Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sábado, 30 de novembro de 2013

China deve pôr seu peso a favor do acordo

Doze anos após sua entrada na OMC, a China chega à conferência de Bali com uma posição ambígua.
Embora tenha o peso de ser a segunda economia e o maior exportador do mundo, o país teme que o fracasso das negociações enfraqueça sua voz na definição das regras do comércio mundial nos próximos anos.

Um fiasco em Bali tornaria mais remoto o acordo global de comércio ambicionado pela Rodada Doha e fortaleceria a rota alternativa dos acordos de livre comércio.

Para Pequim, particularmente preocupante é a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês).

O ambicioso pacto negociado desde 2009 sob a liderança dos EUA tem envolvimento de 12 países, mas não da China, responsável por 30% do comércio mundial.

Eixo da estratégia do governo Obama para neutralizar a ascensão da China, a criação da TPP teria consequências globais, com potencial de definir a próxima geração de normas do comércio mundial, segundo especialistas.

"A conferência de Bali é um momento crucial para manter a relevância do sistema multilateral", disse à Folha Yu Yong Bing, do departamento de OMC do ministério do Comércio chinês.

A emergência da TPP cria um dilema para Pequim, observa James Parker, analista da revista "The Diplomat", especializada em geopolítica da Ásia-Pacífico.

Ficando de fora, perde a chance de delinear as normas que poderão reger o comércio e os investimentos.

Se participar, o país se abre a competição em condições pouco vantajosas.

"A China ainda está bem atrás de economias desenvolvidas na qualidade de seu nascente setor de serviços. Além disso, muitas de suas empresas dependem de benefícios do governo que sofreriam forte golpe com a TPP", escreveu Parker.

DETERMINAÇÃO

Diplomatas em Pequim que acompanham as negociações na OMC afirmam que a China está determinada a obter um acordo em Bali, mesmo que isso leve ao rompimento da tradicional aliança com outros países emergentes.

Isso significa que dificilmente a China repetirá o apoio que deu à Índia em 2008, quando foi perdida uma chance de acordo.

Assim como ocorreu cinco anos atrás, desta vez a Índia volta a despontar como o maior entrave a um entendimento, por suas exigências na negociação agrícola.

"A Índia é o maior fator de incerteza", disse um negociador chinês à Folha.

A China teme que um recuo persistente da Índia coloque por água abaixo o principal entendimento negociado em Genebra para a conferência de Bali, o de facilitação de comércio.

Maior exportador do mundo, o país tem óbvio interesse em agilizar o fluxo de mercadorias nas alfândegas, que é o objetivo do acordo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Acabar com o empate em Bali exigirá fôlego e sorte de Roberto Azevêdo, da OMC

Atrás da cadeira de Roberto Azevêdo, na sala de diretor-geral no quartel-general da OMC em Genebra, há um quadro retratando a cidade suíça que virou símbolo do multilateralismo.
Não estava ali quando ele chegou para comandar a entidade, em setembro deste ano, após longa e intensa campanha promovida pelo Itamaraty. Fora comprado por ele e a mulher, a também diplomata Maria Nazareth Farani Azevêdo, e levado para a sala por sugestão dela.

Genebra é muitas coisas para Azevêdo, engenheiro elétrico baiano de 56 anos, formado pela UnB e torcedor fanático do Fluminense, que decidiu tentar a carreira diplomática após ver a então namorada empolgada com o novo trabalho dela.

Foi ali, em uma viagem no fim dos anos 70, que começou a namorar Nazareth, com quem está casado há quase 32 anos; foi ali, como primeiro-secretário da missão brasileira em 1997, que se descobriu negociador.

Roberto Azevêdo, diretor-gerall da OMC
Roberto Azevêdo, diretor-gerall da OMC

E foi ali que, em uma segunda estada, após cinco anos à frente da missão do Brasil na OMC, chegou a um dos postos máximos da economia global, o primeiro brasileiro a fazê-lo, logo quando o sistema ameaça desabar.
Azevêdo é aquele tipo de unanimidade rara em diplomacia, visto como craque pela torcida e pelo adversário, e ainda com fome de jogo.

Ex-colegas e ex-subordinados, outros negociadores, colegas, parentes, jornalistas que o acompanham há anos costumam descrevê-lo como um enxadrista de temperamento calmo, soluções criativas, firmeza sutil e uma enorme capacidade de atrair a empatia dos interlocutores.

"Ele não gosta muito de ouvir isso, mas é uma pessoa extremamente metódica. É o engenheiro, trabalha dentro de uma matriz, olha as coisas com distanciamento e de todas as posições. Isso leva as pessoas a o enxergarem como um solucionador de problemas", diz Nazareth.

O casal, que se tornou conhecido por uma parceria de trabalho na qual ambos decolaram, tem duas filhas adultas, Paula e Luísa, e duas netas, Alice e Olívia.

"De todas as pessoas que vi negociarem na OMC, é a que mais me impressionou", afirma um advogado de um grande escritório americano que por meia década trabalhou na organização. "Levou processos do setor privado para lá, deu dinamismo, e consegue surpreender uma mesa de negociação."

Para uma funcionária com quase uma década de casa, "é o tipo de sujeito que deixa todo mundo à vontade quando entra na sala, mesmo que esteja lotada."

A calma e a persuasão do diplomata têm sido fundamentais nas madrugadas de negociação prévia em Genebra para fechar um acordo em Bali que destrave, ao menos um pouco, o fluxo comercial global.

Uma diplomata experiente, que teve em Azevêdo seu primeiro chefe, o descreve como um grande motivador, capaz de destravar projetos emperrados, cuja principal moeda é a credibilidade.

É comum ouvir que, "se alguém consegue, é ele". Mas é comum também haver dúvidas de que "mesmo ele" consiga. Ambicioso e incansável, o brasileiro tomou a missão como decisiva -para a entidade que comanda e para a própria carreira.

"A boa notícia é que chegamos muito perto de textos com consenso total", disse Azevêdo nesta semana ao concluir as negociações em Genebra, voltando ao papel de incentivador. "A má notícia é que deixamos de tomar as decisões difíceis (...). Se falharmos de novo, vamos nos arrepender ainda mais, a custos bem maiores."

Fonte: Folha de S. Paulo

Em momento raro, interesses de Brasil e EUA coincidem

Pela primeira vez em muitos anos, Brasil e EUA não serão antagonistas em uma negociação comercial. Os países compartilham interesses na agenda desidratada que será negociada em Bali, na semana que vem -principalmente porque não estão em discussão grandes mudanças nos subsídios agrícolas nem a abertura da indústria.
Mas os EUA, ao contrário do Brasil, já têm um plano B caso a Rodada Doha fracasse. O país negocia grandes acordos regionais como a Parceria Trans-Pacífico (TPP) e a Parceria Transatlântica para Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês) com a União Europeia.

