Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Moedas de emergentes voltam a desvalorizar frente ao dólar

Segundo levantamento da Austin Rating feito para o Brasil Econômico, de 1 a 7 de novembro, o Real ficou em quarto lugar no ranking das moedas mais desvalorizadas do mundo em comparação à moeda norte-americana

A semana em que os Estados Unidos apresentaram resultados econômicos positivos foi a mesma que marcou mais uma rodada de desvalorizações das moedas de países emergentes em relação ao dólar. O processo é o mesmo ocorrido em junho deste ano e reflete a perspectiva de início da redução do programa do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que injeta mensalmente US$ 85 bilhões na economia do país, que deverá ser seguido por aumento do juros e consequente atração de capitais mundiais para o país.

Levantamento feito para o Brasil Econômico pela agência de risco Austin Rating com 149 divisas entre os dias 1° e 7 de novembro mosta que algumas moedas emergentes já acumulam desvalorização de quase 15% fente à moeda norte-americana. No ranking, o real ocupa a quarta posição, com recuo de 4,11%.

O dalasi, da africana Gambia, foi o campeão com 14,25% de desvalorização. Em seguida, dois emergentes. A coroa tcheca caiu 7,37% com as operações do banco central do país no mercado de câmbio. Na terceira posição no ranking aparece um parceiro brasileiro nos Brics. A África do Sul e seu rande recuaram 4,3% diante do dólar.

"A economia sul-africana passa por um momento parecido com o que se vê no Brasil. Os dois países foram muito beneficiados pelo aumento da liquidez mundial depois da crise financeira de 2008. Parte da desvalorização do real e do rande se deve aos movimentos de retirada de recursos depois da indicação dos Estados Unidos de que a liquidez vai diminuir. É o efeito natural da mudança de perspectiva de risco e de retorno", explica Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

Os primeiras sinais do Fed sobre o fim do período de liquidez mundial surgiram em meados deste ano. Entre 1° de maio e 14 junho desse ano, as notícias sobre a possível retirada do programa provocou recuos ainda mais intensos nas moedas de emergentes. Naquele período, o rande mergulhou 11,1%, o real caiu 6,7%, e o peso mexicano recuou 4,7%. "Há um aumento claro na demanda pela moeda americana", conta Agostini. Na pesquisa feita na semana passada, o peso mexicano desvalorizou-se 1,96%, o rublo russo caiu 1,43% enquanto a rúpia indiana recuou 2%.

O peso colombiano aparece na pesquisa com desvalorização de 2,09%, mostrando que a desvalorização do real está bem acima de alguns de suas pares. "O componente doméstico, como o déficit público e o da balança comercial, é a diferença entre a variação do real e das outras moedas de emergentes ou mesmo da América Latina", comentou Rodolfo Oliveira, economista da Tendências e crítico dos fundamentos da política econômica atual. "Temas internos afetam a percepção do investidor estrangeiro. Aumentam a percepção de fragilidade nesse momento importante de mudança", pontua Camila de Faria Lima, economista da gestora Peninsula.

Feriados não garantem descanso para moedas de emergentes

A volatilidade do real e de outras moedas de emergentes devem prosseguir essa semana. "A tendência é de alta. Mas é bom destacar que a palavra está com o Fed", avisa Luciano Rostagno, economista-chefe do Banco Mizuho. A agenda da semana reserva um feriado nos Estados Unidos, nesta segunda-feira, e outro no Brasil, na sexta-feira. O ínterim, entretanto, está recheado. Na tarde da terça-feira, a diretora Narayana Kocherlakota, do Fed, e seus colegas Dennis Lockhart e Richard Fisher comentam os resultados divulgados pelo banco central americano na semana passada. O crescimento de 2,8% do PIB anualizado - acima de projeção de 2% - e a criação de 204 mil vagas de trabalho - contra previsão de 120 mil - também serão repercutidos pelo presidente do Fed, Ben Bernanke, na noite de quarta-feira.

Os números indicam aquecimento da atividade econômica nos Estados Unidos, o principal argumento para a retirada dos estímulos econômicos ainda sem data definidida pelo Fed. "Os diretores já disseram que qualquer decisão virá com base nos dados, e o mercado de trabalho tem um peso muito grande. Apesar disso, acho pouco provável que a política mude ainda este ano", adianta Camila, da Peninsula. A única certeza sobre as moedas emergentes é que elas continuam pressionadas pelo o que ocorre nos Estados Unidos.

Fonte: Brasil Econômico

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