SÃO PAULO, 7 Fev (Reuters) - O Banco Central acredita que um câmbio "menos volátil" ajudará no combate à inflação neste ano, assim como o crescimento do mercado de crédito mais moderado, afirmou à Reuters uma fonte da diretoria da autoridade monetária nesta quinta-feira, sob condição de anonimato.
Segundo a fonte, o IPCA em 12 meses continuará "um pouco acima de 6 por cento" até a virada do primeiro para o segundo semestre de 2013. O resultado do índice de janeiro, que mostrou alta mensal de 0,86 por cento e de 6,15 por cento no acumulado de 12 meses, preocupou o BC, mas a fonte defendeu que a "situação está sob controle".
"Tende a ceder bastante (a inflação no segundo semestre)", afirmou a fonte, lembrando que o próprio mercado enxerga o IPCA encerrando este ano menor do que está agora em 12 meses, como mostrou o Focus, com o IPCA a 5,68 por cento.
Isso porque, entre outras razões, o BC trabalha com cenário cambial "menos volátil" do que ocorreu em 2012. No ano passado, o dólar acumulou valorização de cerca de 20 por cento entre o fim de fevereiro, quando atingiu o piso do ano na casa de 1,70 real, e dezembro. "Não está, no nosso cenário, outra depreciação (cambial) como houve", afirmou a fonte.
Atualmente, o dólar tem sido negociado ligeiramente abaixo de 2 reais, com atuações do próprio BC. Para o mercado, o movimento mostra que o governo quer um dólar mais barato para tirar pressão sobre os preços.
Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana chegou a cair mais de 1 por cento --indo ao patamar de 1,9664 real na venda, o menor patamar intradiário desde maio de 2012--, com o mercado reagindo aos números de inflação e declarações do BC.
Questionada se o BC poderia elevar a taxa básica de juro Selic --hoje na mínima histórica de 7,25 por cento ao ano-- para conter a inflação, a fonte disse que vale o "que está escrito na ata" do Comitê de Política Monetária (Copom) de janeiro.
No documento, o BC piorou a perspectiva para inflação neste ano ao reforçar os riscos para os preços no curto prazo, mas sustentou que trabalha para a convergência no momento adequado para a meta, que é de 4,5 por cento com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Analistas, na época, fizeram duras críticas ao tom do documento, com avaliações de que o BC já não busca levar a inflação para o centro da meta em 2013, uma vez que o Copom piorou o cenário de preços sem indicar mudança na condução de política monetária.
OUTROS FATORES
A fonte da diretoria do BC explicou ainda que o aumento menor no salário mínimo e as recentes quedas nos preços de imóveis, com destaque para o aluguel, também ajudarão a segurar a inflação. O BC também trabalha com um cenário de crescimento "mais moderado", inclusive o voltado para consumo, o que ajuda a segurar os preços.
No ano passado, o mercado de crédito no país cresceu 16 por cento sobre 2011.
No entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem cobrado do setor financeiro mais força na concessão de crédito que, na avaliação dele, está "moderada demais".
Segundo a fonte do BC, o atual comportamento volátil de alguns preços, como em alimentos e bebidas, tende a acalmar neste ano. A inflação também será beneficiada pela expectativa de safra recorde, além das reduções nos preços das tarifas de energia elétrica implementadas recentemente.
Fonte: Reuters Brasil
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