Prevista para a próxima semana, a aguardada troca de ofertas entre o Mercosul e a União Europeia para a criação de uma área de livre-comércio foi adiada para 2014.
Os europeus pediram o adiamento da data, surpreendendo os negociadores brasileiros, apurou a Folha.
O governo diz não saber oficialmente o motivo do adiamento, mas reservadamente a informação é que a UE não fechou uma oferta no setor considerado vital para o Brasil: o da agricultura.
O pedido foi feito formalmente ao ministro Luiz Fernando Figueiredo (Relações Exteriores) durante a reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Bali, na semana passada.
A UE solicitou mais tempo, dizendo haver detalhes pendentes em sua proposta. Prometeu apresentá-la em janeiro de 2014, mas não marcou uma data -o que gerou a suspeita de que o novo cronograma possa não ser cumprido.
O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) confirmou o adiamento e afirmou ter ficado "decepcionado" com a decisão.
Segundo o ministro, a proposta do Mercosul está praticamente fechada e seria levada para a negociação no prazo estipulado. "Mas não há sentido em apresentarmos a nossa sem que eles coloquem a deles na mesa", afirmou.
O acordo bilateral com a União Europeia é tratado de forma prioritária pelo governo mesmo depois da sobrevida que a OMC ganhou com o acordo fechado na semana passada na Indonésia.
Na avaliação de auxiliares presidenciais, o acordo de Bali, que prevê a desburocratização do comércio exterior, foi um "avanço", mas o processo para reduzir as barreiras do comércio mundial dentro da entidade ainda será "lento e incerto".
Segundo eles, o Brasil não pode ficar esperando e precisa avançar nas negociações com a Europa.
Foi por isso que o país decidiu fechar uma proposta avaliada como "ambiciosa", que prevê zerar a alíquota de importação de 87% dos produtos da pauta de comércio com a União Europeia.
O percentual fica muito próximo do que os europeus solicitaram: de que os dois blocos chegassem a um acordo que contemplasse 90% das exportações dos dois lados.
A Folha apurou que Uruguai e Paraguai fecharam com o Brasil, e que a Argentina, vista como entrave a uma proposta comum, avançou de forma significativa nas últimas semanas. Sua proposta já inclui 80% dos produtos desejados pelo Brasil.
O Mercosul deve adotar ritmos diferentes entre os países para a eliminação gradual das tarifas, que será feita num prazo de até 15 anos. Brasil, Uruguai e Paraguai estariam num mesmo ritmo, mais forte que o da Argentina.
Fonte: Folha de S. Paulo
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