Normalmente, Brasil e EUA discordam nas negociações multilaterais. O Brasil é ofensivo em agricultura e pressiona para que os EUA parem de subsidiar seus agricultores e de impor tarifas muito altas para importação de alguns produtos agrícolas.
Já os EUA cobram do Brasil tarifas menores sobre produtos industriais e uma política mais dura de proteção à propriedade intelectual.
sem arestas

Em Bali, será negociada apenas uma versão simplificada da agenda de Doha, que não causa muitos atritos entre americanos e brasileiros.

O pacote tem três pilares: facilitação de comércio, questões agrícolas e eliminação de barreiras para os países menos desenvolvidos.

Os dois países apoiam um texto ambicioso em facilitação de comércio, que tem como objetivo reduzir impostos, facilitar trâmite nas aduanas e reduzir o tempo que os produtos levam para cruzar fronteiras.

Já alguns dos países menos desenvolvidos querem que as nações ricas ajudem a financiar as mudanças necessárias para agilizar as aduanas e compensar a perda de receitas com redução de impostos.

Outra questão não controversa é o direito que os países menos desenvolvidos do mundo (LDC) teriam direito de exportar seus produtos sem tarifas ou cotas para países desenvolvidos, e sem oferecer reciprocidade.

A proposta lançada pelo Brasil para melhorar administração das cotas de importação também é abraçada pelos EUA, desde que a China também abra suas cotas para os países em desenvolvimento.

Os países têm a permissão da OMC para estabelecer cotas que prevêem tarifas menores para importação de certos produtos, de determinados países. Quando se esgota a cota, a tarifa sobe. Mas muitas vezes essas cotas não são preenchidas pelos países a que se destinam.

A ideia é conceder a países em desenvolvimento o direito de preencher as cotas quando os países "donos" não o fizerem.

Fonte: Folha de S. Paulo

Conferência da OMC em Bali vai ser prova de fogo do comércio multilateral

Na próxima semana, o futuro do sistema multilateral de comércio estará em jogo. Os ministros de 159 países se reúnem em Bali, na Indonésia, para a nona conferência ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), que começa na terça.

A discussão não é apenas sobre um acordo modesto, que contempla uma fração das ambições da Rodada Doha, lançada em 2001.
Se não for possível chegar a um entendimento sobre tão pouco, a credibilidade da OMC e da governança global baseada no consenso entre as nações ficarão em xeque.
"O fracasso em Bali vai ter grave consequências para o sistema multilateral de comércio", alertou o brasileiro Roberto Azevedo, diretor geral da OMC em discurso aos embaixadores dos países membros da entidade.

Isso não significa que o pacote de Bali seja desprezível.

Um acordo que reduza a burocracia nas aduanas pode significar quase US$ 1 trilhão de aumento no comércio global.

Os ministros chegam à Indonésia com dez textos já praticamente negociados, que incluem, além de medidas de facilitação de comércio, agricultura e desenvolvimento dos países pobres.

Nas últimas semanas, Azevedo impôs uma maratona de 150 horas de negociação na sede da OMC, em Genebra, em um ritmo que não se via desde 2008, ano em que a Rodada Doha esteve mais perto de ser concluída nos últimos 13 anos.

Mas as negociações prévias fracassaram, deixando aos ministros a difícil tarefa de demonstrar vontade política para obter sucesso no que os técnicos deixaram escapar.

Como em 2008, um dos vilões da negociação tem sido a Índia, embora EUA, Cuba e Egito, entre outros, resistam em temas específicos.

Os indianos recuaram e passaram a discordar de uma "cláusula da paz", que permitiria que, durante quatro anos, os países pobres não fossem questionados pelos subsídios provocados por programas de segurança alimentar. A Índia não quer um prazo definido.

"Fechar um acordo em Bali não é fácil e não é simples, mas também não é impossível", diz Paulo Estivallet, chefe do departamento econômico do Itamaraty.

Para o Brasil, a situação é especialmente delicada, porque o país jogou todas as suas fichas na OMC, o único fórum onde é possível discutir subsídios agrícolas, deixando de lado os acordos bilaterais.

Com Estados Unidos e União Europeia, os dois gigantes globais, negociando um acordo bilateral, o isolamento brasileiro e a preocupação com o futuro da OMC aumentam.

Fonte: Folha de S. Paulo

4 lições da semana sobre a economia e a eleição

Com noticiário econômico intenso, a semana que passou trouxe esclarecimentos importantes para as eleições:

1) A inflação não está domada, mesmo para um governo que considera 5,8% ao ano um bom negócio.

A gasolina subiu menos do que queria a Petrobras, num sinal de preocupação com os preços. O Banco Central subiu os juros para 10%, mas, ao contrário do que se esperava, não deu um sinal claro de mais moderação daqui para a frente.

A inflação pode acelerar perto das eleições se houver a temida alta do dólar, em caso de recuperação da economia dos EUA. Esse é o risco político mais imediato.

2) A privatização petista funciona e será defendida, ainda que possa causar incômodos internos no partido.

Depois do sucesso no leilão dos aeroportos do Rio e de Minas, uma rodovida federal foi concedida ao setor privado com boa disputa, num sinal de que algo, enfim, começou a dar certo na política econômica.

O governo dirá na campanha que não vende estatais, mas faz concessões que geram receita e investimentos. “O modelo, meu querido, é meu”, vanglorioi-se Dilma Rousseff. A oposição, que não tem críticas a fazer, já começou a perder esse debate de novo.

3) O governo vai gastar sem parar, pelo menos até o dia das urnas.

Não haverá corte, ajuste, consolidação ou qualquer outra palavra ao gosto do mercado credor, porque o governo não acha necessário, a política não permite e nem mesmo há condições técnicas para conter a escalada das despesas

Os grandes gastos, quase todos na área social, já estão contratados. As despesas criadas pelo Congresso vão se tornar obrigatórias por lei. O que não tem remédio remediado está, até o próximo governo em 2015.

4) Os críticos serão tratados como inimigos, porque eleição não é hora de refletir e reconhecer erros.

Aliás, para Dilma, momentos de autocrítica são raros independentemente do calendário. A presidente comemora o sucesso dos leilões de concessão com ataques a “todos aqueles pessimistas, os incrédulos” e a todo tempo menciona “os que apostam contra o Brasil”.

Ao anunciar mais um resultado fraco das contas, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, também se valeu do ataque a inimigos anônimos; no caso, “alguns do mercado”, supostamente interessados em semear temores em benefício próprio.

Fonte: Folha de S. Paulo

Reforma na China pode afastar investimento do Brasil

Possibilidade de aportes em infraestrutura e foco no aumento do consumo interno vai atrair o mesmo perfil de investimento do Brasil

São Paulo - A ampla reforma proposta pelo governo da China prevê a redução de barreiras para a entrada de capital estrangeiro no país. A participação de investidores privados em empresas estatais vai aumentar em até 15% e setores-chave da economia, como serviços e tecnologia, poderão receber aportes de companhias internacionais. Estas metas podem contribuir para afastar o interesse do investidor estrangeiro pelo Brasil. 

