Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Posição do Brasil no mercado global de açúcar pode estar ameaçada .

A safra brasileira de cana-de-açúcar provavelmente terá uma recuperação apenas modesta no ano que vem, mas não deve sacudir o mercado mundial de açúcar com queda na produção ou das exportações, segundo as previsões mais recentes.
 A expectativa é que a região centro-sul do país tenha alta de 5,7% na produção da atual safra.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar, a Unica, afirmou na semana passada que a região centro-sul produzirá 509 milhões de toneladas de cana-de-açúcar este ano, uma expansão de 3,2%, mas que a safra deve continuar bem abaixo do recorde de 557 milhões de toneladas alcançado em 2010-2011. A lenta recuperação da safra pode interferir nos planos do Brasil de manter sua participação de 50% do mercado mundial de açúcar e continuar atendendo à demanda doméstica por etanol.
O futuro do açúcar para entrega em maio fechou a em queda de 4,9% semana passada na bolsa nova-iorquina ICE, a US$ 0,2337 a libra (453 gramas), diante do foco dos operadores nas expectativas de que a economia chinesa vai desacelerar e de que surgirão novos problemas com dívida na Europa.
Os produtores de cana-de-açúcar estão lutando para se recuperar da péssima safra de 2011-2012, que enfrentou custos mais altos e chuva escassa na temporada de cultivo. Além disso, a crise financeira de 2008 e 2009 deixou os produtores sem financiamento para replantar campos de cana-de-açúcar já desgastados.
Os usineiros calculam que o Brasil precisará de 1,2 bilhão de toneladas de cana-de-açúcar até 2020 para atender à demanda doméstica por álcool e expandir o nicho do Brasil como exportador do combustível e desafiar o domínio americano do setor, mas sem perder sua fatia do mercado de açúcar.
Mas nem a demanda brasileira por combustível nem o comércio mundial de açúcar estão vulneráveis no curto prazo, dizem analistas.
A Unica, cujos associados respondem por mais da metade da produção nacional de açúcar, prevê que a região centro-sul vai aumentar o volume de açúcar produzido em 5,7%, para 33,1 milhões de toneladas, para a safra iniciada em 1° de abril. A região produz quase 90% da cana-de-açúcar do Brasil.
A colheita já está começando e a Unica prevê que cerca de três quartos das 350 usinas da região terão iniciado o processo de esmagamento da cana-de-açúcar até o fim do mês.
A Unica calcula que o volume de açúcar da região centro-sul disponível para exportação aumentará 8,5% na safra 2011-2012, para 24 milhões de toneladas.
O resultado disso é que os analistas não preveem que o mercado mundial de açúcar passe tão cedo do atual superávit para um déficit. A firma de pesquisa de mercado Kingsman afirma que o mercado mundial deve contar com entre 3,7 milhões de toneladas e 4,7 milhões de toneladas a mais de açúcar do que precisa no primeiro semestre.
"Deve continuar existindo excesso de oferta, mesmo se a safra do Brasil passar pelo pior cenário", disse o diretor-presidente da firma, Jonathan Kingsman, numa entrevista ao Wall Street Journal, notando que houve safras "muita boas" de cana-de-açúcar e beterraba na Tailândia, Índia e Rússia. "O que aconteceu é que o custo de produção no Brasil cresceu tanto que está permitindo que outros países produtores se tornem competitivos."
Mesmo assim, a participação brasileira do mercado mundial permite que ele limite o declínio da cotação do açúcar. A maioria das usinas brasileiras terá flexibilidade para diminuir a produção de açúcar em favor da produção de etanol caso o alimento não seja lucrativo, algo que pode acontecer se a cotação cair para menos de US$ 0,20 a libra.
"Não esperamos que o mercado saia da faixa de US$ 0,22 a US$ 0,25 [a libra] no futuro próximo" disse Michael McDougall, diretor da Newedge USA.

Fonte: The Wall Street Journal

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