Os países africanos precisarão criar empregos mais rapidamente se quiserem sustentar o crescimento econômico, pois o número de jovens na região está aumentando, disse um relatório de importantes organizações internacionais divulgado na segunda-feira.
Associated Press
Jovens sul-africanos numa manifestação contra a pobreza e o desemprego, em outubro de 2011.
O número de africanos entre 15 e 24 anos vai dobrar até 2045, segundo o "Panorama Econômico Africano", divulgado pelo Banco de Desenvolvimento Africano, o Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a Comissão Econômica da Organização das Nações Unidas para a África e o Programa de Desenvolvimento da ONU. No momento, até as principais economias africanas mostram poucos sinais de que estão preparadas para gerar empregos para essa juventude, disse o relatório.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o desemprego de muitos países africanos chega a 20%. Na África do Sul, maior economia do continente, o desemprego é de 25,2%. E ele é ainda pior para os jovens — 60% da população economicamente ativa e desempregada da África tem menos de 24 anos.
"O continente está vivendo um crescimento sem geração de emprego", disse o economista-chefe do Banco de Desenvolvimento Africano, Mthuli Ncube, num comunicado divulgado junto com o relatório. "É uma realidade inaceitável num continente com uma oferta tão impressionante de jovens talentosos e criativos."
O relatório prevê que a economia da África vai crescer 4,5% este ano e 4,8% em 2013. Mas boa parte desse crescimento será em países ricos em commodities, que têm assistido a um boom na exploração do petróleo, como Nigéria e Guiné Equatorial, ou em carvão e jazidas de gás natural, como Moçambique. Os resultados ainda não se traduziram numa melhoria geral do padrão de vida para a população jovem em franca expansão, o que ameaça a coesão social e a estabilidade política em países que não estão solucionando seus problemas de desemprego, disse o relatório.
Para corrigir a situação, o relatório recomenda que esses países incentivem o crescimento veloz do setor privado, especialmente na economia informal e em empregos agrícolas, que ainda dominam muitos países isolados da África.
Melhorar a educação também é crucial, disse o relatório, bem como a expansão dos setores industriais e de serviços para libertar esses países da receita insustentável proveniente das exportações de commodities.
"A diversificação das exportações além das matérias-primas e o desenvolvimento do setor privado são importantes para mitigar a suscetibilidade do continente a choques externos, mas isso leva tempo", disse Emmanuel Nnadozie, diretor de desenvolvimento econômico da Uneca, como a Comissão Econômica da ONU é conhecida.
Há indícios de que a África já está se diversificando mais, com os setores de telecomunicações, comércio e serviços apresentando forte crescimento a partir de uma base extremamente pequena, disse o relatório.
Fonte: The Wall Street Journal
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