Há 28 anos, a China recebe mais Investimento Estrangeiro Direto (IED) do que o Brasil. Há 19 anos, é o segundo maior alvo de investimento internacional, atrás apenas dos Estados Unidos. O baixo custo para implantação de fábricas e asfacilidades para exportação são, historicamente, seus principais atrativos. No entanto, a reforma prevê impulsionar também o consumo interno, justamente o principal trunfo do Brasil para atrair capital externo.

"Estamos em situação ingrata. Ao mesmo tempo em que continuamos sendo um polo de atração de investimentos, o volume desses aportes vêm decrescendo desde o ano passado. A tendência é que diminuam ainda mais como reflexo da redução do consumo interno [efeito do fraco desempenho da economia], e este é justamente o quesito que a China deve incrementar", afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transacionais e Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso Lima.

IED

No ano passado, o Brasil recebeu aportes de US$65 bilhões e ocupou a quarta colocação no ranking do fluxo de IED da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad). A previsão é que o valor encolha para US$ 60 bilhões neste ano. A China figurou em segundo lugar nesta lista, ao receber US$ 212 bilhões de IED em 2012.

Na avaliação do especialista em economia internacional da Fundação Instituto de Administração (FIA) José Roberto de Araújo, o que mais pode prejudicar o interesse dos investidores pelo Brasil nos próximos anos é a baixa taxa de crescimento.

"Quando as empresas estudam alocar os recursos em outro país, a avaliação é sempre de longo prazo. Neste quesito, enquanto a China mostra potencial de crescimento a taxas superiores a 4% ao ano, o Brasil precisa ainda colocar em prática as reformas [política e tributária] para que o PIB cresça acima de 3%. Caso isso não aconteça, vamos deixar definitivamente de figurar entre os cinco principais mercados", disse. O economista prevê que a China deve cada vez mais atrair mais investimentos que o Brasil. "Por lá, as decisões tomadas são implementadas. Aqui, há muita discussão e pouca ação", criticou Araujo.

Lima, da Soobet, destaca que o aumento da porcentagem para investimento estrangeiro nas estatais chinesas, abre espaço para a entrada também na área de infraestrutura, em companhias de serviços de transporte, energia e saneamento. "Podemos prever um aumento da intensidade de investimento direto na China não mais em plantas novas e também em plantas já existentes, essa é a novidade", afirmou.

Em uma visão mais otimista, o diretor do BricLab da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo, não considera as mudanças na China como uma ameaça. "Uma parte substantiva de investidores estrangeiros não têm confiança de fazer aportes neste país por conta das falta de clareza nas regras de investimento. As regras de governança dos fundos de pensão dos Estados Unidos ou Europa, por exemplo, não permitem a compra de participação em empresas chinesas", afirmou.

No entanto, o sócio-fundador do Noronha Advogados, com escritórios em Pequim e Xangai, Durval de Noronha Goyos Junior, defende que a insegurança jurídica se assemelha com a do Brasil, uma vez que o governo identifica e procura atacar as vulnerabilidades. "A China é um país em desenvolvimento e as regras foram gestadas em 2001, depois da aprovação da nação na Organização Mundial do Comércio", disse.

Fonte: Brasil Econômico

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Usinas de etanol dizem que reajuste da gasolina não eleva competitividade

SÃO PAULO, 29 Nov (Reuters) - O aumento de 4 por cento no preço da gasolina nas refinarias anunciado pela Petrobras poderia significar uma leve e pontual melhora na competitividade do etanol, mas o aumento de 8 por cento no diesel deve neutralizar qualquer benefício para as usinas, disse nesta sexta-feira a entidade que representa as principais empresas do setor sucroenergético.

"O impacto da alta do diesel no custo de produção do etanol é muito significativo. Devido ao grau de mecanização hoje na atividade agrícola, o diesel mais caro afeta plantio, colheita, carregamento e transporte", disse o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Antonio de Padua Rodrigues, em nota.

A Unica afirmou que persiste a "falta de previsibilidade na formação do preço da gasolina", considerada um dos maiores obstáculos para mais investimentos no setor de açúcar e etanol, incluindo a construção de novas usinas.

"Continuamos sem um sistema, uma fórmula com parâmetros claros e estáveis, que torne possível entender qual o embasamento para manter ou ajustar o preço da gasolina", disse o diretor da Unica.

O preço da gasolina é considerado um limitador para o preço do etanol e para a renda das usinas, porque para ser atrativo ao consumidor, o biocombustível precisa ser vendido nos postos a no máximo 70 por cento do valor da gasolina.

Fonte: Reuters Brasil

Sob nova política de preços, Petrobras reajusta gasolina em 4%

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 29 Nov (Reuters) - A Petrobras anunciou nesta sexta-feira elevação média do preço da gasolina nas refinarias no país em 4 por cento e do diesel em 8 por cento, já atendendo aos princípios de uma nova política de preços da estatal.

O reajuste entrará em vigor às 0h de 30 de novembro, segundo fato relevante.

Tanto um reajuste pontual dos combustíveis quanto uma nova metodologia de precificação da gasolina e do diesel eram aguardados com ansiedade pelo mercado, porque podem dar fôlego financeiro à empresa, que sofre com um caixa apertado e alto endividamento.

No entanto, o comunicado da petroleira não sinalizou claramente como funciona a nova política de preços.

"Por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia", disse a empresa.

O Conselho da Petrobras esteve reunido em São Paulo nesta sexta-feira, com a presença de seu presidente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da presidente-executiva da estatal, Maria das Graças Foster.

Segundo documento após o encontro do Conselho, a metodologia pretende assegurar que os indicadores de endividamento e alavancagem da Petrobras retornem aos limites estabelecidos no Plano de Negócios 2013-2017 em até 24 meses, considerando o crescimento da produção de petróleo e a aplicação da política de preços de combustíveis.

O plano atual da estatal prevê alavancagem menor que 35 por cento. No encerramento de setembro, a relação entre dívida e patrimônio líquido estava em 36 por cento.

Outro objetivo da Petrobras é alcançar a convergência dos preços no Brasil com as referências no exterior em prazo compatível, mas sem "repassar a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor doméstico", segundo a companhia.

Uma fonte com conhecimento do tema disse, sob condição de anonimato, que a Petrobras não fará reajustes imediatamente após o preço do petróleo subir ou recuar no exterior, mas deverá aguardar por algum período para então repassar a variação ao mercado doméstico.

O lucro da Petrobras no terceiro trimestre veio bem abaixo da previsão de analistas, com queda de 39 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, com impacto principalmente da importação elevada de derivados por um preço acima do praticado no Brasil.

No fim de outubro, a diretoria da Petrobras apresentou ao Conselho uma proposta de metodologia de preços prevendo reajustes automáticos e periódicos de combustíveis, mas enfrentou resistência dentro do governo, por ser vista como uma maneira de indexar a economia.

