Autoridades da União Europeia (UE) chegaram a um acordo preliminar sobre novas regras para o mercado financeiro que limitam os bônus de executivos do setor ao equivalente ao salário de um ano.
Pelo entendimento, tal teto poderia aumentar apenas excepcionalmente para um total de dois anos de salário - mas para isso seria necessária a aprovação explícita dos acionistas da instituição.
Os bônus recebidos pelos executivos podem chegar a muitas vezes seu salário-base anual.
Desde o acirramento da crise financeira global, porém, tais pagamentos milionários têm gerado revolta em muitos países - principalmente depois que alguns bancos privados tiveram de receber resgates financeiros do setor público
"Pela primeira vez na história da regulação do mercado financeiro da UE, vamos limitar os bônus dos funcionários dos bancos", disse Othmar Karas, negociador-chefe do Parlamento Europeu.
"A essência (do acordo) é que a partir de 2014, os bancos europeus terão de reservar mais dinheiro para garantir sua estabilidade e se concentrar mais nos seus negócios mais importantes, que é o financiamento da economia real, das pequenas e médias empresas e da geração de empregos."
Oposição
O acordo foi alcançado após oito horas de negociações intensas em Bruxelas entre os membros do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia e representantes dos 27 países do bloco.
Ele sofre, porém, forte oposição do Reino Unido, que abriga o maior centro financeiro da Europa e argumenta que tais regras poderiam afastar talentos e restringir o crescimento do setor financeiro no país.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron diz que o plano europeu não é necessário (para a Grã-Bretanha), porque o país já tem um plano para regulamentar os bancos, que seria, segundo ele, "mais duro que as regulamentações que estão sendo colocadas em prática em outros países europeus".
No ano passado, uma comissão independente liderada pelo ex-economista-chefe do Banco da Inglaterra, John Vickers, fez uma série de recomendações para a reforma do sistema financeiro britânico, no que ficou conhecido como "Plano Vickers" - é a esse plano que Cameron se refere.
O plano recomenda uma maior separação entre os negócios dos bancos de varejo e dos bancos de investimento, mas não fala nada sobre cortes de bônus.
Para Joe Rundle, da instituição financeira ETX Capital, em Londres, um limite imposto pela União Europeia seria contraproducente.
"Ele vai fazer com que os salários fixos subam para compensar. Empresas que não precisam estar dentro da União Europeia vão para outro lugar. E quando os bancos investirem em novos negócios o farão fora da UE", opina.
Fonte: BBC Brasil
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