Por ERIC MORATH
O crescimento econômico dos Estados Unidos desacelerou nos primeiros meses do ano, alimentando temores de que a irregular recuperação do país está de novo pisando em terreno mole.O produto interno bruto, a medida mais ampla de todos os bens e serviços produzidos por uma economia, cresceu no primeiro trimestre de 2012 a uma taxa anual ajustada pela inflação de 2,2%, informou sexta-feira o Departamento do Comércio dos EUA. O resultado indica uma freada em relação aos 3% do trimestre de outubro a dezembro.
A expansão do primeiro trimestre foi mais lenta que os 2,6% previstos por muitos economistas nas últimas semanas, mas melhor que as expectativas no início do ano. Foi a segunda vez desde o início de 2011 que a economia cresceu mais de 2%.
A recuperação "é fraca, lenta, insuficiente e vai acabar decepcionando consistentemente até que as pessoas parem de ficar esperando uma expansão mais robusta do que temos obtido", disse Dan Greenhaus, estrategista-chefe mundial da corretora BTIG LLC.
A presente desaceleração, somada a outros dados recentes indicando que o mercado de trabalho parou de melhorar e a produção industrial perdeu o vigor, provavelmente deve agravar o receio de que, pelo terceiro ano seguido, a economia está empacando depois de dar sinais de recuperação. Mas, num sinal mais positivo, o consumo aumentou, o que mostra que as pessoas estão gradualmente livrando-se das dívidas contraídas durante a bolha imobiliária e podem novamente funcionar como um motor do crescimento econômico.
Os gastos do governo foram um grande retardador do crescimento, caindo 3% no primeiro trimestre. Isso depois de já terem diminuído 4,2% no quarto trimestre de 2011.
O crescimento mais lento do primeiro trimestre "provavelmente reflete uma desaceleração nos gastos do setor privado com estoques e uma redução nas despesas fixas não-residenciais", categoria que inclui os gastos com edifícios, computadores e equipamentos industriais, disse o Departamento do Comércio.
A reposição dos estoques das empresas, depois de ter reduzido o ritmo em meados de 2011, ajudou a impulsionar o crescimento econômico no fim do ano, respondendo por mais da metade da expansão total do quarto trimestre. Mas a reposição dos estoques das empresas cresceu a um ritmo menor no primeiro trimestre, contribuindo com cerca de um quarto do crescimento total do PIB.
Já as despesas fixas não-residenciais caíram 2,1% durante o primeiro trimestre, ante um ganho de 5,2% no período anterior.
Num ponto positivo do relatório, o consumo continuou saudável. Os gastos pessoais subiram 2,9% no trimestre — o melhor ganho desde o quarto trimestre de 2010. Mas, como a renda ainda está aumentando a um ritmo apenas moderado, os economistas se perguntam por mais quanto tempo as pessoas vão continuar consumindo a esse ritmo.
Os consumidores tiveram custos mais altos, já que o índice de preços ao consumidor subiu 2,4% no trimestre passado, contra uma alta de 1,2% no trimestre anterior.
De modo parecido, o índice de preços domésticos brutos, que mede o quanto os americanos pagam pelos produtos, também subiu 2,4% no trimestre.
As exportações subiram 5,4%, comparado com 2,7% no trimestre anterior. Havia o receio de que as exportações poderiam ser prejudicadas pelos problemas na Europa e o crescimento mais lento na Ásia.
O relatório foi divulgado dias depois de as autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, encerrarem a última reunião de política monetária, em que reafirmaram os planos de manter os juros de curto prazo próximos de zero até o fim de 2014. As autoridades do Fed já esperavam que o crescimento econômico fosse desacelerar este ano em relação ao ritmo do quarto trimestre.
Fonte: The Wall Street Journal
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