EFEITO NA BOMBA E INFLAÇÃO

A Petrobras não divulgou uma expectativa de qual será o impacto do reajuste nos postos de combustíveis.

A economista Basilik Litvac, da MCM Consultores, calcula um aumento da gasolina de 2,8 a 3 por cento e do diesel de 6 por cento na bomba. Na inflação oficial, o impacto total da alta dos combustíveis deve ser de 0,12 ponto percentual no IPCA de dezembro.

As projeções da economista estão alinhadas com as de um representante do setor de petróleo, que disse à Reuters que o reajuste da gasolina terá impacto de 3 por cento ao consumidor, enquanto o do diesel deverá variar de 6 a 7 por cento na bomba.

É o segundo aumento da gasolina em 2013, depois dos 6,6 por cento nas refinarias em janeiro. Para o diesel, trata-se do terceiro reajuste, após os aplicados em janeiro e março, de 5,4 e de 5 por cento, respectivamente.

Fonte: Reuters Brasil

Bovespa cai 3,27% em novembro após quatro meses de alta

SÃO PAULO, 29 Nov (Reuters) - Apesar de ter fechado em alta esta sexta-feira, o principal índice da Bovespa não conseguiu apagar as perdas acumuladas em novembro e pôs fim a uma série de quatro meses de ganhos, com especialistas prevendo um cenário incerto para dezembro.

O Ibovespa fechou a última sessão do mês com avanço de 1,23 por cento, a 52.482 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 5,4 bilhões de reais.

No mês, o índice acumulou queda de 3,27 por cento.

Embora os índices norte-americanos Dow Jones e S&P 500 tenham quebrado repetidamente novos recordes neste mês, o Ibovespa não pegou carona no movimento externo e ampliou a queda em 2013 para 13,90 por cento.

"Em que pese o mercado norte-americano ter subido bem, buscando novos recordes, não temos conseguido produzir fatos internos que aproveitem esse movimento", afirmou o especialista em renda variável Rogério Oliveira, da Icap Brasil.

Para ele, se a bolsa paulista melhorar em dezembro, deve ser dentro da ótica de que caiu muito, podendo chegar aos 53.200 pontos e não perdendo o suporte dos 51.200 pontos.

Em novembro, atingiram a Bovespa renovadas preocupações com a deterioração do cenário fiscal brasileiro e temores de um eventual rebaixamento da nota de crédito soberano. Tais fatores mantiveram negativo o sentimento quanto ao desempenho da economia doméstica.

"O superávit primário de outubro veio abaixo do esperado, a inflação segue resiliente e estamos trabalhando com um cenário de taxas de juros mais altas", afirmou o analista Marcelo Torto, da Ativa Corretora.

Segundo ele, as falas divergentes de integrantes do banco central norte-americano sobre o futuro de seu programa de estímulos monetários, que tem sustentado os fluxos de liquidez para mercados emergentes, também trouxeram volatilidade à bolsa brasileira.

Além do cenário macroeconômico, papéis de grande peso no Ibovespa como os do setor financeiro contribuíram para acentuar o movimento de queda.

Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou julgamento sobre a correção das cadernetas de poupança por prejuízos com planos econômicos das décadas dos anos 1980 e 1990.

O desfecho do julgamento ficará para o ano que vem, mas a possibilidade de que uma decisão favorável a poupadores traga um impacto financeiro enorme para os bancos causa desconforto entre investidores.

Por sua vez, a preferencial da Petrobras recuou 6,4 por cento no mês, embora tenha subido 2,47 por cento nesta sexta-feira.

A estatal sofreu em meio à incerteza sobre a aprovação de um metodologia de precificação de combustíveis, cuja defasagem no mercado interno tem prejudicado o caixa da companhia.

Na opinião do estrategista-chefe do Crédit Agricole, Vladimir Caramaschi, a aprovação de um reajuste dos combustíveis seria uma boa notícia, mas resolveria apenas um dos problemas na mira de investidores.

"A bolsa não sai da banda atual há algum tempo, e, se houver algo que rompa muito forte esse canal, deve ser para baixo. Há a chance de ocorrer uma correção nos mercados lá fora em algum momento no curto prazo, o que pesaria aqui", disse.

Dezembro também será marcado por ajustes à nova carteira teórica do Ibovespa, depois de a BM&FBovespa ter anunciado a primeira mudança na metodologia do índice em 45 anos.

A primeira prévia da próxima carteira, que vai vigorar de janeiro a abril de 2014, será divulgada na segunda-feira.

Fonte: Reuters Brasil

Brasil tem primário de R$6,2 bi, pior outubro da história, e coloca meta ainda mais longe

BRASÍLIA, 29 Nov (Reuters) - O setor público brasileiro registrou superávit primário de 6,188 bilhões de reais em outubro, pior resultado para esses meses e muito aquém das expectativas, piorando ainda mais o cenário fiscal do país e colocando o cumprimento da meta ajustada para o ano cada vez mais longe.

A economia para pagamento de juros, divulgada nesta sexta-feira pelo Banco Central, ficou abaixo do esperado por especialistas em pesquisa Reuters, de saldo positivo de 9,75 bilhões de reais.

Em 12 meses até outubro, o primário foi equivalente a 1,44 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), longe dos 2,3 por cento da meta ajustada para 2013 e o pior desempenho para o período desde novembro de 2009.

O BC informou ainda que o déficit nominal --receitas menos despesas, incluindo pagamento de juros-- ficou em 11,528 bilhões de reais no mês passado, também recorde para outubro e pior que o esperado (8 bilhões de reais), enquanto a dívida pública subiu a 35,1 por cento do PIB, ante 35 por cento de setembro.

Diante da saraivada de números ruins, o mercado considera que não há chances de cumprimento da meta ajustada. "Entregar ou não entregar a meta já não é importante. Importante é o ajuste (fiscal) que não está sendo feito", afirmou o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.

O próprio governo já deu sinais reconhecendo que a meta ajustada não será atingida. Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo central entregará superávit primário neste ano de 73 bilhões de reais e que o restante da meta dependerá do desempenho de Estados e municípios, que devem registrar primário de 23 bilhões a 26 bilhões de reais.

Com isso, e levando em consideração que o governo central faria primário de 73 bilhões de reais, o resultado ficaria abaixo de 100 bilhões de reais da meta ajustada.

GOVERNO CENTRAL

Ainda segundo o BC, o governo central --governo federal, Previdência e Banco Central-- registrou superávit primário de 5,257 bilhões de reais em outubro, praticamente a metade dos 10,061 bilhões de reais vistos um ano antes.

Os Estados e municípios fizeram economia de 694 milhões de reais em setembro, também bem pior do que o superávit de 2,412 bilhões de reais em outubro de 2012. Somente as estatais melhoraram seus desempenhos neste período, com primário de 238 milhões de reais, quase três vezes mais.

