Debate sobre desvalorização das moedas ganha força neste momento, mas a prática de câmbio fixo da China continua sem sobressaltos.
Na reunião do G20 ocorrida neste final de semana, os ministros de Finanças das maiores economias mundiais buscaram defender um mundo sem a "guerra cambial", em uma critica velada ao Japão e aos Estados Unidos, que têm promovido fortes programas governamentais de injeção de liquidez.
Entretanto, enquanto essas duas nações passaram a utilizar o câmbio como aliado ao crescimento apenas a partir da crise de 2008, a China já se beneficia da desvalorização de sua moeda, o iuane, desde meados da década de 80, quando o mundo passou a ser inundado pelos baratos produtos chineses.
"A China optou pela desvalorização de sua moeda no passado porque tinha uma economia fraca, só que, à medida que ia enriquecendo, não deixou o iuane se fortalecer", nota Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
Como se não bastasse o câmbio fixo, que, entre as economias de maior relevância, é praticado somente pela China, o custo da mão de obra do gigante asiático é outro ponto fora da curva em termos mundiais, pondera o especialista.
"A China é muito melhor que Estados Unidos e Europa em termos de competitividade, mas essa melhora não reside só na questão monetária", comenta o sócio da RC.
Além disso, Silveira lembra que o governo chinês atrelou as variações de sua moeda ao dólar. Ou seja, se a divisa dos Estados Unidos é desvalorizada por conta dos "quantitative easing" do Federal Reserve, o iuane vai de carona.
Três anos atrás, quando ganhava força na praça financeira o termo "QE", o nosso ministro da Fazenda, que já era o Guido Mantega, fazia críticas ao modelo cambial chinês.
"A China só pensa em si própria. Se outros países fizeram algo parecido, é algo ruim. O câmbio flutuante é o melhor regime porque consegue corrigir problemas", dizia então o ministro.
Ainda assim, de lá para cá, nenhum mudança foi verificada em termos de política cambial na China.
"Nossa moeda valorizada é, e continuará sendo, um convite para que países muito mais cautelosos e ágeis nessa matéria, como a China, se beneficiem em terceiros mercados e se habilitem a abastecer nosso dinâmico mercado interno", notava, na mesma época das críticas de Mantega, Júlio Gomes de Almeida, ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, e professor de economia da Unicamp.
Fonte: Brasil Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário