Por CHRIS DIETERICH
As ações de mercados emergentes, um dos setores de pior desempenho no ano passado, recuperaram-se bem no início do ano. Mas os ganhos caíram nas últimas semanas, e os estrategistas advertem que a desaceleração do crescimento econômico ameaça derrubá-las ainda mais no segundo trimestre.O índice MSCI Emerging Markets subiu 14% nos primeiros três meses de 2012, superando o índice Standard & Poor's de 500 ações em quase dois pontos porcentuais, e rumando para o seu melhor primeiro trimestre desde 1992. O aumento do início do ano se seguiu a uma queda de 20% em 2011 em relação ao S&P 500, que ficou inalterado.
"O rendimento acumulado do ano foi muito ilusório. Tudo o que realmente aconteceu em 2012 foi uma típica recuperação de 'bear market' dos níveis mais baixos de 2011", disse Michael Shaoul, presidente da Marketfield Asset Management, usando o jargão do mercado para períodos em que a tendência mais forte nas bolsas é a de queda.
Este ano o dinheiro tem fluido para fundos mútuos de ações de mercados emergentes. No primeiro trimestre, esses fundos absorveram US$ 25,6 bilhões, o maior ingresso líquido trimestral desde 2006, segundo a EPFR Global, que fornece dados sobre fluxos de fundos e alocação de ativos. Em comparação, houve uma entrada de US$ 1,7 bilhão em fundos de ações americanas no primeiro trimestre.
Mas o humor dos investidores pode estar mudando. Durante a última semana de março, houve uma saída de fundos de mercados emergentes, pela primeira vez este ano.
Muitos investidores estrangeiros são atraídos para as ações desses mercados porque elas tendem a subir mais acentuadamente quando os mercados mundiais avançam. Dois conhecidos fundos negociados em bolsa, ou ETFs, de mercados emergentes, o Vanguard MSCI Emerging Markets ETF e o iShares MSCI Emerging Markets Index Fund, que são o segundo e o terceiro maiores ETFs em valor de mercado, registraram ganhos de mais de 100% desde o ponto mais baixo das bolsas dos EUA após a crise financeira, em março de 2009, até o ponto mais alto destas, em maio de 2011. O S&P 500 subiu mais de 80% nesse período.
Mas enquanto este ano as ações de firmas americanas vêm batendo novos recordes, as de mercados emergentes ainda não superaram seu pico do ano passado.
A recente baixa dessas ações coincidiu com uma série de relatórios preocupantes da China, a segunda maior economia mundial, assim como da Índia e do Brasil.
"O desempenho das ações de mercados emergentes tende a ser altamente correlacionado com o desempenho econômico e o crescimento econômico", disse Nick Chamie, diretor global de pesquisa de mercados emergentes na RBC Dominion Securities. "Os fracos resultados que continuam a vir [das ações] dos mercados emergentes vão pesar no desempenho desses mercados." Na semana passada Chamie aconselhou os clientes a "retirar os lucros taticamente" de suas aplicações em mercados emergentes.
No começo do mês a China reduziu sua meta de crescimento do PIB para 2012 de 8% para 7,5%, o ponto mais baixo em oito anos. Duas semanas depois, um executivo da mineradora anglo-australiana BHP Billiton disse que a demanda da China por minério de ferro, usado na produção de aço, está caindo. Este mês, relatórios nem sempre positivos sobre as condições industriais na China reforçaram as preocupações quanto ao crescimento do país.
Outros motores de crescimento dos mercados emergentes também estão perdendo a força. No mês passado, a Índia informou que no quarto trimestre de 2011 sua economia cresceu 6,1%, o ritmo mais lento em mais de dois anos. Um relatório de março mostrou que a economia do Brasil cresceu menos de 3% no ano passado, bem abaixo dos 7,5% de 2010.
"No curto prazo, o crescimento é uma preocupação", disse Paul Nolte, diretor-gerente da Dearborn Partners, em Chicago. "Na economia global, é difícil ignorar as economias pesos pesados."
Não há dúvida de que o crescimento econômico dos mercados emergentes continua muito superior ao dos EUA, Europa e Japão, e alguns estrategistas estão otimistas quanto ao desempenho das ações do mundo em desenvolvimento a longo prazo.
"Não vemos, nem de longe, a mesma situação dos mercados emergentes de dez anos atrás, mas ainda há elementos de um perfil de investidor do tipo que compra e conserva suas ações, já que esses países estão construindo sua infraestrutura e há uma forte classe média emergente", disse Jim Paulsen, diretor de investimentos da Wells Capital Management.
Fonte: The Wall Street Journal
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