Em 2009, 66% dos carros flex eram abastecidos com álcool, número que caiu para 23% este ano por causa do subsídio ao preço da gasolina.
RIO - A política do governo de subsídio ao preço da gasolina fez o consumo de etanol despencar no País. Um estudo feito pela Petrobrás mostra que apenas 23% dos brasileiros com carros flex abasteceram com etanol este ano, porcentual muito inferior aos 66% registrados em 2009.
Na apresentação, a gerente de Planejamento de Marketing e Comercialização de Combustíveis da estatal, Rosane Piras Lodi, lembra que a perda de participação do etanol para a gasolina alcançou patamares de períodos anteriores à popularização da tecnologia flex fuel.
O diretor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Antônio de Pádua Rodrigues, reclama que a política do governo de controle do preço da gasolina tirou competitividade do setor. Isto porque, ao contrário do etanol, a gasolina não acompanhou a tendência dos preços no mercado internacional.
Além da perda de competitividade, para Pádua o que mais incomoda é a falta de previsibilidade nos preços. Cenário que pode melhorar com a perspectiva de a Petrobrás adotar uma nova metodologia de reajustes. O tema que será definido até a reunião do conselho de administração da estatal de 22 de novembro.
A maior previsibilidade é bem vista pelos produtores de etanol, que não abandonam a cautela. "Não há nenhum perspectiva de retomada das instalações de etanol se não houver um cenário de previsibilidade", disse Pádua.
Plínio Nastar, da consultoria Datagro, também acredita que a simples adoção de uma nova metodologia de preços não é suficiente para resolver os problemas de desequilíbrio criados ao longo de anos de subsídios à gasolina. A estratégia de controlar o preço do insumo tirou competitividade da indústria de etanol no País, jogando por terra as esperanças do setor de decolar, o que parecia bem encaminhado no início do primeiro governo Lula com o apoio a expansão dos carros flex.
Com o subsídio, o governo mirou o controle da inflação. Modelo que deteriorou o balanço financeiro da Petrobrás e deixou a companhia sem poder de fogo para tocar seu pesado plano de investimento, orçado em US$ 236,5 bilhões até 2017.
Para se ter ideia da crise no setor, nos últimos dois anos, apenas duas novas usinas foram abertas. No mesmo período, 57 fecharam as portas, segundo dados da Datagro.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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