A expansão de áreas plantadas no Brasil ganhou impulso a partir de 2002, e ocorreu principalmente no Centro-Oeste e Norte do país. É o que indica estudo divulgado ontem (6) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento mostra que, de 1994 e 2001, havia recuo anual na área plantada, cenário que começou a ser revertido em 2002. No mesmo período, as regiões norte e sul do Amapá e leste do Tocantins foram as que mais aumentaram sua participação no percentual de terra utilizada, com crescimento de 7,97%, 3% e 3,28%, respectivivamente.
De acordo com Rogério Freitas, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea e um dos participantes da pesquisa, um dos fatores que determinaram a dificuldade de expansão agrícola até 2002 pode ter sido a sobrevalorização do real no período. A moeda, criada nos primeiros anos da década de 1990 para combater a inflação, tinha câmbio fixo atrelado ao dólar. A partir de 1999, o Brasil adotou a política de câmbio flutuante. “O câmbio influencia a aquisição de insumos pelo setor agrícola e a valorização de alguns produtos, em função do preço de exportação”, destaca o pesquisador.
Freitas ressalta, no entanto, que se trata de uma hipótese e que é necessária uma investigação mais aprofundada a respeito para comprová-la. “O câmbio não é o único fator que afeta a expansão da área agrícola. Tem outros, como disponibilidade de infraestrutura, chegada de modais de transporte, disponibilidade hídrica, expectativa do empresário rural e crédito”, enumera.
Quanto à expansão mais acentuada no sentido centro-noroeste, o pesquisador afirma que já era esperada. “É uma área de fronteira agrícola natural para o Brasil, com terra relativamente disponível. No Sul e no Sudeste, em tese, você tem menos área livre para ser expandida”, diz. Apesar disso, o estudo também mostrou ritmo significativo de expansão em áreas localizadas em fronteiras agrícolas teoricamente já estabilizadas, como São José do Rio Preto (SP), Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro e norte-centro do Paraná. Para medir o crescimento de área plantada, o levantamento teve como base os dados da Pesquisa de Produção Agrícola Municipal (PAM) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Agência Brasil
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