A meta cheia de superávit primário de 2013 era de 155,9 bilhões de reais neste ano, cerca de 3,1 por cento do PIB. Mas o baixo crescimento e a arrecadação fraca fizeram o governo reduzir a meta a 2,3 por cento do PIB, equivalente a 110,9 bilhões de reais.

"A meta ficou para trás. E o governo também não vai mais cobrir a frustração na meta de Estados e municípios. O governo não cumpre o que diz e é isso que o mercado vem reclamando continuamente", disse a economista da MCM Consultores Catarina Braga, referindo-se à recente alteração legal que desobrigou a União a cobrir eventual descumprimento das metas dos governos regionais.

De janeiro a outubro, o governo central fez superávit de 31,938 bilhões de reais, enquanto Estados e municípios fizeram apenas 19,218 bilhões de reais e as estatais, déficit primário de 3 milhões de reais.

O BC credita o mau desempenho das contas públicas ao cenário internacional restritivo.

"A evolução dos resultados neste ano deve ser vista no quadro mais amplo, que vem desde de 2009, de cenário global adverso no qual a política fiscal respondeu a demandas por maior competitividade da economia brasileira", comentou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

DÍVIDA E CÂMBIO

O BC projeta que a relação dívida/PIB recuará a 34,1 por cento em novembro, interrompendo dois meses seguidos de alta, por conta de ajuste cambial. Segundo Maciel, o recuo frente a setembro ocorrerá por efeito da depreciação cambial, usando a projeção do dólar a 2,30 reais.

A piora no cenário fiscal contribuía para o dólar operar em alta em relação ao real nesta sexta-feira, em meio à disputa pela formação da Ptax de novembro e ao volume reduzido pelo fechamento mais cedo dos mercados dos EUA.

Para novembro, a perspectiva é melhor para as contas devido às receitas extraordinárias, como o pagamento de 15 bilhões de reais com o bônus do leilão do campo de Libra e o Refis.

A Vale, por exemplo, já anunciou que vai aderir ao programa de refinanciamento de dívidas, o que implicará no pagamento de 5,965 bilhões de reais no fim deste mês para a Receita Federal.

Outras empresas também anunciaram adesão ao Refis. A produtora de celulose Fibria pagará 550 milhões de reais, mas como fará parte da amortização usando crédito tributário o desembolso da empresa será de 392 milhões de reais

Já o Banco Pan informou que fará nesta sexta-feira o pagamento de 536,2 milhões de reais.

Mais cedo, o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, disse que espera o ingresso entre 7 e 12 bilhões de reais com o Refis e outros programas este ano.

Fonte: Reuters Brasil

Dólar sobe 0,86% ante o real e fecha novembro com maior ganho em 6 meses

SÃO PAULO, 29 Nov (Reuters) - O dólar fechou em alta de quase 1 por cento ante o real nesta sexta-feira, num pregão marcado pelo baixo volume de negócios e diante de novos sinais preocupantes sobre a saúde fiscal brasileira, encerrando novembro com o maior ganho mensal em seis meses.

Segundo analistas, a tendência de fortalecimento da divisa norte-americana tende a continuar nos próximos meses, alimentada também pela perspectiva de redução do programa de estímulo nos Estados Unidos, apesar da contínua atuação Banco Central brasileiro no mercado cambial.

O dólar fechou o dia com alta de 0,86 por cento, a 2,3374 reais na venda. No mês, a divisa acumulou alta de 4,61 por cento, maior avanço mensal desde maio deste ano, quando subiu 7 por cento e começaram a crescer as expectativas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, poderia iniciar o corte no seu programa de compra de títulos.

Segundo dados da BM&F, o volume financeiro ficou em torno de 1 bilhão de dólares neste pregão, bem abaixo da média diária deste mês, de 1,7 bilhão de dólares, em função do fechamento antecipado dos mercados norte-americanos pelo feriado do dia de Ação de Graças.

O plano de fundo desta sessão foi a divulgação de que o setor público consolidado registrou em outubro superávit primário de 6,188 bilhões de reais, abaixo das expectativas. O dado reforçou a preocupação com a situação fiscal do país, que tem levado investidores a exigir mais prêmio de ativos brasileiros.

"O cenário fiscal brasileiro ruim, a incerteza com a política monetária norte-americana... tudo isso aponta para a valorização do dólar no futuro", afirmou o operador da B&T Corretora Marcos Trabbold.

A expectativa é que a decisão do Fed, quando tomada, reduza a liquidez global e pressione o dólar. Segundo o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano, a percepção ampla nas mesas de câmbio é de que o baque venha em fevereiro ou março do ano que vem.

A alta do dólar foi mais contida durante o início desta sessão, com a briga dos investidores pela formação da Ptax --taxa formulada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais.

"Alguns investidores locais aproveitaram a ausência de liquidez para puxar a cotação ainda mais para cima", afirmou Serrano.

AÇÃO DO BC

Analistas afirmaram ainda que os movimentos do dólar devem ser influenciados no próximo mês por novos sinais sobre as intervenções diárias do BC brasileiro no câmbio. Parte dos operadores acredita que elas serão estendidas para o início do ano.

"O BC está vendendo todo o lote nas intervenções diárias, então é sinal de que continua havendo demanda forte. Eu acho que isso aponta na direção da extensão do programa no ano que vem", afirmou Trabbold, da B&T, que também espera que o BC continue rolando todos os contratos de swap cambial que vencerem.

Quando anunciou o programa em agosto, com potencial equivalente a 60 bilhões de dólares com leilões de swap cambial tradicional e de linha, a autoridade monetária informou que ele duraria até o fim do ano, mas deixou aberta a possibilidade de que a ação pudesse se estender por mais tempo.

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, já afirmou que o programa de intervenções diárias não tem data para acabar.

Nesta sexta-feira, o BC ainda realizou mais um leilão de linha previsto em seu cronograma de atuações diárias. A venda da oferta de até 1 bilhão de dólares teve taxa de recompra de 2,358458 reais em 4 de fevereiro do ano que vem.

E após o fechamento, anunciou leilão de swap cambial tradicional para segunda-feira, também previsto pelo cronograma de rações diárias. A autoridade monetária ofertará entre 9h30 e 9h40 até 10 mil contratos com vencimentos em 5 de março de 2014 e 2 de junho de 2014, com o resultado sendo divulgado a partir das 9h50.

Fonte: Reuters Brasil

Vamos culpar os alemães!

A Alemanha voltou a ser espantalho favorito.  Poucas coisas são tão populares quanto criticar alemães.  O governo americano, a Comissão Europeia e o FMI recentemente se entregaram a este esporte e passaram a condenar a Alemanha pelo fato de sua economia estar apresentando grandes superávits comerciais e um grande saldo na conta-corrente de seu balanço de pagamentos.  Paul Krugman contribuiu com a seguinte pérola:

O problema é que a Alemanha continua mantendo seus custos trabalhistas em níveis altamente competitivos e vem apresentando enormes superávits comerciais desde o estouro da bolha — e, em uma economia mundial deprimida, isso torna a Alemanha uma parte significativa do problema.

