Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Aumento de juros está em discussão nos EUA, revela ata do Fed

Temida pelos mercados emergentes, mudança da política monetária americana pode vir antes do esperado.

SÃO PAULO - As autoridades do Federal Reserve começaram a discutir em janeiro sobre quando seria apropriado elevar as taxas de juros, com alguns membros sinalizando que isso pode ocorrer antes do esperado, segundo a ata da mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), ocorrida em janeiro.

Quando os juros começarem a subir nos Estados Unidos, a tendência é que ainda mais investidores sejam atraídos de volta ao país. Isso já acontece desde a decisão do Fed de cortar seus estímulos aos mercados. Desde novembro de 2008 com juros básicos ao redor de zero nos Estados Unidos, investimentos volumosos migraram para os mercados emergentes, de juros mais elevados, em busca de retorno.
"Alguns participantes levantaram a possibilidade de que pudesse ser apropriado elevar as taxas de juros relativamente cedo", disse o documento, divulgado hoje.
Essa posição não é um consenso dentro do Fed. A maioria dos membros ainda acredita que não é apropriado apertar a política monetária antes de 2015, segundo projeções oficiais apresentadas na reunião de dezembro. Mas a ata indica que o momento do primeiro aumento de juros entrou na agenda do Fed após anos de juros próximos de zero.
Alguns dos membros do banco central que levantaram a questão argumentaram que a taxa de juros precisa garantir que a inflação permaneça contida e que "ela deve ser elevada para acima do piso efetivo antes do meio deste ano", segundo a ata. Outros membros rebateram essas visões, argumentando que as condições atuais, que ainda incluem efeitos da crise financeira, tornam inapropriadas as regras padrões de política monetária.

Compras de bônus
 O documento mostrou que o Fed parece disposto a continuar reduzindo as compras mensais de bônus em "passos comedidos" no decorrer do ano, desde que a economia continue conforme o esperado. "Diversos participantes argumentaram que, na ausência de mudanças apreciáveis na perspectiva econômica, o cenário é favorável para a redução no ritmo das compras em um total de US$ 10 bilhões a cada reunião do Fomc", disse a ata.
Alguns membros chegaram a expressar preocupações com a inflação baixa e outros sinais de fraqueza na economia, mas apoiaram, mesmo assim, a contínua redução de estímulos. "Esses participantes avaliaram que uma pausa na redução não é justificável neste momento, especialmente tendo em vista a força da economia na segunda metade de 2013."

Gatilho
 Os membros do Fed também tiveram uma ampla discussão sobre o que fazer com a diretriz futura do banco central para o aumento dos juros. O Fed tem dito há algum tempo que não vai considerar elevar os juros até que a taxa de desemprego chegue em 6,5% e a inflação permaneça contida.
A taxa de desemprego caiu mais rapidamente que o esperado e já alcançou 6,6% em janeiro. Dada a proximidade do gatilho, os membros concordaram "que será apropriado, em breve, a mudança da forward guidance para fornecer informações sobre as decisões relacionadas às taxas de juros após os gatilhos serem superados".
No entanto, parece ter havido pouco consenso sobre as mudanças exatas que o Fed deveria fazer. Alguns membros disseram que o banco central deveria reduzir o gatilho, enquanto outros defenderam uma "abordagem qualitativa" para dar mais informações ao público sobre outros fatores que o Fed vai considerar ao tomar a decisão sobre os juros.

Emergentes
 A ata mostrou ainda que os membros do Fomc discutiram a turbulência nos mercados emergentes, mas se recusaram a mencionar esse acontecimento no comunicado, por ter "efeito limitado até agora" nos mercados financeiros dos EUA. As autoridades do Fed, porém, prometeram monitorar cuidadosamente esses mercados, segundo o documento.
Os membros apontaram que "os recentes acontecimentos em diversos mercados emergentes, se continuarem, podem representar riscos à perspectiva dos EUA"

Fonte: O Estado de S. Paulo

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