Por Rogério Mori*
A economia brasileira nos últimos anos tem sido um destaque em âmbito 
internacional. Desde a eclosão da crise em fins de 2008, o Brasil tem sido 
apontado como uma economia de peso e importante, tendo reagido de forma muito 
positiva durante os momentos mais agudos da crise.
De fato, a economia brasileira reagiu muito bem, lidando de forma adequada em 
relação aos efeitos mais negativos naquele momento.
A política fiscal, com a redução de impostos, agiu favoravelmente e o Banco 
Central, apesar da demora em reagir, cortou juros no início de 2009 e ajudou a 
economia a reverter o quadro recessivo instalado.
De lá para cá temos sido apontados internacionalmente como a nova estrela no 
cenário econômico global.
Nesse contexto, o Brasil tem vários aspectos positivos: é democrático, não 
existem amplas barreiras aos fluxos de capitais, as contas públicas estão 
ajustadas, a dívida pública é relativamente baixa e o crescimento econômico é 
moderado.
Apesar desses aspectos positivos, o Brasil está muito longe de ser 
considerado um país rico: nossa renda per capita ainda se situa próxima da média 
mundial e menos de um terço do que seria adequado para sermos considerados um 
país rico.
Adicionalmente, os níveis de investimento produtivo ainda se situam em torno 
de 20% do PIB, bem abaixo do que seria adequado para que a economia brasileira 
sustentasse um ritmo de crescimento em torno de 5% ao ano sem a formação de 
gargalos.
Também é importante lembrar que, apesar das taxas de juros terem caído, ainda 
se situam em patamar elevadíssimo na ponta do empréstimo.
Por fim, é importante ressaltar que a moeda brasileira encontra-se 
extremamente apreciada em relação às demais moedas, o que tira paulatinamente a 
competitividade da nossa economia e gera danos graves à estrutura produtiva 
brasileira.
Esses elementos reforçam que, apesar dos aspectos positivos em relação à 
nossa economia, os problemas fundamentais permanecem e o crescimento brasileiro 
mantém-se em patamar relativamente baixo.
Isso significa que nossa renda per capita cresce em ritmo lento e se mostra 
insuficiente para que o Brasil se torne um país rico de fato nas próximas 
décadas.
Apesar do bom humor internacional, alguns analistas econômicos internacionais 
já começaram a dar alertas em relação a esses problemas na economia 
brasileira.
No curto prazo, os humores não devem mudar, o otimismo com o Brasil não deve 
durar indefinidamente.
Esse prazo pode ser dilatado ou reduzido em função do cenário econômico 
internacional: caso as economias desenvolvidas se recuperem, a tendência dos 
fluxos é de reversão e é bem provável que o bom humor com a economia brasileira 
se dissipe nesse processo.
Em função disso, o Brasil deveria fazer sua lição de casa neste momento, com 
o governo controlando mais seus gastos e investindo mais em infraestrutura. 
Adicionalmente, os investimentos produtivos privados também deveriam ser 
estimulados.
O governo parece caminhar na direção correta na questão cambial, mas a 
lentidão do ajuste prorroga a agonia do setor produtivo. Mais agilidade e mais 
foco deveriam ser a tônica do governo nesse momento de otimismo com o 
Brasil.
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*Professor da Escola de Economia de 
São Paulo da Fundação Getulio Vargas 
(FGV/Eesp)
Fonte: Brasil Econômico
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