Os bancos da zona do euro reduziram seus empréstimos para o setor privado em outubro, enquanto o robusto mercado de trabalho alemão apresentou sinais de tensão, mostrando que a economia da região está tendo dificuldade em se firmar.
Ainda assim, um relatório sobre negócios e sentimento do consumidor em toda a área do euro mostrou melhora, indicando que a economia da região deve pelo menos se expandir pelo terceiro trimestre consecutivo durante os últimos três meses deste ano, embora a um ritmo muito lento.
Os dados divulgados ontem vão, provavelmente, manter a pressão sobre o Banco Central Europeu para tomar medidas adicionais nos próximos meses com o objetivo de estimular o crescimento do crédito, com por exemplo medidas como uma nova rodada de empréstimos baratos a bancos.
Além disso, uma análise mais detalhada dos números da inflação divulgados ontem podem aliviar algumas preocupações recentes sobre a ameaça de deflação, aliviando a pressão sobre o BCE para que tome uma decisão na sua reunião da próxima semana. A inflação anual na Alemanha aumentou para 1,6% em novembro, ante 1,2% no mês passado, com base nas definições de dados da Europa. Os preços ao consumidor na Espanha subiram 0,3% em relação ao ano anterior, enquanto que em outubro eles tinham se mantido estáveis. A taxa da Bélgica também aumentou ligeiramente.
Como resultado, os economistas do Commerzbank CBK.XE +1.16% dizem que a inflação anual na zona do euro provavelmente acelerou de 07,% em outubro, a taxa mais baixa em quatro anos, para 0,9% em novembro. O cenário em outubro levou o BCE a reduzir a taxa básica de juros, no início do mês, para 0,25%. O BCE estabeleceu a meta de inflação anual em pouco abaixo de 2% no médio prazo. Os dados de preços para a zona do euro devem ser divulgados hoje.
Os empréstimos para o setor privado caíram 2,1% em outubro com relação ao mesmo período do ano anterior, informou o BCE ontem, depois de uma queda de 2% em setembro. Uma ampla medida de oferta monetária caiu bruscamente para apenas 1,4% de crescimento na variação anual, sugerindo que as pressões inflacionárias permanecem ausentes no bloco do euro.
"Os bancos provavelmente acreditam que a situação econômica e as perspectivas de muitos países da zona do euro ainda fornecem um cenário incerto e arriscado para empréstimos, apesar de a zona do euro ter obtido um crescimento modesto desde o segundo trimestre", escreveu Howard Archer, economista do IHS Global Insight, depois da divulgação dos dados.
Os empréstimos para empresas diminuíram 12 bilhões de euros (US$ 16,3 bilhões) em outubro ante setembro, em termos ajustados, depois de uma queda de 10 bilhões de euros no mês anterior. Os empréstimos para famílias aumentaram em 1 bilhão de euros no mês após um crescimento de 6 bilhões de euros em setembro.
O BCE tem tomado várias medidas para ajudar os bancos durante a crise financeira — atendendo completamente suas necessidades de liquidez, reduzindo as taxas de juro para níveis recorde de baixa e suavizando regras colaterais. Mas os bancos ainda precisam ser capazes de transformar as políticas de dinheiro fácil do BCE em uma recuperação do crédito para o setor privado.
Isso tem instigado discussões entre muitos analistas que o BCE possa ter que tomar medidas ainda mais radicais para ajudar os bancos a recolocarem as empresas da zona do euro no rumo. Uma opção seria reduzir a taxa sobre os depósitos bancários feitos no BCE, por mais de um dia, do zero atual para um número negativo. Críticos temem, no entanto, que esta estratégia corroa os lucros dos bancos e acabe resultando na transferência dos custos aos consumidores, prejudicando qualquer benefício para a economia.
Vitor Constancio, vice-presidente do BCE, disse na quarta-feira que a possibilidade de um corte imediato na taxa de depósito é pequena, acrescentando que tal medida seria usada somente em circunstâncias extremas.
Outra opção seria o BCE anunciar mais empréstimos de longo prazo aos bancos.
Dois anos atrás, o BCE emprestou mais de um trilhão de euros aos bancos com vencimento em três anos. Embora isso tenha ajudado a estabilizar o sistema financeiro num momento de grande estresse, a medida pouco contribuiu para trazer de volta o crédito na economia real.
Enquanto isso, na Alemanha, o número de pedidos de seguro-desemprego, ajustado pela sazonalidade, aumentou em 10.000 este mês comparado com outubro, informou o governo alemão. O aumento foi quase o triplo dos 3.500 pedidos a mais que os economistas haviam previsto. Ainda assim, a taxa de desemprego na Alemanha se manteve em 6,9%, próximo de um mínimo recorde.
Já um índice que mede a confiança na economia da zona do euro, divulgado separadamente, subiu em novembro cerca de um ponto, para 98,5, segundo a Comissão Europeia. Essa melhora no índice, que o levou ao nível mais alto dos últimos dois anos, ocorreu na Alemanha, Espanha e Itália. Mas o sentimento na França piorou, enfatizando o cenário desanimador na segunda maior economia do bloco.
Fonte: The Wall Street Journal
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