Os consumidores dos Estados Unidos estão mostrando um poder de recuperação surpreendente, trazendo esperanças para a economia às vésperas de uma nova batalha política sobre o orçamento do país.
A confiança do consumidor americano saltou mais do que o esperado na primeira quinzena de janeiro, apesar do aumento do imposto na fonte introduzido no começo do ano, segundo um índice divulgado na sexta-feira pela Universidade de Michigan. O índice de sentimento do consumidor subiu 2,5 pontos, para 76,3 pontos.
Outros dados recentes reforçaram as expectativas de que o preocupante declínio na atividade econômica do quarto trimestre seria revisado para cima no fim deste mês. O crescimento econômico deve permanecer num ritmo relativamente baixo este ano diante de contínuas restrições ao consumo, desde impostos mais altos até os duradouros efeitos da recessão.
"A economia está passando por uma longa convalescência", disse na sexta-feira Alan Krueger, presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, durante uma entrevista a repórteres e editores do The Wall Street Journal.
A economia dos EUA perdeu um total de US$ 16 trilhões em riqueza desde o fim de 2007, quando começou a recessão no país, até o início de 2009, disse ele. O montante correspondia a cerca de um quarto da riqueza total do país. A economia de lá para cá recuperou US$ 13,5 trilhões daquela riqueza, graças na maior parte à recuperação do mercado de ações e à subida recente dos preços dos imóveis.
"Se você destrói tanta riqueza assim, as pessoas precisam reconstruir suas poupanças para a aposentadoria e guardar dinheiro para a educação dos filhos", disse ele. "Isso será um desafio para o consumo daqui em diante."
As brigas em Washington em torno do orçamento já prejudicaram a confiança de consumidores e empresários no passado. O próximo round deve esquentar nas próximas duas semanas. Muitos deputados e senadores disseram que cortes generalizados nos gastos do governo vão provavelmente entrar em vigor em 1 de março, como agendado, por causa do impasse entre os partidos Republicano e Democrata sobre como reduzir o déficit do orçamento.
Há cada vez mais sinais de que 2012 terminou melhor do que muitos acreditavam. No mês passado, as estimativas preliminares do governo para a produção econômica do quarto trimestre indicaram que a economia inesperadamente se contraiu a uma taxa anualizada de 0,1% naquele período. Dados posteriores mostraram um panorama melhor que o esperado. O déficit comercial do país diminuiu substancialmente em dezembro, enquanto os estoques no atacado e no varejo também se revelaram melhores do que o previsto. E, na sexta-feira, o banco central americano revisou para cima a estimativa de produção industrial nos últimos três meses do ano.
As empresas também estão vendo sinais positivos. A fabricante de alimentos J.M. Smucker Co. divulgou na sexta-feira que sua receita subiu 6% no período de três meses encerrado em 31 de janeiro, comparado com o mesmo de um ano antes. O diretor-presidente, Richard Smucker, disse que estava "cautelosamente otimista" sobre o futuro da economia e observou que o setor como um todo tem verificado uma demanda mais forte nas últimas semanas. "Estamos realmente vendo os consumidores um pouco mais confiantes e, assim, gastando um pouco mais", disse Smucker a investidores.
Christy Howard, gerente de duas lojas de produtos veterinários na área de Dallas, no Estado do Texas, diz que os negócios foram bons no fim do ano passado e se seguraram em janeiro. Os clientes estão gastando mais, na média, em cada visita, disse Howard, com as coleiras de cachorro mais caras, em particular, tendo uma boa saída. Os clientes gastam, em média, cerca de US$ 32 a US$ 36, disse ela, mas, hoje em dia, um valor entre "US$ 300 e US$ 600 não é mais incomum".
No geral, a maioria dos economistas espera que a estimativa revisada do produto interno bruto, a ser divulgada no fim do mês, mostre que a economia se expandiu levemente no quarto trimestre. A firma de previsões Macroeconomic Advisers estima agora que a produção cresceu a uma taxa anualizada de 0,6% no quarto trimestre.
Uma taxa de crescimento menor que 1% é ainda baixa e não deve reduzir o nível de desemprego, que empacou nos últimos meses depois de ter caído no início de 2012. Além disso, o relatório de sexta-feira do banco central americano mostrou queda de 0,1% na produção industrial em janeiro, com desaceleração também nas contratações.
Fonte: The Wall Street Journal
Nenhum comentário:
Postar um comentário