Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Três fórmulas distintas para crescer

Sairam as notas das maiores economias do mundo: os Estados Unidos cresceram a uma taxa anual de 2,8% no terceiro trimestre, o Japão, 1,9% e a zona do euro, míseros 0,4%.

São três grandes economias, três políticas econômicas distintas e três resultados bem diferentes. É quase como se elas estivessem fazendo um experimento econômico em tempo real.
Com certeza, uma comparação representativa é mais complexa que olhar apenas para o crescimento trimestral. As políticas econômicas governamentais são cruciais, mas não o único fator. Além disso, enquanto os EUA têm uma população em crescimento, o Japão e a Europa, não. Então é natural que eles vão crescer mais devagar.

E as três economias estão em pontos diferentes de seus ciclos econômicos: a economia americana tem se expandido, embora lentamente, por 17 trimestres. O Japão, por quatro. A zona do euro, por apenas dois.

Ainda assim, o contraste de suas políticas econômicas oferece algumas lições.

Nos EUA, o Federal Reserve, banco central, pisou no acelerador monetário enquanto o Congresso está pondo o pé no freio dos gastos. "A política fiscal tem trabalhado de forma contrária à política monetária", disse Janet Yellen na quinta-feira passada, durante a sabatina para a sua nomeação para ser a próxima presidente do banco.

Sim, a economia dos EUA está crescendo, mas, nos últimos 18 meses, a taxa de crescimento tem ficado, na média, abaixo de 2% — e isso não está nem perto do ritmo necessário para levar os EUA de volta à prosperidade. Os EUA ainda têm 1,5 milhão de empregos a menos do que tinha antes da recessão.

Há um forte argumento de que a economia estaria se saindo melhor se o Congresso facilitasse os gastos de curso prazo, talvez como parte de um acordo para desacelerar futuros aumentos de gastos. Economistas dizem que cortes de gastos e aumento de impostos desaceleram o crescimento econômico.

Essa é uma das razões pela qual o Fed vem imprimindo muito dinheiro e comprando tantos títulos. As primeiras reuniões nesta semana do comitê da Câmara e do Senado que tem a missão de fechar um acordo orçamentário sugerem que a mensagem — menos corte do déficit agora, mais corte do déficit depois — não está vingando.

No Japão, diferentemente, a política fiscal e a política monetária desde que o primeiro-ministro Shinzo Abe assumiu o poder no fim de 2012 têm estado em boa sintonia — e os resultados iniciais são positivos.

Embora o ritmo do crescimento tenha desacelerado no terceiro trimestre, o Japão está crescendo de novo e exibindo autoconfiança e otimismo. A agressividade do Banco do Japão está fazendo progressos tangíveis contra a deflação, que tem atormentado o Japão por anos.

As políticas econômicas importam.

Muita coisa poderia dar errado, claro. Um aumento que está por vir no imposto sobre o consumo no Japão, se não compensado por outras mudanças no orçamento, pode ser problemático. Mas ao menos o Japão está tentando. Como disse outro dia um experiente observador da economia mundial, que não quer ser citado: "Era isso ou nada. Nada não tinha chance de funcionar. Isso tem uma pequena chance".

E há a zona do euro.

A região está vendo um crescimento horrível e um alto índice de desemprego acompanhado de uma inflação de apenas 0,7% ao longo dos últimos 12 meses, bem abaixo da meta do Banco Central Europeu, de cerca de 2%.

A zona do euro tem desafios únicos. Ela tem 17 países. Tem uma política monetária, mas não uma política fiscal. Regulações arcaicas sufocam o crescimento e é difícil mudá-las devido aos diferentes interesses nacionais. Ao contrário dos EUA, a Europa não obrigou os seus bancos a reforçarem suas reservas de capital, abalando ainda mais a confiança e o crédito.

Mas a leitura desanimadora do PIB da zona do euro no terceiro trimestre indica que nem a política fiscal nem a monetária está fazendo o suficiente para impulsionar a economia.

No fronte fiscal, as fracas economias do sul da Europa estão sendo forçadas a cortar gastos e elevar impostos. As economias fortes estão relutantes em compensar isso adotando políticas que estimulam o consumo doméstico e o investimento. E a política monetária do BCE tem sido tímida se comparada à dos bancos centrais do Japão e dos EUA.

Três economias, três abordagens políticas. Nos EUA, a política fiscal e política monetária estão pressionando para direções opostas. No Japão, elas estão pressionando na mesma direção. E na Europa, elas não estão pressionando na direção certa.

A última fundamental: a política não é impotente. Mas tem que ser usada com sabedoria.

Fonte: The Wall Street Journal

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