Com noticiário econômico intenso, a semana que passou trouxe esclarecimentos importantes para as eleições:
1) A inflação não está domada, mesmo para um governo que considera 5,8% ao ano um bom negócio.
A gasolina subiu menos do que queria a Petrobras, num sinal de preocupação com os preços. O Banco Central subiu os juros para 10%, mas, ao contrário do que se esperava, não deu um sinal claro de mais moderação daqui para a frente.
A inflação pode acelerar perto das eleições se houver a temida alta do dólar, em caso de recuperação da economia dos EUA. Esse é o risco político mais imediato.
2) A privatização petista funciona e será defendida, ainda que possa causar incômodos internos no partido.
Depois do sucesso no leilão dos aeroportos do Rio e de Minas, uma rodovida federal foi concedida ao setor privado com boa disputa, num sinal de que algo, enfim, começou a dar certo na política econômica.
O governo dirá na campanha que não vende estatais, mas faz concessões que geram receita e investimentos. “O modelo, meu querido, é meu”, vanglorioi-se Dilma Rousseff. A oposição, que não tem críticas a fazer, já começou a perder esse debate de novo.
3) O governo vai gastar sem parar, pelo menos até o dia das urnas.
Não haverá corte, ajuste, consolidação ou qualquer outra palavra ao gosto do mercado credor, porque o governo não acha necessário, a política não permite e nem mesmo há condições técnicas para conter a escalada das despesas
Os grandes gastos, quase todos na área social, já estão contratados. As despesas criadas pelo Congresso vão se tornar obrigatórias por lei. O que não tem remédio remediado está, até o próximo governo em 2015.
4) Os críticos serão tratados como inimigos, porque eleição não é hora de refletir e reconhecer erros.
Aliás, para Dilma, momentos de autocrítica são raros independentemente do calendário. A presidente comemora o sucesso dos leilões de concessão com ataques a “todos aqueles pessimistas, os incrédulos” e a todo tempo menciona “os que apostam contra o Brasil”.
Ao anunciar mais um resultado fraco das contas, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, também se valeu do ataque a inimigos anônimos; no caso, “alguns do mercado”, supostamente interessados em semear temores em benefício próprio.
Fonte: Folha de S. Paulo
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