Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Recuperação econômica ganha força nos EUA

A economia dos Estados Unidos cresceu no ritmo mais rápido em dois anos, num sinal de que a recuperação, que vinha em marcha lenta, está ganhando tração rumo ao novo ano.

O principal indicador de crescimento usado pelo governo — o produto interno bruto — subiu a uma taxa anualizada de 4,1% no terceiro trimestre, na segunda vez desde o fim da recessão, em 2009, que a produção de bens e serviços se expandiu acima de 4%. O relatório de sexta-feira mostrou que o consumo, um motor essencial da economia, cresceu a uma taxa anualizada de 2% no terceiro trimestre, acima do 1,4% previsto.

Outros dados recentes sugerem que os americanos continuaram comprando mesmo em meio à guerra sobre o orçamento federal em Washington, que por um tempo chegou a afetar a disposição deles para gastar. Paralelamente, a construção de imóveis residenciais se intensificou, os fabricantes aumentaram a produção e as empresas continuaram contratando a um ritmo estável. Como resultado, muitos economistas agora esperam que o país registre um crescimento anualizado de cerca de 3% neste segundo semestre, depois de ter fechado o primeiro semestre com uma pequena expansão de 1,8%.
Embora ainda haja razões para cautela, já que uma grande parte do crescimento do PIB foi resultado de empresas comprando bens para reabastecer estoques, o panorama mais amplo é de uma economia que, finalmente, está pisando no acelerador.

A economia americana parece estar "um pouco melhor", disse o presidente da General Electric Co., GE -0.02% Jeff Immelt, depois de uma reunião com investidores na semana passada. "Estamos vendo um aumento na demanda de empresas por crédito", disse, um sinal positivo de que elas estão investindo. O relatório do PIB de sexta-feira mostrou que o indicador mais amplo de gastos das empresas subiu 4,8%, um ligeiro aumento em relação ao trimestre anterior.

Os dados positivos de sexta-feira levaram as bolsas para novos recordes. A Média Industrial Dow Jones Industrial ganhou 42,06 pontos, ou 0,3%, fechando o dia em 16.221,14 pontos. É a primeira vez que o índice supera o pico de 16.186,39 pontos, registrado em janeiro de 2000, depois de ser ajustado pela inflação, de acordo com cálculos do historiador econômico William Hausman, da Faculdade de William & Mary, no Estado de Virgínia.

O preço das notas de dez anos do Tesouro dos EUA subiu, derrubando o rendimento do papel para 2,89% ao ano. Na semana passada, o rendimento chegou perto de 3%. Os investidores monitoram os juros das notas do Tesouro de dez anos por considerá-lo um indicador da saúde da economia dos EUA. (Quando a procura pelo ativo aumenta, o preço sobe e o rendimento cai.)

A questão que paira no ar agora é se economia americana está genuinamente decolando. Será que o recente impulso do mercado de trabalho está alimentando um ciclo mais robusto de consumo e gastos de empresas que, por sua vez, geraria mais emprego? Ou será que a expansão recente perderá força, como ocorreu repetidamente ao longo da atual recuperação?

"Cada vez que pensamos que estávamos finalmente começando a decolar, fomos arrastados de volta para baixo", diz Richard Moody, economista-chefe do banco Regions Financial Corp. RF +2.08% Mas dessa vez é diferente, acrescenta, citando os efeitos menores dos cortes no orçamento do governo, que vinham pesando sobre o crescimento.

Mesmo com cautela, o Federal Reserve concorda com a noção de uma trajetória de crescimento sustentável. O relatório do PIB veio dois dias depois de o Fed, o banco central dos EUA, ter anunciado que a economia estava forte o suficiente para que pudesse começar a reduzir gradualmente seu programa de estímulo econômico, que inclui a compra de US$ 85 bilhões em títulos de dívida por mês. O Fed tinha evitado tomar esta medida em reuniões de política monetária anteriores devido a receios sobre o crescimento.

O impulso mais recente veio em grande parte dos consumidores, cujos gastos representam mais de dois terços da demanda na economia dos EUA. O relatório do PIB mostra que, no terceiro trimestre, as famílias gastaram mais em todas as áreas de consumo, inclusive a de bens duráveis, como geladeiras, itens do dia a dia, como alimentos, e serviços, como os de saúde.

Os ganhos, embora modestos, refletem uma melhora do mercado de trabalho, que colocou dinheiro no bolso de trabalhadores que antes estavam desempregados. Os ganhos também poderiam ser um sinal de que as famílias já se ajustaram ao aumento de impostos sobre a folha de pagamento feito no início do ano e estão se beneficiando do salto no mercado de ações e de um aumento no valor dos imóveis.

Susan Gilpin é uma delas. Sua casa em Durham, na Carolina do Norte, tinha perdido US$ 60.000 do valor de mercado durante a crise imobiliária, mas recuperou quase a metade disso nos últimos 18 meses.

Gilpin, de 56 anos, disse que a recuperação dos preços dos imóveis e da economia em geral deu a ela a confiança necessária para montar um negócio. Ela está se preparando para abrir um consultório de terapia para crianças com problemas de saúde mental. "Estou esperançosa. Sinto que tenho o apoio que preciso", diz ela.

Alguns economistas dizem que ganhos futuros no consumo dependerão de a renda dos americanos continuar subindo. A renda das famílias ficou estagnada ao longo da recuperação, em grande parte devido à elevada taxa de desemprego, hoje em 7%, com 10,9 milhões de pessoas ainda procurando trabalho.

Um aumento da demanda em toda a economia poderia ser um catalisador para salários mais altos. Muitas empresas estão contando com um crescimento mais forte, apontando para uma demanda maior que impulsionaram as vendas de imóveis e automóveis no ano passado.

A gigante ferroviária Union Pacific Corp., UNP +0.81% por exemplo, está gastando US$ 3,6 bilhões, ou 16 % de sua receita, em melhorias de capital este ano, diz Rob Knight, diretor financeiro da empresa. Os negócios da companhia melhoraram em parte por causa do fortalecimento da indústria automobilística.

A empresa está concluindo a construção de uma unidade de 890 hectares no Novo México, um projeto que deve custar cerca de US$ 400 milhões. Knight prevê que um montante parecido de receita da empresa seja investido nos próximos anos. "Outras pessoas estão fazendo o mesmo" quando os retornos existem, diz Knight.

Fonte: The Wall Street Journal

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