Especulações sobre a inflação derrubam ações de exportadoras e ditam ritmo de queda da bolsa brasileira.
Após ter ensaiado recuperação no início do pregão, o Ibovespa retomou a tendência negativa, influenciado pelo pessimismo que prevaleceu entre os investidores internacionais.
Além disso, o cenário interno pouco favorável também contribuiu para o movimento de queda do principal índice da bolsa brasileira, que caiu 0,98%, aos 58.372 pontos, com volume financeiro de R$ 8,09 bilhões.
Segundo Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, no começo do pregão, a tendência sinalizava que as bolsas operariam em terreno positivo, se recuperando dos desempenhos pouco favoráveis que foram vistos recentemente.
"Diante da semana difícil que os agentes do Ibovespa tiveram, era aguardado que as ações da Vale e da Petrobras realizassem um pregão de recuperação, compensando as recentes perdas. Esse movimento, porém, não se concretizou", disse Rosa.
Com a escassez de indicadores relevantes, os números referentes ao mercado de trabalho americano ganharam protagonismo e ditaram a derrocada generalizada dos índices globais.
"Os indicadores dos Estados Unidos vieram abaixo das estimativas. Esse foi o estopim necessário para que os índices de Wall Street iniciassem o pregão em campo negativo, movimento que foi refletido pelos investidores ao redor do mundo", disse Rosa.
Às 18h41, o Dow Jones caía 0,33%, o S&P 500 recuava 0,32% e o Nasdaq perdia 0,43%.
As novas solicitações de auxílio desemprego nos Estados Unidos somaram 366 mil solicitações, contra 371 mil pedidos na semana anterior, enquanto as expectativas apontavam para 360 mil.
Também causou repercussão negativa o índice de produtividade do mercado de trabalho americano, que retraiu 2% no quarto trimestre, contra estimativa de baixa de 1,2%.
As bolsas do continente europeu encerraram o penúltimo pregão da semana em baixa, com exceção do índice alemão. Enquanto o DAX, da Alemanha, subiu 0,13%, o CAC 40, de Paris, e o FTSE 100, de Londres, fecharam em queda de 1,15%% e 1,06%, respectivamente.
O principal ponto de referência para os agentes da região foi o discurso de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), que afirmou que a taxa de câmbio é importante para o crescimento e estabilidade de preços.
O BCE manteve a taxa básica de juros em 0,5% ao ano, mesmo com perspectivas negativa no curto prazo para a região. A instabilidade política na Itália e na Espanha já não está no radar dos agentes, mas ainda preocupa.
Voltando ao Ibovespa, Rosa indica que não apenas o pessimismo externo derrubou o índice doméstico. De acordo com o economista, as especulações de que o governo vai combater a inflação com o câmbio não foram bem recebidas, e derrubaram a cotação do dólar. Além disso, a informação acabou causando a saída de investidores dos papéis de companhias que exportam potencialmente.
Neste sentido, os papéis da Vale e da Petrobras fecharam em queda. Enquanto VALE 5 caiu 2,70%, PETR4 retraiu 0,57%.
Ainda no cenário interno, vale destacar o resultado financeiro da Cosan. A companhia sucroalcooleira teve lucro líquido de R$ 342,3 milhões no terceiro trimestre do exercício social de 2013, encerrado em 31 de dezembro de 2012, contra ganho de R$ 93,8 milhões, verificado no mesmo período de 2011.
A prévia operacional da ALL apontou que o volume da companhia deve crescer 4,6% entre outubro e dezembro de 2012.
Com isso, os papéis da Cosan (CSAN3) e da ALL (ALLL3) registraram as maiores altas do índice teórico, subindo 3,17% e 4,14%, nesta ordem.
Merece destaque ainda o desempenho das companhias do setor de papel e celulose, já que as suas ações figuraram entre as maiores quedas. O motivo para as baixas foi a notícia de que a China iniciou a investigação sobre a possível prática de dumping no setor. Desta maneira, as ações da Suzano (SUZB5) e da Fibria (FIBR3) caíram 5,42% e 3,26%, nesta ordem.
Câmbio
No mercado de câmbio, dólar caiu 0,80% frente o real, cotado a R$ 1,972 para a venda.
Fonte: Brasil Econômico
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