Apenas no surreal estado atual da discussão econômica ser 'altamente competitivo' pode ser considerado algo deletério.  Esta crítica à Alemanha, aliás, não é nada nova; ele remonta à década de 1950.  Porém, não mais estamos vivendo na década de 1950.  A Alemanha não possui moeda própria e há muito pouco de genuinamente "alemão" em uma exportação alemã.

Um BMW produzido na Alemanha e vendido na Espanha contém peças oriundas de todos os cantos do mundo.  A maior parte da mão-de-obra utilizada na construção do automóvel de fato será alemã, mas as inovações tecnológicas reduziram os custos desta mão-de-obra para aproximadamente 10% do preço final de um carro na Europa.  O retorno do capital irá para os acionistas, que podem estar em qualquer lugar do mundo.  A BMW pode distribuir dividendos para um acionista espanhol, o qual poderá utilizar estes euros para comprar bens espanhóis.  Dizer que um BMW é um produto da Alemanha é algo bastante forçado.

A Alemanha também faz parte de um arranjo de moeda única.  Reclamar do superávit comercial de uma região dentro de uma área de moeda única é como reclamar que, dentro de um mesmo país, há um superávit comercial de um estado em relação a outro ou de uma cidade em relação a outra.

Aliás, podemos nos aprofundar ainda mais e reduzir esta discussão ao nível individual para esclarecer melhor o argumento e, com isso, ressaltar sua tolice.  Nós temos um superávit em conta-corrente em relação ao nosso empregador e um déficit em conta-corrente em relação ao nosso supermercado.  Nosso empregador compra mais de nós do que nós compramos dele, e o oposto é válido para nossa relação com o supermercado.  No entanto, não estamos reclamando do supermercado, exigindo que seu gerente compre mais de nossos bens e serviços.

Adicionalmente, o superávit comercial da Alemanha com outros países europeus ou com membros da zona do euro foi reduzido à metade entre 2007 e 2012.  Ao mesmo tempo, o superávit da Alemanha com o resto do mundo mais do que triplicou.  Essa é exatamente a consequência esperada de uma abertura comercial, de um aumento na divisão do trabalho e da especialização possibilitada pelo enfoque em áreas em que se possui vantagens comparativas.  Criticar essa tendência é criticar as próprias razões declaradas para a criação da União Europeia.

Por motivos difíceis de serem compreendidos, a Comissão Europeia determinou que terá de intervir caso um país-membro apresente um superávit da conta-corrente do balanço de pagamentos superior a 6% do PIB durante um período de três anos.  No ano passado, o superávit da Alemanha foi de 7%, e provavelmente será bastante similar este ano. 

Um dos princípios básicos por trás da criação da União Europeia é justamente a livre comercialização de bens e serviços, e a livre movimentação de mão-de-obra e capital.  Sendo assim, se a livre comercialização de bens, serviços, mão-de-obra e capital levar a um superávit de 10%, 20% ou mais, qual o problema?  Por que esta regra sequer existe?  Por que a Comissão Europeia quer impor uma restrição que limita a movimentação de bens, serviços e capitais?  A União Europeia não foi criada para estimular a eliminação de limitações injustificadas?  A UE não deveria se surpreender caso alguns países queiram deixar o arranjo, uma vez que ela própria está impondo regras ilógicas.

Por trás de toda esta crítica à Alemanha está, como sempre, o fantasma do mercantilismo.  Dentro da mentalidade mercantilista, uma transação comercial voluntária sempre gera um ganhador e um perdedor, sendo que a realidade é que, se a transação foi voluntária, então ambos os lados se beneficiam.  Segundo os mercantilistas, a Alemanha supostamente está produzindo mais do que está consumindo.  Obviamente, isso é uma falácia — bastante comum — que alguns adoram explorar visando a benefícios políticos.  Cada euro gasto em um carro alemão ou em qualquer outro produto alemão será recebido como renda por alguém que, por sua vez, irá gastar esta renda.  Há um elo direto entre produção e gastos.  A Lei de Say nos diz que a (correta) oferta cria sua própria demanda.  O consumo nunca necessita ser estimulado: tudo o que é produzido é consumido, seja para na produção de outros bens (investimento), seja na satisfação pessoal (consumo).

Como era de se esperar, a "solução" proposta por estes mercantilistas a este problema imaginário é obrigar a Alemanha a aumentar seus gastos governamentais.  Isso, segundo eles, estimularia o crescimento dos outros países da União Europeia.  Pouco importa que a Alemanha já tenha uma relação dívida/PIB de 82%, bem acima dos 60% que alguns anos atrás era vista como excessiva.  Trata-se de uma solução-padrão keynesiana que constantemente vai contra a lógica econômica.  Cada euro que o governo gasta é um euro que foi retirado dos cidadãos e que poderia ter sido gasto por ele.  Tudo o que governo pode fazer com seus gastos é alterar quem irá receber esse dinheiro.  Tudo o que ele pode fazer é alterar quem irá receber um pedaço do bolo.  Mas ele não pode aumentar o tamanho do bolo.

Quando a Alemanha tinha sua própria moeda, a crítica era idêntica.  E, mesmo naquele arranjo, a crítica continuava sendo infundada.  Naquela época, um superávit na conta-corrente do balanço de pagamentos alemão significava um equivalente déficit na conta de capitais.  Essa saída de capitais ia financiar os gastos governamentais da Itália ou da França, ou então investimentos em fábricas e equipamentos na Espanha, em Portugal, na China ou em qualquer outro lugar do mundo.  Novamente, palavras como superávit ou déficit são remanescentes de nosso passado mercantilista e não têm absolutamente nada a ver com coisas positivas ou negativas.

Se a Alemanha possui custos trabalhistas mais competitivos e é capaz de fabricar produtos melhores, qual o problema?  Por que isso deveria ser tolhido em nome do "bem comum"?  Desde quando uma produção eficiente é ruim para os consumidores?  A União Europeia não foi criada para tornar a Europa mais competitiva ao permitir que os recursos pudessem circular livremente e ir para onde eles fossem mais eficientemente utilizados?  As críticas à Alemanha feitas pela Comissão Europeia e pelo FMI são ainda mais descabidas quando se leva em consideração as razões dadas para a existência destas instituições.

O ministro das finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, membro do partido de centro-direita União Democrática Cristã, o mesmo de Angela Merkel, estava totalmente correto quando disse que "O superávit comercial da Alemanha não é nenhum motivo de preocupação nem para a Alemanha, nem para a zona do euro e nem para a economia mundial".  Na realidade, a Alemanha deveria ser louvada, e não repreendida.  Sua eficiência produtiva é um dos poucos fatores que ainda seguem estimulando a economia mundial.

