíceis de serem concretizadas do que apenas manter um mix razoável de política macro com o objetivo de reduzir as taxas de juros e aumentar o investimento doméstico e produtividade".

Jaeger afirma que reformas econômicas amplas como as que são necessárias no Brasil têm um custo concentrado e benefícios dispersos, o que dificulta que elas sejam aceitas pelos segmentos mais afetados da população.

Além disso, aqui o sistema político é caracterizado por ter diversas instâncias de veto, o que torna mais difícil a implementação de reformas. "No Brasil, onde o governo tem que cuidadosamente construir e manter coalizões no congresso, é politicamente mais difícil realizar reformas do que em sistemas parlamentares como Westminster", explica o economista.

Menos pessimismo

No entanto, nem tudo está perdido. Markus Jaeger acredita que é injusto dizer que o Brasil não tem feito progressos nos últimos anos. O país, segundo ele, tem um posição fiscal externa forte, a dívida pública está caindo constantemente e o sistema bancário é sólido.

Para que o país cresça de 3,5% a 4% ao ano no futuro próximo, a chave é remover os gargalos de infraestrutura, o que o governo tem procurado fazer. Mas, ao invés de prestar tanta atenção na demanda, as medidas agora deveriam se voltar mais para o lado da oferta, disse Jaeger, citando a elevação da produtividade para aumentar a competitividade do Brasil.

Fonte: Brasil Econômico

Expansão econômica menor conduz a novos estímulos


Banco australiano Commonwealth aposta em novas rodadas de ajuda financeira, como compra de ativos por parte do Fed e compra dos títulos soberanos da Espanha pelo BCE.

As previsões de crescimento global para este ano foram reduzidas de 3,3% para 3,2%, segundo projeção do banco australiano Commonwealth. Já a estimativa de crescimento para 2013 passou de 3,9% para 3,7%.

Esta redução ocorre devido à situação nos Estados Unidos, Japão, Índia, China e Zona do Euro. Em relação à China, a previsão de expansão está em 8,1% em 2012, contra 8,3% anteriormente, por causa do abrandamento da alta no consumo.

No entanto, segundo o relatório, o banco espera melhora na economia chinesa neste segundo semestre com a flexibilização da política monetária. Já para 2013, a previsão é de expansão de 8,7%.

Em relação aos Estados Unidos, a projeção de crescimento de 1,8% para este ano se dá por causa do consumo retraído e mercado de trabalho mais fraco.

O banco acredita que uma nova rodada de estímulo do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) virá em setembro, provavelmente com a extensão do período da redução da taxa básica de juros, de até meados de 2014 para 2015. Além disso, a instituição espera que haja mais compras de ativos.

Em relação à Zona do Euro, assim como o mercado em geral, a equipe de pesquisa do banco espera que o Banco Central Europeu (BCE) compre os títulos soberanos da Espanha. No entanto, o BCE já sinalizou que não vai agir até que o governo peça ajuda do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira ou para o Mecanismo de Estabilidade Europeu.

A instituição acredita que o BCE fornecerá o tempo necessário às economias da Zona do Euro para implementarem o ajuste fiscal e as mudanças estruturais necessárias para reduzir os seus encargos da dívida pública e reinstaurar a competitividade.

Entretanto, há um alerta em relação às incertezas que ainda impactam as economias globais, principalmente por conta dos fracos indicadores econômicos.

"Nossa projeção é que a economia da Zona do Euro tenha retração de 0,4% em 2012 e que em 2013 haja expansão de 0,4%, contra estimativa de 0,8%", destaca o banco em relatório.

A desaceleração do mercado emergente é apontada como um risco para a economia global.

"É preocupante a taxa de crescimento nas economias emergentes como a China, Indonésia, Índia, México, Turquia, Rússia e Brasil, que equivalem a 31% do Produto Interno Bruto global", conclui.

Fonte: Brasil Econômico

Biocombustível avança, mas ainda depende de incentivos


São Paulo - Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostra os efeitos das políticas de incentivo a produção de biocombustíveis no Brasil e em países da Europa. O trabalho do economista Leandro Menegon Corder aponta que entre os europeus, as metas de implantação gradativa têm garantido o avanço do biocombustível.

No Brasil, sete anos após o início do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) em 2005, são precisos ajustes ambientais e no funcionamento das usinas, além do desenvolvimento de combustíveis mais avançados. Em ambos os casos, porém, os incentivos governamentais ainda são indispensáveis para manter a competitividade da produção.

A pesquisa concluiu que, na década de 2000, houve crescimento no valor total da produção dos produtos agrícolas mais utilizados para a geração de energia, como soja, cana-de-açúcar e canola. Porém, em muitos casos, percebe-se que os efeitos positivos sobre essas variáveis já vem de anos anteriores, não podendo ser, assim, esse crescimento creditado totalmente às políticas adotadas.

