Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

FMI muda previsão de superávit da China .

O Fundo Monetário Internacional está prestes a reduzir acentuadamente sua previsão de longo prazo para o superávit da China em contas correntes, o que fortaleceria a defesa de Pequim contra o argumento dos Estados Unidos de que a moeda chinesa está "substancialmente subvalorizada".
[yuan]
Agence France-Presse/Getty Images
Um funcionário de um banco chinês conta maços de notas de 100 yuans.
Várias pessoas informadas sobre o debate disseram que o FMI vai reduzir significativamente sua previsão de longo prazo para o superávit em contas correntes da China, a medida mais ampla do comércio de um país. A nova previsão sairá na edição atualizada da principal publicação do fundo, o "World Economic Outlook" ("Perspectivas Econômicas Mundiais"), e deverá ficar bem abaixo dos 7% do produto interno bruto que o fundo previu em setembro. O número final a ser divulgado em 17 de abril tem sido objeto de debate contínuo no fundo, refletindo a dificuldade das questões políticas e técnicas envolvidas.
Uma redução para 5%, que já foi discutida, "enfraqueceria marcantemente o argumento de que o yuan está desvalorizado", disse Eswar Prasad, acadêmico da Brookings Institution China, que já foi alto funcionário do FMI para a China.
Desde pelo menos 2009, o FMI vem qualificando a moeda chinesa como "substancialmente subvalorizada" — e, antes disso, procurou usar o termo "fundamentalmente desalinhada", mas Pequim refutou essa designação. O governo chinês intervém no mercado para impedir a moeda de subir, o que colocaria em risco as exportações chinesas.
Quanto mais alta a taxa de câmbio, mais caras ficam as exportações de um país para os compradores estrangeiros.
De acordo com pessoas que estão acompanhando de perto o debate no FMI, o fundo provavelmente não vai divulgar um novo julgamento sobre o yuan no WEO. Isso porque o FMI está reformulando sua maneira de avaliar as moedas, e a nova metodologia só deve ser divulgada em junho. Em vez disso, o FMI provavelmente vai argumentar, como já fez antes, que uma contínua valorização do yuan daria um reforço financeiro aos consumidores chineses e ajudaria a mudar o modelo de crescimento do país, para que dependa menos das exportações e dos investimentos.
O WEO deve apresentar previsões do FMI para o saldo das contas correntes das principais economias até 2017. Essas estimativas se tornam a base para as avaliações de subvalorização e supervalorização; quanto maior o superávit em contas correntes, mais forte o argumento de que uma moeda está subvalorizada.
Enquanto o FMI debatia a política cambial chinesa, a Administração Geral Alfandegária da China informou ontem que o país registrou um superávit comercial em março, após um grande déficit em fevereiro, embora os analistas digam que os números não refletem um grande fortalecimento da economia chinesa. Segundo eles, os números indicam importações mais fracas, e não exportações mais fortes.
A China registrou superávit comercial de US$ 5,35 bilhões em março, revertendo drasticamente um déficit de US$ 31,5 bilhões em fevereiro. O resultado se compara com a mediana de US$ 3,2 bilhões resultante da previsão de déficit feita por 15 economistas consultados pela agência Dow Jones Newswires. Ainda assim, as exportações chinesas cresceram apenas 7,6% no primeiro trimestre, em relação a um ano antes, significativamente menos que os 20,3% de crescimento em 2011. A fraqueza das exportações reflete uma desaceleração na demanda dos grandes parceiros comerciais da China, principalmente a Europa. As exportações de têxteis cresceram apenas 1,4% nos primeiros três meses do ano.
Desde 2008, as previsões do FMI têm superestimado, consistentemente, o superávit em contas correntes da China. As autoridades do FMI dizem que isso ocorre porque o fundo superestimou a rapidez com que os EUA, Europa e Japão iriam se recuperar da crise financeira global de 2008 e 2009, e subestimou o quanto a economia chinesa iria mudar, de modo a depender menos das exportações.
Em 2007, o superávit da China em contas correntes como proporção do PIB atingiu um pico de 10,1%. Em 2008, o FMI previu que o superávit iria ficar perto de 10% nos próximos anos. Isso formou a base para o argumento de que o yuan estava "substancialmente subvalorizado", e para anos de pressão diplomática sobre a China para permitir uma valorização mais rápida da moeda. Na verdade, em 2011 o superávit em contas correntes da China ficou em apenas 2,8% do PIB.

Fonte: The Wall Street Journal

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