Fonte: Instituto Mises Brasil

Hidrelétricas 'impulsionam desmatamento indireto' na Amazônia

Usina de Belo Monte vista em 2012. Foto: AFP
Floresta foi desmatada no entorno das usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte (foto)
Ao defender a construção de hidrelétricas na Amazônia, o governo federal costuma citar o argumento de que essas usinas são menos poluentes e mais baratas que outras fontes energéticas capazes de substituí-las.
Entre ambientalistas e pesquisadores, porém, há cada vez mais vozes que contestam a comparação e afirmam que o cálculo do governo ignora custos e danos ambientais indiretos das hidrelétricas. Para alguns, esses impactos colaterais influenciaram no aumento da taxa de desmatamento da Amazônia neste ano.
Há duas semanas, o governo anunciou que, entre agosto de 2012 e julho de 2013, o índice de desflorestamento na Amazônia cresceu 28% em relação ao mesmo período do ano anterior, a primeira alta desde 2008.
Paulo Barreto, pesquisador sênior da ONG Imazon, atribui parte do aumento ao desmatamento no entorno das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, e da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará.
Segundo ele, as hidrelétricas atraem migrantes e valorizam as terras onde são implantadas. Sem fiscalização e punição eficientes, diz ele, moradores se sentem encorajados a desmatar áreas públicas para tentar vendê-las informalmente.
No caso de Belo Monte, Barreto afirma que o desmatamento em torno da usina seria menor se o governo tivesse seguido a recomendação do relatório de impacto ambiental da obra para criar 15 mil km² de Unidades de Conservação na região.
Uma pesquisa do Imazon, da qual Barreto é coautor, estima que o desmatamento indireto causado pela hidrelétrica atingirá 5.100 km² em 20 anos, dez vezes o tamanho da área a ser alagada pela barragem.
Na bacia do Tapajós (PA), onde o governo pretende erguer uma série de usinas, ele diz a área desmatada indiretamente chegará a 11 mil km².

Fórmula do desmatamento
O engenheiro Felipe Aguiar Marcondes de Faria desenvolve em seu projeto de PhD na Universidade Carnegie Mellon (EUA) uma fórmula complexa. Ele pretende incluir os efeitos indiretos da construção de hidrelétricas na Amazônia – como o desflorestamento gerado por imigração ou especulação fundiária – no cálculo das emissões de carbono das obras.
Usina de Belo Monte
Desmatamento indireto causado por Belo Monte pode atingir até 5.100 km² em 20 anos, diz estudo
A conta, que mede a liberação de gases causadores do efeito estufa, normalmente leva em conta somente as emissões geradas pela perda de vegetação e pela degradação da biomassa na área inundada pelas barragens.
"Se a construção de uma hidrelétrica implicar taxas de desmatamento superiores às de locais onde não existem tais investimentos, nós poderemos acrescentar esse desmatamento extra ao balanço de carbono do projeto".
O pesquisador diz ainda que, além de valorizar terras e atrair imigrantes, a construção de hidrelétricas pode estimular o desmatamento ao melhorar as condições de acesso à região, expondo florestas antes inacessíveis.
Faria também questiona os cálculos que exaltam o baixo preço das hidrelétricas em comparação com outras fontes de energia. "As diferenças não consideram adequadamente os custos socioambientais desses empreendimentos".
Ainda assim, avalia que o Brasil não pode excluir a hidroeletricidade de seus planos de expansão do sistema energético. Para ele, a modalidade oferece grandes vantagens em relação a outras fontes de energia, como flexibilidade para atender à variação da demanda e dispensa de importação de matérias-primas.
Faria defende, no entanto, que o governo mude sua postura quanto às hidrelétricas na Amazônia.
"O desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia deveria ser visto não como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável para uma região, que crie condições para a manutenção das unidades de conservação e terras indígenas, investimentos em educação e ciência e melhora na saúde da população."
Porém, para o procurador-chefe do Ministério Público Federal no Pará, Daniel César Azeredo Avelino, a construção de hidrelétricas na Amazônia não tem sido acompanhada pela manutenção de áreas protegidas.
Nos últimos anos, o governo reduziu Unidades de Conservação para facilitar o licenciamento das hidrelétricas no rio Madeira e das futuras usinas no Tapajós. Segundo ele, simples sinalizações de que se pretende reduzir essas áreas já motivam o desmatamento.
Em 2012, diz Avelino, um mês após jornais divulgaram que o governo estudava diminuir a Floresta Nacional Jamanxim, no sudoeste do Pará, houve um surto de desmatamento na região.
"Quando se fala em reduzir Unidades de Conservação para hidrelétricas, alimenta-se a ideia de que poderá haver novas reduções, o que encoraja o desmatamento."

Governo responde
No entanto, segundo Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Combate ao Desmatamento do Ministério Ambiente, a destruição dentro de áreas protegidas corresponde a menos de 10% do desflorestamento na Amazônia.
Quanto ao desmatamento recente no Pará e em Rondônia, diz que não se deveu necessariamente às hidrelétricas. Oliveira afirma que o desflorestamento em um raio de 50 quilômetros de Belo Monte passou de 380 km², em 2011, para 41 km² em 2013.
Em Rondônia, ele diz que também tem havido redução no ritmo do desmate em áreas próximas às usinas.
Segundo Oliveira, as principais causas para o maior desmatamento na Amazônia no último ano foram: no Pará, a apropriação ilegal de terras (grilagem) na região de Novo Progresso; no Mato Grosso, a expansão da agropecuária; e em Rondônia, a expansão da pecuária.
Oliveira afirma, porém, que, apesar da alta, o índice de desflorestamento em 2013 foi o segundo menor desde que começou a ser medido, há 25 anos.

Fonte: BBC Brasil

S&P reduz rating da Holanda e eleva perspectiva para Espanha

AMSTERDÃ/MADRI, 29 Nov (Reuters) - A Standard & Poor's removeu uma das poucas classificações AAA restantes da zona do euro nesta sexta-feira, reduzindo o rating da Holanda para "AA+", enquanto recompensou a Espanha pelas medidas para reformar as finanças públicas com a melhora da perspectiva para estável.

A S&P disse que a decisão em relação à Holanda, que deixa Alemanha, Luxemburgo e Finlândia como os únicos países no bloco de moeda única com a maior classificação de crédito, deveu-se à piora das perspectivas de crescimento. Tanto a Moody's quanto a Fitch ainda classificam a Holanda como triplo A.

A S&P informou esperar que a economia holandesa irá contrair 1,2 por cento em 2013, e vê crescimento real do PIB de 0,5 por cento em 2014, acelerando para 1,5 por cento até 2016.

A Espanha, cujos ratings tem sido reduzidos nos últimos dois anos conforme o país luta para resgatar bancos e governos regionais, em contraste revisou para cima sua projeção de crescimento de 2014 para 0,7 por cento, ante 0,5 por cento anteriormente.

