Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

China estabelece prioridades econômicas para 2014

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Governos locais têm sido um dos maiores responsáveis pelo aumento do endividamento da China, acumulando empréstimos para financiar projetos como este, de troca de tubulações em Pequim.
A China informou que vai tentar resolver em 2014 o que economistas identificam como os dois maiores problemas econômicos do país — a escalada do endividamento e o excesso de capacidade industrial —, mas sem prejudicar o crescimento.

Num comunicado divulgado na sexta-feira, ao fim de uma reunião de quatro dias, os líderes do Partido Comunista enunciaram as prioridades econômicas de curto prazo.

O documento, lido numa estação de rádio e num canal de TV, referiu-se ao papel do consumo como motor do crescimento, num sinal de que o governo está buscando reformar a economia e reduzir o peso dos investimentos estatais. O comunicado também mencionou a dívida dos governos locais, que vem preocupando autoridades do governo central, e o excesso de capacidade em setores importantes como aço, vidro e cimento.

Tao Wang, uma economista do banco UBS UBSN.VX +0.43% na China, concordou com os líderes quanto à priorização das dívidas, mas acrescentou: "É difícil dizer se eles podem fazer o que prometem por causa do rápido crescimento do 'shadow banking' [o sistema bancário paralelo]."

O chamado "shadow banking" (literalmente bancos-sombra, em inglês) consiste em instituições financeiras não bancárias, como firmas de investimentos, fundos fiduciários e outros provedores informais de crédito.

O endividamento na China saltou de 128% do PIB em 2008 para 216% e pode chegar a 271% até 2017 se não for contido, segundo a agência de classificação Fitch Ratings. Economistas observam que tendências semelhantes em países da Europa, Ásia e América Latina provocaram crises, embora poucos acreditem que a China corra algum risco imediato.

A subida acentuada do endividamento ocorreu quando a China começou a combater a crise financeira global, em 2009 e 2010, e os bancos aumentaram os financiamentos a projetos industriais, imobiliários e de infraestrutura. O crescimento do crédito continuou apesar da recuperação, já que o sistema bancário paralelo substituiu os bancos no papel de financiadores.

O comunicado divulgado pela Conferência do Trabalho Econômico Central, a reunião dos líderes do governo, afirmou que os formuladores de política na China têm a "tarefa crucial" de garantir um crescimento econômico estável em meio aos contínuos problemas internos. A conferência foi realizada um mês após a cúpula dos líderes do Partido Comunista, conhecida como Terceiro Plenário, ter apresentado um plano de reformas de longo prazo. Na sexta-feira, os líderes disseram que manteriam "o espírito" do plenário, mas com foco nos problemas mais imediatos.

Os governos locais foram uns dos que mais alavancaram o endividamento, tomando um grande volume de empréstimos para financiar projetos imobiliários e de infraestrutura que acabaram com frequência atolados em dívidas.

O comunicado afirmou que resolver o problema das dívidas locais é "uma missão econômica importante" e que o governo "controlaria rigidamente o processo pelo qual governos locais tomam empréstimos".

Num sinal de que o governo central não tem em mente um grande programa de resgate, o comunicado acrescentou que "cada nível do governo se responsabilizará pela sua própria dívida". Outra razão para o aumento do endividamento são os empréstimos de empresas, geralmente estatais, apesar do excesso de oferta existente em indústrias como a siderúrgica, a naval e a de componentes de energia solar. Em muitos casos, as firmas, com o apoio de governos locais, contraíram dívidas para evitar demissões em massa.

Os líderes se comprometeram a "irrevogavelmente eliminar o excesso de capacidade" — uma promessa que o governo já fez antes e não cumpriu.

Mas Wang, a analista do UBS, disse que os líderes mostraram estar mais determinados desta vez ao acrescentar que se concentrarão em "reempregar as pessoas demitidas nas indústrias com excesso de capacidade". O governo geralmente faz o que pode para evitar demissões, temendo agitações sociais.

Ainda assim, o comunicado não deixa claro quanto risco o governo está disposto a correr ao atacar o endividamento e o excesso de capacidade. A necessidade de um crescimento "estável" é enfatizada, mas uma redução no crédito vai provavelmente levar a uma desaceleração do crescimento econômico.
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Os economistas vêm procurando por sinais da intenção da China de manter em 2014 a meta de crescimento de 7,5% deste ano, ou reduzi-la para 7%. Uma meta de crescimento mais baixo indicaria que o governo vai se lançar com mais força à solução dos problemas estruturais.

Mas os sinais do comunicado são dúbios. Wang interpretou que o governo está dando indícios de uma meta de 7%, ao passo que Luis Kuijs, analista do Royan Bank of Scotland, crê que a meta indicada seja a de 7,5%.










Fonte: The Wall Street Journal

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