Ao mesmo tempo em que as economias europeias mostram sinais de estabilidade e a economia dos Estados Unidos começa a despertar, algumas empresas enfrentam problemas em um mercado há muito considerado sua maior esperança: a China.
Empresas americanas e europeias investiram pesado nos últimos anos na China, com o objetivo se beneficiar da florescente classe média do país e de seu rápido crescimento econômico. Desde a recessão global, a China tem ajudado a compensar a queda livre nas vendas e lucros na zona do euro e as receitas estagnadas nos EUA.
Mas, os mais recentes resultados trimestrais revelam que a China tem arrastado muitas empresas para baixo, com a desaceleração do crescimento do país exacerbado por questões políticas e legais em indústrias como a de produtos de luxo e a farmacêutica. Tudo isso significa que as lentas vendas que persistiram durante boa parte da recuperação não deverão reagir tão cedo.
"Não se engane", disse Pierre Pringuet, diretor-presidente da fabricante de bebidas Pernod Ricard RI.FR +0.60% SA. "Quando um país cai de um crescimento de dois dígitos para 7,5%, há repercussões".
O crescimento do produto interno bruto da China subiu um pouco, para 7,8%, no terceiro trimestre. Essa expansão é de longe a maior entre as principais economias, mais ainda significa uma dolorosa redução em comparação com taxas anuais que chegaram a 14,2% em 2007. O efeito foi agravado para as fabricantes de medicamentos devido a uma investigação de suborno. As fabricantes de fórmula infantil sofreram com temores gerados por casos de contaminação, enquanto as fabricantes de produtos de luxo foram afetadas pela luta do governo contra a corrupção, que resultou na redução da prática de oferecer presentes para autoridades.
As vendas de empresas europeias grandes incluindo a Pernod Ricard, a farmacêutica Sanofi SA SAN.FR -0.53% e a gigante da publicidade Publicis Groupe SA PUB.FR -0.90% tiveram forte declínio na China no terceiro trimestre. Entre empresas americanas, a Microsoft Corp., MSFT -1.78% a farmacêutica Eli Lilly LLY -0.95% & Co. e a International Business Machines Corp. IBM +0.45% citaram fraqueza na China.
"A maior parte dos nossos negócios industriais continua vendo queda nas vendas na China", disse Lawrence Culp Jr., diretor-presidente da Danaher Corp., DHR -1.60% que produz filtros de água, equipamentos comerciais de impressão e dispositivos médicos e dentários.
Os resultados das empresas do índice Stoxx Europe 600 devem cair 14,6% e as receitas, 1,9%. Embora muitas empresas europeias tenham divulgado melhora no desempenho doméstico, a recuperação na zona do euro segue lenta. Os mercados em desenvolvimento são particularmente problemáticos, em parte porque muitas moedas caíram em relação ao euro.
"Se as surpresas continuarem nesse ritmo, essa pode ser a pior safra de resultados" no que diz respeito a faturamento, desde 2009, escreveu a investidores Nick Nelson, estrategista do UBS UBSN.VX -0.60% .
A desaceleração na China não afeta todos os setores de forma homogênea. Artigos relacionados com as vendas de carros, como pneus e peças, têm tido bons resultados. Gastos com a saúde e a melhoria do meio ambiente continuam fortes.
A General Electric Co. GE -1.13% anunciou um forte crescimento de 17% nos pedidos na China no terceiro trimestre, com a demanda por equipamentos para o setor de saúde crescendo 33%. As vendas chinesas da fabricante de equipamentos industriais e aeroespaciais United Technologies Corp. UTX -1.29% subiram 11%, ajudadas por fortes vendas de elevadores. E a Textron Inc. TXT -0.24% citou forte demanda no país, onde vendeu 14 helicópteros no trimestre.
A fabricante francesa de cosméticos L'Oréal SA OR.FR -1.01% registro um aumento de dois dígitos em suas vendas na China. "O fato de que o crescimento da China está perdendo um ponto, ou menos ou mais, não é significativo, e não deve mudar o ritmo de crescimento que temos atingido", disse o diretor-presidente Jean-Paul Agon.
Mas outros executivos dizem que o excesso de capacidade e preços enfraquecidos geram preocupações de que o crescimento industrial está desacelerando.
"Não estamos ouvindo o vasto otimismo oportunista que havia [...] um ano ou dois atrás", diz Jim Russell, estrategista de investimento de ações do Bank Wealth Management, dos EUA. "Para as empresas que acompanhamos, o crescimento não existe ou está desacelerando, pelo menos no terceiro trimestre".
Os resultados das empresas de tecnologia na China salientam como o ambiente macroeconômico se tornou nublado, diz ele.
A Microsoft informou que a China gerou resultados fracos no último trimestre, já que as condições econômicas "têm sido desafiadoras". A Cisco System Inc. e a Hewlett-Packard Co. HPQ +0.31% também citaram fraqueza na China.
A IBM registrou queda de demanda no país em todos seus negócios, especialmente em seu negócio de equipamentos para computadores, que registrou queda de 40% no faturamento. A China representa 5% da receita da IBM e as vendas totais da empresa no país caíram 22%.
Fonte: The Wall Street Journal
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