Por Caio Rodrigo Albuquerque
Entre as atividades envolvidas no processo de mudança do uso da terra, está a mineração de bauxita, cuja atividade leva à constante perda de hábitat, uma vez que, além da supressão da cobertura vegetal, inclui a retirada do solo com a sua biota. No entanto, iniciativas de restauração florestal em áreas degradadas por essa atividade podem otimizar o retorno e a manutenção da biodiversidade. Com o objetivo de estudar o efeito da restauração florestal após a mineração de bauxita sobre a abundância de anfíbios anuros de serapilheira, a bióloga Vívian Maria de Faria Nasser Vilela desenvolveu estudo no programa de Pós-graduação em Recursos Florestais, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). “Busquei entender como as populações de anuros comportam-se em um ambiente em processo de restauração após a mineração de bauxita”, aponta Vivian.
A pesquisa desenvolvida no município de Poços de Caldas (MG), na propriedade que pertence à Companhia Geral de Minas (CGM), subsidiária da Alcoa Alumínio S/A, que além de financiar todo o estudo, disponibilizou funcionários para a instalação e a manutenção das armadilhas usadas na amostragem de anfíbios. A propriedade possui 429,4ha e abriga a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Retiro Branco com 207,46ha. Sob a orientação do professor Jaime Bertoluci, do Departamento de Ciências Biológicas (LCB), co-orientação do professor Ricardo Ribeiro Rodrigues, também do LCB, e colaboração de Pedro Henrique Santin Brancalion, do Departamento de Ciências Florestais (LCF), o projeto foi realizado durante a estação chuvosa, entre dezembro de 2010 e maio de 2011, período no qual a pesquisadora fez viagens mensais para verificar as armadilhas de queda e coletar dados referentes à estrutura da vegetação. “Os pontos amostrais encontraram-se em um mosaico vegetacional, sendo dois locais em processo de reabilitação, cinco em processo de restauração e dois em remanescentes secundários de Floresta Estacional Semidecidual Montana”, comenta a autora.
Como ponto positivo, os resultados trouxeram informações relevantes para a conservação. “Nossas coletas mostraram o retorno de algumas poucas espécies de anuros ao local, facilitado pelo processo de restauração, evidenciando a importância da restauração florestal de áreas mineradas para a exploração de bauxita na reconstrução de hábitats para abrigar a biodiversidade nativa”.
Na prática, a abundância do sapo Rhinella pombali foi inversamente relacionada com a densidade da vegetação e com a altitude. Concomitantemente, o modelo com a abertura do dossel influenciou positivamente a abundância da rã Ischnocnema juipoca. “É de se esperar mudanças na composição da anurofauna colonizadora dessas áreas durante o curso da restauração, mostrando a importância para a conservação de leis que garantam a realização de uma restauração ecológica nas áreas impactadas pela mineração da bauxita”, finaliza.
Fonte: JMA-Jornal Meio Ambiente
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