SÃO PAULO, 14 Nov (Reuters) - Aumentos de preços de aço e de produção de minério de ferro devem alavancar os resultados da Companhia Siderúrgica Nacional nos próximos meses, após lucro acima do esperado no terceiro trimestre, disseram executivos da CSN e analistas nesta quinta-feira.
A empresa deve concluir até o final do mês negociações para aumento nos preços de aço vendido a montadoras de veículos a partir de 2014, disse o diretor comercial da área, Luis Fernando Martinez em teleconferência, sem comentar sobre eventual alta de 5 a 10 por cento, citada por analista.
Já o volume de vendas das operações siderúrgicas da companhia podem melhorar marginalmente, enquanto os preços no mercado doméstico seguirão em situação favorável nos próximos meses, disse Martinez, adicionando que prêmio sobre aço - diferença entre o valor cobrado no Brasil e no exterior- é sustentável.
"Acredito que o patamar de 7 a 12 por cento é sustentável levando em consideração a oferta e demanda, competitividade dos setores e o nível de importação", disse o executivo. "Com o câmbio como está, fica mais ainda", acrescentou.
As ações da CSN registraram nesta quinta-feira a maior alta intradiária em duas semanas, com otimismo do mercado de que o forte desempenho operacional continuará no quarto trimestre. Os papéis chegaram a subir 6,7 por cento. No fim, reduziram a alta para 3,7 por cento, a 12,62 reais.
"Acreditamos que os fortes preços de aço possam repercutir no quarto trimestre, aliados a preços elevados de minério de ferro, criando um risco de valorização em relação às nossas estimativas de curto prazo", disse Andreas Bokkenheuser, analista do UBS em Nova York.
A CSN teve lucro líquido de 502,88 milhões de reais no trimestre, acima da expectativa média de 433 milhões de reais apurada pela Reuters com analistas do setor. Na comparação com o segundo trimestre, o resultado ficou praticamente estável, com oscilação positiva de 0,2 por cento.
Executivos da CSN evitaram fazer projeções para 2014, dizendo que a empresa ainda trabalha no orçamento.
MERCADO
Os resultados da CSN confirmaram o que a maioria dos investidores esperavam para as siderúrgicas brasileiras: preços mais altos de aços planos, combinados com impacto cambial positivo sobre exportações de minério de ferro, compensando a fraqueza no crescimento do volume de vendas.
Os resultados de Gerdau e da Usiminas mostraram melhor mix de vendas, lucros operacionais maiores e sinais de que meses de implantação de maiores controles de custos estão dando frutos.
As ações da CSN acumulam desempenho superior ao das rivais após preocupações sobre um possível plano de aquisições arriscadas pela companhia terem se mostrado exageradas.
O diretor de relações com investidores, David Salama, afirmou que a CSN não está envolvida em "nenhum tipo de operação vinculante" quando perguntado sobre o processo de venda de ativos da ThyssenKrupp nas Américas.
RECEITA RECORDE
A receita líquida da CSN subiu 15 por cento na comparação com o segundo trimestre e 23 por cento na relação anual, para 4,66 bilhões de reais, nível recorde, segundo a empresa. A cifra, entretanto, veio abaixo da expectativa média do mercado, de 4,85 bilhões de reais.
O preço médio de aço da empresa no Brasil subiu 5 por cento ante o segundo trimestre e a participação das vendas domésticas de aço e minério de ferro no total da receita caiu de 68 para 60 por cento.
Apesar do bom resultado operacional, as métricas de dívida da CSN, preocupação constante de analistas, se deterioraram. O investimento cresceu 38 por cento sobre o segundo trimestre, a 838 milhões de reais, enquanto a dívida líquida subiu cerca de 5 por cento, para 17,8 bilhões de reais, maior nível em um ano.
O fluxo de caixa livre, ou o volume de recursos disponível após pagamento a detentores de bônus e acionistas, ficou negativo em cerca de 610 milhões de reais, apesar dos fortes números operacionais, segundo estimativas da Reuters.
Segundo Salama, o desempenho financeiro da CSN no quarto trimestre terá impacto "importante", após acordo acertado pela companhia em setembro com o governo federal para cisão do projeto de construção da ferrovia Transnordestina, que aliviará as necessidades de investimento da empresa. .
O executivo evitou comentar qual será a opção a ser seguida pela empresa sobre pagamento de dívidas cobradas pela Receita Federal. O governo aprovou esta semana legislação que dá incentivos para a quitação de dívidas por multinacionais brasileiras prevendo opção de pagamento à vista com grandes descontos ou parcelamento em 15 anos.
Salama afirmou apenas que a diretoria da CSN deve entregar estudos sobre a nova regra ao Conselho de Administração da empresa "nos próximos dias". O prazo para as empresas aderirem à nova regra vai até o final deste mês, afirmou.
Fonte: Reuters Brasil
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