Por DANA CIMILLUCA
No fraco cenário de fusões e aquisições existe pelo menos um lugar onde a movimentação está em alta: China, Brasil e outros mercados emergentes.Numa nova pesquisa com centenas de executivos e outras fontes ao redor do mundo, encomendada pela firma britânica de advocacia Clifford Chance, todos os 377 entrevistados deixaram claro que estão muito interessados nos mercados emergentes como fonte de crescimento num momento em que as economias dos países desenvolvidos apresentam crescimento lento. Entre os que pensam em fazer alguma fusão e aquisição internacional, 69% estão concentrados nos mercados emergentes.
Talvez isso não surpreenda dada as condições difíceis da Europa, mas as empresas da região parecem mais entusiasmadas que as americanas em relação aos mercados emergentes, com 57% dos entrevistados (contra 49% na outra ponta) dizendo que atualmente o foco deles em F&A está nos mercados emergentes.
"Há um apetite crescente de clientes em vários setores por oportunidades em mercados emergentes de rápido crescimento, como determinou nossa pesquisa e corroboram as tendências gerais de F&A que temos visto recentemente," disse Matthew Layton, que dirige a parte de advocacia corporativa mundial da Clifford Chance e supervisionou o relatório. Ele apontou dados da mergermarket, firma de dados sobre F&A, mostrando que o fluxo de capitais para realizar transações desse tipo em mercados emergentes subiu 19% ano passado, para US$ 200 bilhões, o maior em mais de uma década.
Para colocar isso num contexto, o volume mundial de acordos de F&A caiu substancialmente em 2011, depois de o ano ter começado com mais vigor, devido às preocupações com a saúde econômica e financeira dos mercados emergentes da Europa e de outras regiões.
A conclusão da pesquisa — que foi produzida pela Economist Intelligence Unit e envolve empresas que realizaram acordos de F&A nos últimos dois anos — ressalta a tendência que tem ganhado força desde que a crise financeira mundial encerrou repentinamente o boom de F&A.
Sem muita disposição para os riscos que grandes acordos de F&A geralmente enfrentam, mas ansiosas para investir nos mercados emergentes mais aquecidos, as empresas voltaram sua atenção para países como China, Brasil, Índia e Turquia, onde os acordos tendem a ser medidos em centenas de milhões em vez de bilhões de dólares. Um exemplo recente é o acordo da Amgem para comprar a farmacêutica turca Mustafa Nevzat Ilac Sanayii por US$ 700 milhões.
As conclusões da pesquisa também contribuem para provar uma teoria circulando recentemente entre alguns banqueiros de investimento, de que a velha era dos acordos gigantescos entre empresas de países desenvolvidos (pense Pfizer-Wyeth ou Kraft-Cadbury) não volta mais.
Claro que as previsões tão pessimistas dos banqueiros podem se mostrar erradas se a bolsa continuar subindo e os temores sobre o futuro da Europa se dissiparem. E existe uma grande diferença entre o desejo de realizar acordos nos mercados emergentes e a capacidade de realmente efetivar um. Como afirma o relatório, as barreiras de regulamentação estão aumentando, enquanto a oferta de alvos atraentes é reduzida e a concorrência por eles se mostra feroz. E, ainda por cima, diferenças culturais que precisam ser superadas nesses mercados também são um obstáculo.
Num reflexo do cenário de desânimo geral, os entrevistados deixaram claro que não estão prestes a fechar o tipo de acordos que as empresas tendem a fazer quando as vacas estão gordas, quer dizer, fusões e aquisições que acrescentam novos negócios. Em vez disso, 79% dos entrevistados disseram que preferem continuar investindo em seus principais negócios.
Fonte: The Wall Street Journal
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