De acordo com o estudo, a maioria dos países europeus cumpriu, pelo menos parcialmente, os objetivos das políticas. Corder explica o resultado positivo devido às metas de adoção do biocombustível não serem tão difíceis de atingir e também por serem implementadas aos poucos, com metas crescentes, mas discretas. “Pode-se citar Itália e Reino Unido como aqueles que não cumpriram essa diretiva da União Europeia, e Espanha e Alemanha como exemplos que, além de cumprirem o acordo, apresentam metas internas superiores aos níveis indicados pelo parlamento europeu”, ressalta o economista.

O estudo destaca também as políticas alemãs e suecas como casos que afetaram clara e positivamente o mercado. “Percebe-se, nesses dois casos, a inversão da tendência de queda para um crescimento elevado, diferentemente do que se vê em outros países, quando a mudança ocorre um pouco depois desse período”, explica Corder.

Incentivo

Apesar de as políticas terem sido eficientes em vários pontos, ao analisar o cenário atual, Corder concluiu que o setor de biocombustíveis tornou-se um mercado insustentável em vários países. “Os principais programas de incentivo às fontes alternativas de energia tiveram início com a alta cotação do petróleo. Agora, com a queda desses preços, o setor passará a depender da muleta governamental para manter-se competitivo”, observa.

Segundo o pesquisador, o Brasil detém larga experiência em produção e comercialização de biocombustíveis, principalmente o etanol. “O País teve em sua história um dos maiores programas de produção e utilização de álcool do mundo, o Proálcool”, afirma. “Além disso, esse novo mercado traz vantagens ambientais, sociais e econômicas, embora ainda seja pequeno dentro das possibilidades da introdução de um combustível complementar e substituto da gasolina e do diesel”.

A pesquisa verificou que alguns pontos do PNPB tiveram êxito, como o aumento de produção, mas em outros, como nos aspectos relacionados ao meio ambiente, os resultados ficaram aquém do esperado. “Se o Brasil deseja prosseguir com o Programa do modo como ele foi idealizado, terá de fazer vários pequenos ajustes para adequá-lo à realidade na qual se inseriu”, aleta o economista.

“O ponto mais urgente é manter as usinas em funcionamento, pois a maioria não é economicamente viável, ao lado dos ajustes nas questões ambientais e da matéria-prima utilizada. Deve-se também incentivar a pesquisa de biocombustíveis de outras gerações, que trazem maior aproveitamento de resíduos e novas tecnologias para minimizar o efeito sobre cultivos tradicionais”.

O interesse pela produção e uso de biocombustíveis vem crescendo nas ultimas décadas por conta das previsões de escassez do petróleo. Segundo levantamentos da Comissão Europeia de Energia, todo o petróleo do mundo acabará em 2047, se não houver mudanças significativas no consumo e nas reservas.

Para que isso não ocorra, os governos das principais nações do mundo estão buscando fontes alternativas de energia limpas e renováveis. Consequentemente, este maior interesse por biocombustíveis gerou mudanças na produção agrícolas e a criação de políticas de incentivo ao seu uso.

Fonte: JMA - Jornal Meio Ambiente / Agência USP de Notícia

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Exportações não respondem à desvalorização do real


Queda de 16,6% da moeda brasileira perante o dólar ainda não refletiu no comércio de produtos acabados.

Quase um ano após a retomada do dólar frente o real, os exportadores ainda não sentiram os efeitos da depreciação cambial.

Nos primeiros sete meses do ano, o setor de manufatura exportou 0,7% menos que no mesmo período de 2011. Até julho, a valorização da moeda americana foi de 16,6%.
No sentido oposto do comércio internacional, as importações de manufatura aumentaram 6% relação ao mesmo período do ano passado. O resultado incrementou o déficit do setor em 50%.

Segundo Roberto Gianetti da Fonseca, diretor do departamento de Relações Internacionais da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o preço das commodities impactaram negativamente também a balança comercial de manufatura, compensando a alta do dólar.

"Diversos insumos e matérias-primas utilizadas pela indústria perderam preço este ano. Os produtos ficaram mais baratos. Mas o volume de vendas ainda permanece", diz Giannetti.

O setor automotivo impactou de forma substancial as vendas brasileiras. Dependente de subsidiárias argentinas das montadoras, as barreiras comerciais derrubaram os embarques do segmento em 4,7%. Em geral, o principal cliente do país em manufatura comprou 17,25% menos em 2012 do que entre janeiro a julho de 2011.

Açúcar refinado, com queda de 26,7%, e laminados de aço, redução de 30,2%, também contribuíram para a contração do montante exportado.

"A demanda ainda é muito fraca nos Estados Unidos e na Europa. Ainda levará algum tempo para que os efeitos do dólar mais alto sejam sentidos pelos industriais", avalia Giannetti.

No lado das importações, as compras da China continuaram a crescer com o ingresso de partes de transmissores, com alta de 24,3%, e de máquinas de processamento de dados, avanço de 49,4%.

Segundo o Roberto Giannetti, variações cambiais costumam demorar entre nove e doze meses para influenciar de forma relevante a balança comercial dos países.

