Em dia de intenso sobe e desce, o dólar fechou em queda ante o real pela quarta sessão consecutiva nesta sexta-feira, com os investidores divididos entre duas percepções sobre os dados ruins de emprego nos Estados Unidos divulgados mais cedo.
Por um lado, mostram que a maior economia do mundo pode não estar se recuperando como o esperado, uma notícia ruim para a atividade global. De outro, alimentam as expectativas de que, justamente pela preocupação com a economia, a redução dos estímulos no país possa desacelerar e, desta forma, afetar menos a liquidez mundial.
A moeda norte-americana perdeu 0,16 por cento, a 2,3793 reais na venda, acumulando queda de 2,37 por cento nos últimos quatro pregões. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro no dia ficou em torno de 845 milhões de dólares.
"Ao mesmo tempo que é um dado ruim para os EUA, pode se refletir numa redução do ritmo de corte no estímulo", afirmou o operador de um banco internacional, acrescentando que haveria briga entre investidores com essas interpretações no pregão.
Nesta manhã, foi divulgado que a geração de emprego fora do setor agrícola nos EUA foi de apenas 113 mil vagas, contra expectativas de 185 mil postos de trabalho. Mesmo assim, a taxa de desemprego da maior economia do mundo atingiu nova mínima em cinco anos, a 6,6 por cento
"Em princípio, é um dado ruim, mas reduz a expectativa que o mercado tem em relação à retirada dos estímulos nos EUA", afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki, referindo-se ao atual ritmo de corte de 10 bilhões de dólares ao mês definido pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, em suas compras de títulos.
O indicador injetou dose de volatilidade nos mercados, com os investidores buscando avaliar os números. Logo após o anúncio, o dólar acelerou os ganhos e bateu a máxima do dia, a 2,3948 reais. Logo em seguida, anulou a valorização e passou a operar com queda, chegando à mínima da sessão de 2,3701 reais, para depois voltar a ficar volátil, dividindo-se entre altas e baixas.
"Os números (de emprego nos EUA) foram considerados fracos, então espere alguns ganhos nas moedas emergentes, mas limitados. Especialmente considerando-se que o Fed parece estar adotando visão de médio prazo", disse o economista da 4cast Pedro Tuesta.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro também deu continuidade às atuações diárias e vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares. Foram 500 swaps para 1º de agosto e 3,5 mil para 1º de dezembro deste ano, com volume equivalente a 197,1 milhões de dólares.
Após o fechamento do mercado, o BC anunciou novo leilão nas mesmas condições, com oferta de até 4 mil contratos de swaps com vencimento em 1º de agosto e 1º de dezembro.
Além disso, também vendeu a oferta total de até 10,5 mil swaps na segunda etapa da rolagem dos contratos que vencem em 5 de março. Com isso, já rolou cerca de 15 por cento do lote total, equivalente a 7,378 bilhões de dólares. E, na segunda-feira, fará o terceiro leilão para essa rolagem.
O dólar se firmou, pela segunda sessão consecutiva, abaixo do nível de 2,40 reais, que vinha sendo identificado por analistas como importante piso de resistência. Segundo eles, esse patamar não é inflacionário e, ao mesmo tempo, não prejudica a indústria.
Após as oscilações desta semana, alguns especialistas no mercado passaram agora a observar o nível de 2,35 reais em busca de suporte técnico mínimo.
"Eu acredito que há uma banda fictícia entre 2,35 e 2,45 reais. A banda alargou, uma vez que o mercado está oscilando quase 1 por cento todo dia", disse o operador da Intercam Glauber Romano, que projetava antes que o dólar trabalharia entre 2,40 e 2,45 reais no curto prazo.
Fonte: Reuters Brasil
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