RIO DE JANEIRO, 3 Dez (Reuters) - A economia brasileira encolheu no terceiro trimestre deste ano, primeiro resultado negativo e o pior em mais de quatro anos, afetada sobretudo pela queda dos investimentos e sinalizando que a recuperação da atividade será mais difícil daqui para frente.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuou 0,5 por cento entre julho e setembro quando comparado com o segundo trimestre, o pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2009, quando houve retração de 1,6 por cento, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com igual período de 2012, a atividade no trimestre passado cresceu 2,2 por cento.
A queda na base sequencial veio depois de uma expansão revisada de 1,8 por cento do PIB no segundo trimestre ante o primeiro.
Pesquisa Reuters indicava que a economia brasileira teria contração de 0,2 por cento nos três meses até setembro sobre o segundo trimestre e avançaria 2,5 por cento na comparação anual, segundo a mediana das projeções e sem considerar a nova metodologia do IBGE para o PIB.
"Em linhas gerais, a despeito das mudanças metodológicas, temos a confirmação de PIB fraco. Olhando pela ótica da demanda, vemos claramente que está ficando mais evidente a questão da diferença entre oferta e demanda", afirmou o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano.
Para ele, o quarto trimestre começou fraco e o PIB deve encerrar este ano com expansão de 2,2 a 2,3 por cento, pior do que sua previsão anterior de 2,5 por cento.
Segundo o IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, recuou 2,2 por cento no terceiro trimestre sobre o período imediatamente anterior, no pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2012 (-2,7 por cento) e na primeira queda em um ano.
O governo da presidente Dilma Rousseff assumiu o discurso de que os investimentos serão o principal motor da economia brasileira, tendo como pano de fundo as concessões de infraestrutura e logística já feitas e programadas para o próximo ano.
"Vale destacar que uma das coisas que mais caiu foram os gastos de capital, que é o grande desafio do governo... O desafio é ver os investimentos se recuperarem mais e melhorar a situação das importações" afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, acrescentando que revisará as estimativas de crescimento do PIB em 2014 para entre 2,4 e 2,5 por cento, ante 2,7 por cento.
No trimestre passado, ainda segundo o IBGE, o setor de Agropecuária também encolheu, com retração de 3,5 por cento sobre abril a junho, enquanto os setores Industrial e de Serviços ficaram praticamente estáveis, com variação positiva de 0,1 por cento, após terem avançado 2,2 e 0,8 por cento, respectivamente, no segundo trimestre sobre o primeiro.
Já o consumo das famílias e do governo, no terceiro trimestre, tiveram expansão de 1 e de 1,2 por cento, respectivamente, sobre o segundo.
REVISÃO
O IBGE também revisou os resultados do PIB de períodos anteriores por causa da nova metodologia. Pelos novos números apresentados, a economia cresceu 1 por cento em 2012, ligeiramente acima do 0,9 por cento divulgado inicialmente.
Os resultados trimestrais anteriores também mudaram. Além de ter revisado o PIB do segundo trimestre de alta de 1,5 para de 1,8 por cento sobre janeiro a março, o IBGE informou agora que a economia no primeiro trimestre deste ano ficou estagnada, pior que o avanço de 0,6 por cento divulgado inicialmente.
O IBGE passou a incorporar no cálculo do PIB sua nova pesquisa mensal de serviços, que começou a ser divulgada este ano e que, por enquanto, mede apenas a receita do setor. Grande parte dos especialistas ainda não tinha conseguido adequar suas projeções com os novos parâmetros.
Fonte: Reuters Brasil
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