Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O mau hábito de querer reinventar a roda

Por Adolfo Menezes Melito*

Segundo o portal holandês RNW, o chefe de Estado húngaro, Pal Schmitt, envolvido em um escândalo de plágio com seu trabalho universitário de doutorado, anunciou sua renúncia no Parlamento.
É emblemático para o restante do mundo, em especial para países emergentes onde malfeitos proliferam.
Em um evento fechado para empresários em São Paulo na última semana, o escritor israelense Saul Singer, autor de Nação Empreendedora, mostrou-se genuinamente contrariado quando soube que os brasileiros organizam excursões ao Vale do Silício para promover o empreendedorismo.
O motivo da sua indignação é lógico: não dá para transplantar a cultura ou a inspiração de fora para o Brasil. O empreendedor brasileiro, assim como o empreendedor em qualquer parte do mundo, deve no primeiro momento inteirar-se de maneira real e prática das peculiaridades e características antropológicas e socioculturais do seu mercado. Esse é o caminho.
Apesar disso, é muito difícil nos depararmos, no Brasil, com empreendimentos que não tenham sido inspirados em outra parte do mundo.
Há uma semana o Jornal Nacional apresentou, como exemplo de startup, que mereceu, inclusive, investimento de capital anjo, uma empresa que teve a ideia de construir um aplicativo no celular para chamar táxis.
Não é inovador: a empresa grega TaxiBeat já existe há mais de um ano e procura um CEO para tocar sua operação no Brasil.
Há, naturalmente, questões culturais e educacionais que obscurecem o pensamento de empreendedores brasileiros. Uma delas é o que eu chamo "a síndrome do não inventado aqui" onde a tendência é tentar fazer tudo do zero, internamente.
Seria por assim dizer copiar e desenvolver - o típico reinventar a roda. A segunda é a crença de que algo deve ser reivindicado ao poder público. Para os que ainda pensam assim, lamento decepcioná-los: os dois caminhos são totalmente antagônicos aos preceitos da moderna economia.
Saul Singer contou aos empresários presentes ao mencionado evento que a figura do startup já se apresentava em Israel com inúmeros projetos, que não se concretizavam por falta do capital anjo.
A solução do governo foi apresentar o assunto ao mercado de investidores internacionais propondo: venham e invistam; se não der certo, o governo de Israel reembolsa.
Se der certo, queremos uma parte do retorno. E o país se tornou, em poucos anos, o segundo em startups no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
A moderna economia se apoia em alguns atributos inalienáveis para gerar inovação: qualidade de talentos, colaboração e multidisciplinaridade.
Neste ano se realiza em São Paulo a 2ª Conferência Internacional de Crowdsourcing, Colaboração e Cocriação, uma realização conjunta da empresa Mutopo e da FecomercioSP.
Além dos principais experts mundiais na matéria, a conferência contará com a presença de André Torretta, publicitário brasileiro que se notabilizou ao desenvolver insights de produtos para a base da pirâmide e do eminente neurocientista pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis.
Afinal nem tudo acontece só na internet. Será um ótimo momento de reflexão para que os empreendedores brasileiros passem a confiar mais nas suas ideias, potencializando-as em empreendimentos coletivos.
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*Presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio-SP

Fonte: Brasil Econômico

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