Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Tombini diz que não há subsídio na gasolina

O presidente do BC negou que a inflação esteja sendo contida por artifícios, como o represamento do preço do combustível

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini negou ontem que exista uma "inflação artificial" no país e refutou a ideia de que haja subsídios para bancar o preço baixo da gasolina e, assim, conter a inflação. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), Tombini rejeitou ainda mudanças na matriz macroeconômica. "Ninguém com responsabilidade na área econômica da atual administração considera essa mudança".

Durante a audiência, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) indagou o presidente do Banco Central sobre o controle de preços que são administrados pelo governo. "Temos que reconhecer que é uma taxa artificial de inflação, na medida em que grande parte dos preços está tabelada, administrada, que é o caso principalmente do petróleo", comentou Dornelles, após apontar que o país convive com dois tipos de inflação, a dos preços administrados e a dos preços livres. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), inflação dos preços administrados acumula, em 12 meses até novembro, alta de 0,94%. Já os preços livres ficaram em 7,31% no mesmo período.

"Não vejo uma inflação artificial", rebateu o presidente do BC. "Em outros anos, no passado, a inflação desse item (preços administrados) também foi bastante baixa", justificou. Tombini repetiu que a previsão do BC para 2014 é que a inflação dos administrados fique em 4,5%, conforme cita a ata da última do Comitê de Política Monetária (Copom). "Na visão do Banco Central, para frente, esses preços devem evoluir em linha com a meta de inflação".

O mesmo Dornelles, que foi ministro da Fazenda nos anos José Sarney, quis saber se é intenção do governo controlar os preços administrados em 2014, com os subsídios ao consumo do combustível, prejudicando Petrobras. A empresa compra do exterior o combustível a um preço elevado e tem sido impedida de aumentar os preços internos para evitar aumento da inflação.

Sem querer citar o nome da Petrobras, o presidente do BC afirmou não estar "preparado para falar de alguma operação específica ou empresa específica". Ainda assim, disse que, em seu entender, não há subsídio ao consumo dos derivados no país. "Na bomba, o preço realmente não está desalinhado com outras economias da região. Certamente, é maior que muitas economias do hemisfério das Américas", afirmou.

Questionado diversas vezes, quanto à verdadeira meta de inflação - 4,5% ou 6,5%, a banda máxima tolerada para a inflação - Tombini foi categórico ao defender que o BC persegue a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. A última vez que a inflação ficou neste patamar foi em 2009, quando acumulou alta de 4,31%. "A meta do Banco Central é 4,5%. É a que perseguimos e vamos continuar perseguindo, ainda que em alguns momentos não tenha sido atingida", destacou. Ele rechaçou, ainda, a teoria de que o governo acredite que um pouco mais de inflação possa mais desenvolvimento para o país. "Esta visão nunca foi a do Banco Central", disse.

O senador Armando Monteiro (PTB-PE) também levou ao debate a preocupação com uma possível mudança na matriz macroeconômica que vem sendo adotada desde 1999, apoiada no tripé inflação, superávit primário e câmbio flutuante. Tombini negou: "não há mudança na matriz macroeconômica", disse. Segundo ele, nem nos quadros do Banco Central nem "ninguém com responsabilidade na área econômica da atual administração" considera esta mudança. Sobre as intervenções no câmbio, que tem feito especialmente neste ano, Tombini disso que o objetivo é dar proteção ao mercado e que isto não agride o princípio do câmbio flutuante.

"Temos um sistema em que a primeira linha dedefesa é a flutuação cambial". Segundo ele, ao longo dos últimos anos, o BC acumulou o colchão em moeda estrangeira de US$ 376 bilhões em reservas internacionais. "Isso gera a capacidade para o Banco Central, para o país, de atuar para prover proteção cambial para a economia. O país está protegido para variações abruptas do câmbio", argumentou o presidente do BC.

Sobre a economia internacional, o presidente do BC afirmou que quanto mais depressa os Estados Unidos der início à retirada de estímulos monetários à economia, melhor será para o Brasil."Na minha visão, quanto mais cedo se iniciar efetivamente a retirada dos estímulos monetários, principalmente nos Estados Unidos, e quanto mais previsível for a sua intensidade e velocidade, menor será a volatilidade nos mercados financeiros internacionais", declarou.

Fonte: Brasil Econômico

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