Volatilidade da economia e decadência de negócios antes prósperos, como a petroleira OGX, contribuíram para agravar resultado.
A bolsa de valores brasileira teve o pior resultado entre os principais mercados acionários mundiais em 2013. O índice Ibovespa - que reúne as ações mais negociadas na BM&FBovespa - caiu 15,5%, enquanto os grandes mercados do mundo, como o americano, viram valorizações superiores a 25%. Entre os países desenvolvidos, o destaque foi o Japão, com alta de 55%.
Os motivos para o tombo do Ibovespa neste ano são diversos. A situação leva em conta desde a derrocada da petroleira OGX, que sozinha foi responsável por cerca de 40% da queda total. Passa também pelo impasse do reajuste da gasolina, que afetou os papéis da Petrobrás, e pela retração da economia da China, que afetou a Vale. Contou também o rebaixamento da perspectiva da nota brasileira pelas agências de classificação de risco.
Mas não é de hoje que a bolsa brasileira está decepcionando. Este é o quarto ano consecutivo que o Ibovespa fecha descolado do comportamento das bolsas americanas, como lembra o analista do Banco do Brasil, Hamilton Moreira. Em suas contas, a diferença entre o Ibovespa e o S&P 500, negociado na bolsa de Nova York, neste período, é de 85%. Só neste ano, é de 45%.
Esse "abismo" leva alguns investidores a acreditar que a bolsa brasileira possa começar a recuperar seus pontos perdidos desde 2008. O Ibovespa chegou a beirar os 75 mil em 2008, antes da crise, fechando aquele ano com menos de 40 mil. Em 2009, teve uma recuperação substancial, subindo 82% e chegando próximo dos 69 mil pontos. Agora fecha o 2013 a 51.507 pontos.
Atração
O presidente da Franklin Templeton no Brasil, Marcus Vinicius Gonçalves, está otimista com o fluxo de investimentos para a bolsa brasileira no próximo ano. Gonçalves diz que os investidores estrangeiros estão começando a realizar seus lucros na bolsa americana e vão precisar destinar seu dinheiro para outros mercados.
"O Brasil está mais atrativo porque está barato", diz. "Nas entrelinhas de relatórios de grandes bancos estrangeiros já se pode ver a recomendação de que empresas brasileiras, com nível de administração mundial, estão desajustadas". Seria o caso de papéis como Itaú, Ambev e Bradesco.
Além disso, ele diz que o cenário ruim - que envolve a questão fiscal e o risco de rebaixamento das notas de agências americanas - já está nos preços. Moreira, do BB Investimentos, afirma que, caso as agências de classificação não confirmem o rebaixamento, a tendência é de alta.
O administrador de investimentos Fabio Colombo reforça que os preços estão muito baixos. "O mundo inteiro foi excelente em renda variável, menos o Brasil. Quem conhece o mercado sabe que isso vira."
Desconfiança
Não é uma visão, entretanto, consensual no mercado. Um dos gestores mais badalados do mercado, Luís Stuhlberger acredita que o modelo econômico brasileiro está errado e em algum momento isso vai provocar uma correção de preços (para baixo) na bolsa. De qualquer forma, o fundo ampliou sua posição na bolsa brasileira de 9% para 13% de seu patrimônio neste ano.
No vaivém da Bovespa, as chamadas blue chips (que pesam mais no índice) deram o tom. Vale e Petrobrás tiveram fortes quedas. A primeira perdeu 15% e a segunda, 9%.
O setor de construção civil também perdeu bastante. "É aqui que podemos ver que os investidores estrangeiros foram embora. São os primeiros papéis de que eles se desfazem", diz Moreira, do BB.
Na contramão esteve o setor siderúrgico. Ações como a CSN subiram mais de 30%.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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