No último período de alta desvalorização do real frente o dólar, iniciada em setembro de 2008, a resposta da balança de manufatura brasileira demorou sete meses. Apenas em abril de 2009 interrompeu-se a queda do que era então um superávit.

"Nossa competitividade melhorou com o câmbio próximo de R$ 2,00. Melhor seria se estivesse a R$ 2,30. Durante a transição do terceiro para o quarto trimestre o saldo comercial começará a responder positivamente", avalia Giannetti.

Para Evaldo Alves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil continua perdendo espaço em tradicionais mercados consumidores, como Estados Unidos e Europa. Ele explica que uma alternativa é explorar a crescente base de consumo dos países emergentes, mas que o país está perdendo a oportunidade.

"O dólar pouco ajudou porque não há espaço para expandir as vendas nos mercados maduros. Precisamos aprofundar nossas relações comerciais com Índia, Coreia e China", diz.

Alves afirma que o dólar provou não ser uma panaceia para a indústria brasileira. Antes da discussão sobre a cotação da moeda, ele diz, os empresários precisam discutir sua produtividade.

"O Brasil não possui relevância no mercado cambial. Não há como controlá-lo. O que se pode rever é nossa estrutura de custos e produtividade por trabalhador", assinala.

Fonte: Brasil Econômico

Modelo de crescimento do Brasil se esgotou, diz banco


Para economistas do BBVA, estímulos à demanda são insuficientes, e a receita de crescimento baseado no consumo dá sinais de esgotamento.

A fórmula usada pelo Brasil para manter a economia em crescimento nos últimos anos - o aumento contínuo do crédito e dos gastos de consumidores - dá sinais de esgotamento. Essa é a avaliação do departamento de pesquisas do Banco BVA, que vê na desaceleração do crédito um fator não apenas momentâneo.

No cenário base dos analistas do banco, a economia voltará a acelerar até o final do ano. Mas a longo prazo, o país não passará de uma expansão de 4% ao ano caso insista na mesma receita.

Além disso, o banco vê o país mais vulnerável a uma crise externa.

"O estancamento da economia ao longo do ano suscitou muitas dúvidas em relação ao modelo de crescimento brasileiro, baseado na expansão do crédito e do consumo privado", afirma o banco em relatório elaborado pela equipe de economias emergentes, chefiada por Enestor dos Santos.

Desde o final de 2004, o mercado de crédito no Brasil tem crescido a uma taxa de pelo menos 20% ao ano, o que levou o crédito a passar de 25% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2004, para os atuais 50%.

Com isso, a expansão da demanda interna foi o principal apoio para o crescimento e, na avaliação do banco, mitigou os problemas de competitividade que o país possui. A lista de deficiências no lado da oferta é conhecida: carga tributária elevada, falta de infraestrutura, juros elevados e o câmbio em patamar ainda alto para a indústria.

O endividamento das famílias é um dos sinais de esgotamento do modelo. Segundo dados do Banco Central, a dívida bancária dos consumidores passou de 18% da renda desde 2005 para 43,4% em maio de 2012.

"O constante enfoque na demanda, em vez da oferta, gerou problemas substanciais, como o incremento da dívida das famílias, a apreciação do real e o aumento dos custos de trabalho (não acompanhado pela produtividade)."

Nesse sentido, algumas das recentes medidas do governo, embora positivas, não são suficientes, na avaliação do banco. A redução dos juros, o estímulo ao crédito, e a própria redução do Imposto sobre Produtos Industriais (IPI) para automóveis são excessivamente focadas no lado da demanda.

"Vemos espaço para a adoção de medidas que apoiariam a atividade doméstica de maneira mais eficaz do que as anunciadas nos últimos meses. Mais precisamente, essas medidas focariam em impulsionar os investimentos em capital fixo e encaminhar alguns dos principais problemas do país".

Segundo o banco, seriam bem-vindas reduções nos impostos para o setor elétrico, bem como uma desoneração maior da folha de pagamento. A nova onda de concessões para o setor privado também é um motivo a comemorar.

Mais otimistas do que o mercado, os analistas preveem um crescimento de 2,2% para a economia brasileira em 2012 (a média das projeções no Brasil é de 1,85%, segundo o Banco Central).

No entanto, a perspectiva é inferior à visão que o banco tinha em maio, de uma expansão de 3,3%. "Os riscos são claramente de baixa", diz.

Caso ocorra um choque externo, como uma deterioração maior na economia europeia ou um ajuste fiscal automático nos Estados Unidos, o país estaria muito mais frágil do que em 2008, em que o impacto dos choques foi mínimo.

Em relação à inflação, o banco acredita que a tendência de baixa nos preços já se esgotou. Tanto em 2012 quanto em 2013, os preços devem subir mais do que o centro da meta de inflação, de 4,5%. Neste ano, a projeção de inflação é de 5%, enquanto no ano que vem, de 5,5%.

Fonte: Brasil Econômico