Com apenas um breve comunicado, a imprensa oficial chinesa informou o início e depois o fim da Terceira Plenária da atual liderança do Partido Comunista chinês. Mas não se tratou de uma mera reunião, e, sim, de uma cúpula que poderá trazer consequências profundas à China e reflexos ao mundo.
O termo reformas "compreensíveis" foi o sinal de que a plenária resultará em reformas significativas sob o governo do novo presidente, Xi Jinping, e de seu primeiro-ministro, Li Keqiang, que deverão ficar uma década no poder.
No entanto, os detalhes da nova política econômica foram deixados de lado no comunicado. As informações deverão emergir nas próximas semanas na imprensa oficial.
Até agora, a mensagem mais forte aventada pela imprensa estatal é a de que o mercado deve desempenhar um papel "decisivo" na economia do país comunista.
Isso reforça os objetivos dos líderes chineses, que é deixar as forças do mercado atuarem com mais liberdade na economia.
Não é fácil
As grandes três reformas fundamentais passam pela reformulação do mercado de capitais, do mercado de trabalho e o aumento da qualidade de vida dos trabalhadores e a reforma agrária.
Basicamente, todos os fatores de produção precisam ser reformados e boa porta dessa reforma passa pelo aumento da produtividade para fomentar o crescimento.
Essa não é uma tarefa fácil para qualquer economia, menos ainda para um país onde empresas estatais dominam o mercado financeiro e partes essenciais da economia.
O problema mora justamente nos detalhes de como essas reformas serão implementadas. E disso ainda não se sabe.
O comunicado também usou o termo "cruzando o rio e sentindo as pedras", uma expressão que revela cautela e que foi usada na Terceira Plenária do então líder Deng Xiaoping, em 1978, antes de um período de reformas profundas na China.
Fala-se que a frase é do próprio Deng, que comandou as reformas que começaram a abrir a economia chinesa ao mundo nos anos 1980.
Quando questionado como planejava deixar as forças do mercado agirem em uma economia planejada (ou seja, comunista) e conseguir êxito nessas reformas, Deng teria dito que isso se daria "cruzando um rio e sentido as pedras".
Em outras palavras, passo a passo, de forma pragmática. Essa é a receita das grandes reformas na China.
Deng Xiaoping
Vale lembrar que as reformas feitas por Deng foram consideradas graduais e não radicais. O modelo contrasta com o desmonte radical da economia que se deu em boa parte dos países da ex-União Soviética.
Já as reformas da China transformaram o país. Ao invocar o “espírito” de Deng Xiaoping, o presidente Xi Jinping e primeiro-ministro Li Keqiang talvez queiram indicar que a reforma em curso será igualmente transformadora, à medida que a China se abre a uma nova fase do crescimento de sua economia.
Até o momento, no entanto, as inquietações serão mais sobre a falta de transparência da política econômica do segundo maior PIB do mundo e suas implicações para o resto do mundo.
Fonte: BBC Brasil
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