Como os pares internacionais estão próximos de suas máximas, dados econômicos positivos podem não ser suficientes para motivar elevações dos índices acionários.
Na semana que vem, a temporada corporativa de balanços que ganha força no âmbito doméstico irá dividir a atenção dos investidores com a agenda cheia de indicadores, tanto no Brasil como no exterior.
Na próxima segunda-feira (18/2) será feriado nos Estados Unidos (aniversário de Washington), e teremos o vencimento de opções sobre ações na Bolsa brasileira.
"Os vendidos vão fazer a festa, mas quando acabar o vencimento, é até capaz que a nossa Bolsa suba", diz Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW Corretora.
A queda de 5% acumulada pelo principal índice da BM&FBovespa em 2013, por conta justamente das blue chips Vale e Petrobras, que caem quase 10%, e que são os papéis mais procurados nos vencimentos, é o que leva o especialista a esperar por uma predominância das opções de venda.
Ainda na segunda teremos também a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), que as casas projetam que tenha desacelerado para 0,67% na segunda semana de fevereiro, frente aos 0,88% da aferição anterior.
"Aumentou a percepção de alta dos juros, o que é muito prejudicial para a renda variável", nota Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.
Na terça (19/2), os destaques no Brasil são a inflação (IGP-M do segundo decêndio de fevereiro, e IPC-Fipe, que a Gradual prevê que desacelere para 0,90%, após os 1,01% de janeiro), e os dados das vendas no varejo de dezembro e do ano de 2012.
Pelos cálculos do Bank of America Merrill Lynch (BofA), o varejo brasileiro irá reportar expansão de 0,6% no último mês do ano passado, na comparação com novembro, ante os 0,3% do resultado anterior. A projeção do Bradesco é de expansão de 0,90%.
Na terça outra divulgação de relevância será o resultado do Pão de Açúcar, após o fechamento do mercado, o que pode impactar o desempenho de suas ações no pregão seguinte.
Para o lucro por ação, o HSBC estima incremento de 17,3%, para R$ 1,63, enquanto para a receita líquida, o prognóstico da instituição financeira aponta alta de 9,1%, para R$ 14,584 bilhões. O Ebitda deve ter crescido 10,4%, para R$ 1,21 bilhão.
No cenário externo teremos o sentimento dos alemães em relação à sua economia, e o primeiro de uma série de indicadores relativos ao mercado imobiliário dos Estados Unidos que seguirão durante a semana.
"Esperamos dados mistos, mas com viés positivo, uma vez que a recuperação do setor continua", dizem os economistas do dinamarquês Danske Bank, em relatório.
Na quarta-feira (20/2), o destaque aqui deve ser o índice de atividade econômica do Banco Central (BC), o IBC-BR.
A equipe da Rosenberg Consultores Associados prevê que, de outubro a dezembro, o IBC-BR tenha crescido 0,6%, ante os 1,2% do terceiro trimestre.
Nos Estados Unidos serão divulgados outros dois indicadores imobiliários, que devem confirmar a expectativa do Danske por dados mistos - para a construção de novas residências, o BofA projeta queda de 2,5%, para 930 mil unidades, mas para as licenças para novas construções, a estimativa indica alta de 3,4%, para 940 mil.
"Os dados de atividade dos Estados Unidos e da Europa devem confirmar um cenário de melhora gradual das condições econômicas. Mas como as Bolsas estão nas máximas, sempre tem o risco de alguma correção por lá, e aqui sentirmos esse efeito, mesmo com nosso índice debilitado", ressalta Campos Neto.
Na quinta (21/2), será o dia dos Índices de Gerentes de Compras (PMIs) da indústria e dos serviços na Alemanha e na Zona do Euro, e de mais um dado imobiliário americano, referente às vendas das casas existentes, que o BofA estima que tenha caído 1,8% em janeiro, para 4,85 milhões.
No Brasil o destaque será o balanço da Gerdau, a ser divulgado antes da abertura do mercado, ou seja, com potencial para mexer com as ações da siderúrgica na própria quinta.
O Santander espera por resultados "decepcionantes" - para o lucro líquido, a estimativa do banco é por um prejuízo de R$ 47 milhões no quarto trimestre de 2012, frente ao lucro de R$ 44,6 milhões na mesma época do ano anterior.
"Embora a empresa tenha alertado os investidores e analistas sobre os fracos resultados em curso, existe um potencial de baixa para as ações em relação aos níveis atuais", pondera Alex Sciacio, analista do Santander, em relatório.
Por fim, mas não menos importante, na sexta-feira (22/2) haverá a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de fevereiro, que refletirá a redução no preço da energia elétrica.
Após a alta de 0,88% em janeiro, a Rosenberg projeta desaceleração para 0,64%; o Bradesco, para 0,61%; o BofA, para 0,55%; e a Gradual, para 0,53%.
Teremos também na sexta uma porção de indicadores germânicos, como o Produto Interno Bruto (PIB) final do quarto trimestre, que deve confirmar a retração de 0,6% da prévia.
Ainda na Alemanha conheceremos os números do instituto de pesquisa Ifo sobre a confiança dos empresários. A estimativa do Danske aponta para 101,8 pontos, contra os 100,5 da aferição anterior.
Análise gráfica
O grafista Leandro Klem, da Trader Brasil, demonstra pessimismo em relação aos próximos passos do Ibovespa, e não enxerga uma reversão da atual tendência de baixa na qual o Ibovespa se encontra, pelo menos não no curto prazo.
Os pares internacionais de nosso índice, como o Dow Jones, tem alta que se aproxima dos 7% no ano, que em outras palavras quer dizer que dependemos unicamente de nossas próprias pernas para sair do buraco.
Entretanto, o especialista não acredita que essa força ressurja semana que vem.
"A política do governo não está sendo bem vista, principalmente pelos investidores estrangeiros, que penalizam Petrobras, Vale e OGX", fala Klem.
As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) têm desvalorização de 19,6% no ano, as da Vale (VALE3), de 9,4%, e as da OGX (OGXP3), de 21%.
Como o cenário para essas empresas não tende a mudar significativamente na próxima semana, o grafista da Trader acredita que novas perdas para o Ibovespa são bem prováveis.
O índice terminou nesta sexta-feira (15/2) aos 57.903 pontos.
Pelos cálculos do especialista, um ponto importante de suporte está na faixa dos 57,5 mil pontos, que, se perdido, pode levar o índice até a casa dos 55,5 mil.
Uma resistência de mais relevância, por outro lado, vai ser encontrada somente no patamar dos 59,5 mil pontos.
"Para tentar uma recuperação, o índice precisa romper esse nível. Até ali serão só repiques de alta para voltar a cair".
Fonte: Brasil Econômico
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