A S&P é a segunda das principais agências de crédito a elevar a perspectiva para o país em menos de um mês após a Fitch também ter melhorado a perspectiva para "estável", ante "negativa", no início de novembro.

Fonte: Reuters Brasil

Confiança do comércio cai 5,2% no tri até novembro ante 2012, diz FGV

SÃO PAULO (Reuters) - O Índice de Confiança do Comércio (Icom) caiu 5,2 por cento na média do trimestre encerrado em novembro, frente ao mesmo período do ano passado.

De acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira, o indicador atingiu 125,9 pontos, ante 132,8 pontos no período anterior. Nos três meses encerrados em outubro, a confiança do comércio havia recuado 3,9 por cento na comparação com igual trimestre de 2012.

"O resultado geral da pesquisa sugere um enfraquecimento gradual do ritmo de atividade do Setor Comércio na passagem do terceiro para o quarto trimestre e perspectivas mais favoráveis, de aceleração, na virada do ano", afirmou a FGV.

O indicador do estudo que mede a percepção do setor em relação à demanda no momento atual --o Índice de Situação Atual (ISA-COM) médio-- registrou 98,5 pontos, queda de 9,8 por cento em relação ao obtido no mesmo período do ano anterior, ante recuo de 5,6 por cento em outubro.

Já o indicador trimestral do Índice de Expectativas (IE-COM) recuou 2,1 por cento em novembro na comparação com um ano antes, para 153,2 pontos, ante queda de 2,9 por cento em outubro.

Por sua vez, o setor de Varejo Restrito teve baixa de 5,0 por cento no trimestre concluído em novembro na comparação com o mesmo período do ano passado, ante queda de 3,8 por cento em outubro.

No Varejo Ampliado, setor que inclui veículos, motocicletas, partes e peças, a confiança recuou 4,4 por cento no indicador trimestral até novembro, após ter registrado queda de 2,9 por cento no período de três meses encerrado em outubro.

Já no Atacado, o índice de confiança caiu 6,9 por cento no trimestre até novembro, depois de perder 6,0 por cento no resultado de três meses anterior.

Segundo dados do IBGE, as vendas no varejo brasileiro cresceram em setembro pelo sétimo mês seguido, com alta de 0,5 por cento, mas o ritmo mostrou desaceleração e ficou abaixo do esperado.

Fonte: Reuters Brasil

A difícil tarefa de deixar as contas do governo em ordem

Dilma Rousseff (Reuters)
A decisão do Banco Central de elevar na terça-feira a taxa básica de juros para 10% ao ano, que está sendo interpretada por muitos analistas como uma tentativa de controlar a inflação, foi anunciada em um momento que economistas veem com pessimismo a forma como o governo vem gerenciando suas contas.
A fórmula adotada ainda na década passada e mantida nos últimos anos para manter a estabilidade financeira se baseia no tripé controle da inflação, câmbio flutuante e metas de superávit primário.
Mas, nos últimos meses, os três elementos têm gerado preocupações. No período de 12 meses até outubro, o IPCA, índice oficial de inflação, dicou em 5,84% ao ano, acima do centro da meta de 4,5% ao ano; o governo tem sido obrigado a comprar títulos públicos e inundar a economia com dólares, o que tem segurado a cotação da moeda americana.
Mas na política fiscal residem alguns dos principais temores. Para 2013, o governo se comprometeu a entregar um superávit equivalente a 2,3% do PIB, o que representa R$ 108,09 bilhões.
No meio do ano, o Ministério da Fazenda anunciou que deduziria desse valor investimentos e desonerações (uma medida vista por muitos como uma manobra para driblar as contas), anunciando uma nova meta - R$ 73,03 bilhões.
De janeiro a outubro, no entanto, a economia foi de apenas R$ 33,43 bilhões. Para especialistas, o governo terá de fazer malabarismos para atingir a meta.
Para economistas ouvidos pela BBC Brasil, enquanto o desequilíbrio fiscal representa um risco real à estabilidade da economia, ainda há tempo para as autoridades reverterem o quadro, por meio de ajustes.

Situação 'manejável'
Para o economista Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, a situação não é a mais agradável, mas está longe de ser uma tragédia.
"Houve um movimento de deterioração que já era esperado, reflexo de algumas medidas tomadas recentemente que devem reduzir bastante o superávit primário. Mas dizer que a dívida pública está numa trajetória insustentável é muito forte. É uma piora manejável", diz.
As medidas em questão são a isenção temporária de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis e de produtos da linha branca, baixada pelo governo nos últimos três anos a fim de estimular o consumo e bater de frente com a crise.
"O governo tentou usar a política fiscal para dar um empurrãozinho na economia. Na hora da transição, todo mundo achou que a desaceleração fosse passageira, que o PIB voltaria a crescer na velocidade de antes da crise. Não cresceu", diz Marçal.
Segundo a Receita Federal, entre janeiro e setembro deste ano, o governo deixou de arrecadar R$ 64,3 bilhões com as desonerações.
Ao mesmo tempo, as despesas do governo também cresceram, apesar das promessas e do esforço para fechar a torneira. Segundo levantamento feito pela ONG Contas Abertas no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), os gastos no primeiro semestre atingiram R$ 1,01 trilhão, aumento de 6,6% em relação ao mesmo período no ano anterior.
"Houve uma deterioração inegável das contas públicas. Nos próximos anos deve haver ajuste. Ou vai se repensar a questão de desoneração, ou vai ter de aumentar imposto e cortar despesa. O governo terá de usar a tesoura", diz o economista.
"O próximo governo terá de fazer uma correção de rumo", conclui Marçal, independentemente de quem esteja no comando do Planalto após as eleições do ano que vem.

Longo prazo
O pesquisador Alvaro Martim Guedes, professor de Administração Pública da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara, a grande discussão não é se o país vai ou não atingir a meta de superávit.
"Se não atingirmos a meta do superávit, começa a haver desequilíbrio. Começamos a dar sinais evidentes de que, mesmo no curto prazo, não há controle, o que aumenta a incerteza e retrai a confiança de investidores externos", diz.
Guedes defende um ajuste rápido nas contas públicas.
"Quanto mais você posterga, maior é a distância entre o enfrentamento e os resultados. Se o indivíduo tem infecção e é tratado logo, não precisa de muito remédio. Se demora, vai precisar de mais medicamento", diz.
Guedes diz, no entanto, que ajustar as contas públicas não é suficiente para o país ganhar competitividade, assim como não bastam políticas de incentivo ao consumo para estimular a economia.
"É preciso uma ruptura. Já temos uma infraestrutura onerosa, o chamado Custo Brasil. Precisamos fazer reformas mais profundas. Hoje temos uma legislação trabalhista ruim, uma legislação tributária que não atende ao federalismo. A coisa vai além do superávit primário", diz.

Fonte: BBC Brasil