No estado de Minas Gerais, os setores florestais e de siderurgia estão mudando seus caminhos e sendo recompensados com a primeira emissão de créditos de carbono para projetos florestais no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL ) do Protocolo de Kyoto.
“Como esse projeto mostra, o MDL é um instrumento importante que promove a mitigação das mudanças climáticas e ajuda os setores florestal e siderúrgico a se tornarem mais sustentáveis. O Banco também está trabalhando com o Estado de Minas Gerais para promover a adoção deste modelo de projeto, ajudando-o assim a atingir a meta estadual de aumento do uso de carvão vegetal renovável nesses setores e contribuindo para o objetivo maior de reduzir emissões de gases de efeito estufa,” disse Deborah L. Wetzel, Diretora do Banco Mundial no Brasil.
O Grupo Plantar, que atua nas áreas de reflorestamento e siderurgia, está liderando o caminho por meio do estabelecimento de 11.600 hectares de plantios de eucalipto manejados de maneira sustentável, que sequestram dióxido de carbono da atmosfera e fornecem uma fonte de carvão vegetal renovável e neutro em carbono, ao mesmo tempo que contribuem para a proteção de florestas nativas e da biodiversidade. Com isso, a empresa brasileira tem conseguido superar a falta histórica de madeira renovável para suprir a sua indústria. A iniciativa também estimula o setor a usar áreas previamente degradadas e a conservar grandes áreas de florestas nativas do cerrado
“Esse é um excelente exemplo de uma indústria que trabalha de forma sustentável, plantando árvores e protegendo florestas nativas. Estamos trabalhando com o Grupo Plantar há uma década e o fato de eles serem a primeira empresa no mundo a gerar os tCERs é um testemunho de sua inovação e dedicação,” disse Joëlle Chassard, Gerente da Unidade de Financiamento de Carbono do Banco Mundial.
A UNFCCC (Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima) emitiu mais de 4 milhões de Certificados Temporários de Redução de Emissões (tCERs) para o projeto de reflorestamento
da Plantar, fazendo deste caso o primeiro no mundo. Projetos de Reflorestamento no MDL somente podem emitir créditos por cada período de compromisso. Portanto muitos projetos estão esperando o final do primeiro período (2012) para aumentarem o número de créditos emitidos. Até o momento esse é o primeiro projeto florestal no mundo a emitir esses tipos de créditos e muitos outros ainda estão em fase de verificação.
O projeto, apoiado pelos Fundos Protótipo de Carbono e Biocarbon do Banco Mundial desde 2001, é um dos primeiros projetos de créditos carbono desenvolvidos antes da aprovação formal do Protocolo de Kyoto. Isso demonstra como plantios florestais, manejados de forma sustentável, podem gerar novos estoques de carbono, evitando a utilização de combustíveis fósseis e ajudando a aliviar a pressão sobre ecossistemas de florestas nativas. Esse trabalho pioneiro é um exemplo de como encontrar equilíbrio sustentável entre a indústria e a natureza e dos caminhos que o setor privado pode seguir para usar terras previamente desmatadas e degradadas, diminuindo a pressão sobre florestas nativas. Essa abordagem ajuda a promover a conservação de florestas nativas e de sua biodiversidade, ao passo que gera emprego nas zonas rurais.
“Estamos realmente honrados em ter alcançado um marco tão importante depois de mais de uma década de um árduo trabalho em equipe. Mais gratificante ainda é saber que o trabalho pioneiro do projeto também contribuiu para o avanço de políticas e arranjos institucionais mais amplos para mitigação das mudanças climáticas no país. Somos muito gratos pelo apoio do Banco Mundial desde o início e também aos vários parceiros no âmbito do governo, do setor privado e de organizações não governamentais que nos ajudaram ao longo do caminho,” disse Fábio Marques, Superintendente da Plantar Carbon, empresa de consultoria sobre mudanças climáticas do Grupo Plantar.
Nos últimos sete anos, o Fundo BioCarbon promoveu mais de 20 projetos florestais de MDL em 15 países, muitos dos quais estão próximos do estágio de emissão. Mas o desenvolvimento de projetos florestais de créditos de carbono tem sido mais desafiador que o de projetos de energia ou industriais. Isso porque a implementação é intensiva em recursos econômicos e em tempo, e a capacidade necessária para implementar tais projetos é limitada. Além disso, os créditos emitidos são temporários e as regras da ONU exigem que os certificados sejam reavaliados a cada cinco anos para garantir que o estoque florestal plantado permaneça. O Banco Mundial publicou recentemente uma análise dessas experiências e a terceira parcela do Fundo BioCarbon propõe utilizar essas lições para melhorar a eficácia das intervenções e ampliar as iniciativas nos setores de uso da terra.
Fonte: Banco Mundial
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Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.
domingo, 29 de abril de 2012
Projeto de reflorestamento brasileiro é o primeiro no mundo a receber certificados temporários de reduções de emissões
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