Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Economia dos EUA melhora e Fed pode estar próximo de reduzir estímulos

O Federal Reserve, o banco central americano, está mais próximo de iniciar o processo de redução do controverso programa que investe mensalmente US$ 85 bilhões em compras de títulos de dívida, provavelmente já neste mês, motivado por dados encorajadores sobre o emprego nos Estados Unidos divulgados na sexta-feira.

O relatório mostrou que foram contratadas 203.000 pessoas em novembro, o que fez a taxa de desemprego recuar de 7,3% para 7%, o menor nível desde 2008, apesar de que o número de desempregados há mais de seis meses continua alto, 4 milhões de pessoas, de um total de 11 milhões de desempregados.
Mas o presidente do Fed, Ben Bernanke, terá de obter consenso entre as autoridades da instituição com relação a quando começar a reduzir o programa, que por meses tem sido o centro das atenções no mercado e cuja eficácia não está totalmente clara. Muitos estão se sentindo mais à vontade em começar o delicado processo de reduzir o programa de estímulo, embora possam surgir divergências com relação à estratégia e ao momento de fazer isso, de acordo com declarações públicas e entrevistas com autoridades.

Na próxima reunião do Fed, marcada para os dias 17 e 18 deste mês, o recuo do programa, ou sua limitação, estará na mesa de discussão, ainda que alguns membro da diretoria do Fed talvez queiram esperar até janeiro ou mais tarde para ver sinais de que o fortalecimento do crescimento econômico e do ritmo de contratação é sustentável. A partir de amanhã, as autoridades entram em período de silêncio, no qual elas param de fazer declarações públicas e começam negociações nos bastidores sobre a decisão a ser tomada na reunião.

Uma consideração importante: os investidores estão preparados para uma mudança de cenário? A discussão sobre a redução do programa de estímulo mais cedo este ano estremeceu os mercados de ações e de crédito. Na sexta-feira, eles pareceram não acreditar que um recuo no programa, também chamado de afrouxamento monetário quantitativo, esteja próximo.

A Média Industrial Dow Jones saltou 198,69 pontos, ou 1,3%, para 16.020,20 pontos na sexta-feira, a maior alta em sete semanas, e o rendimento dos títulos do Tesouro americano de dez anos mal subiu, outro sinal de que os mercados financeiros não se abalaram.

Nos últimos meses, houve ocasiões em que notícias econômicas positivas estimularam vendas de ações por investidores receosos de que o mercado não sustentaria seus ganhos sem o apoio do Fed. A acentuada alta nas ações da sexta-feira mostra que o Fed está tendo algum sucesso em tranquilizar os investidores de que manterá suas políticas de dinheiro fácil nos próximos anos.
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"Acho que estamos fazendo bastante progresso", disse o presidente da regional do Fed de San Francisco, John Williams, em entrevista ao The Wall Street Journal antes da divulgação dos dados, na sexta-feira.

As autoridades do Fed hesitaram em começar a diminuir o programa de estímulo em setembro, quando o mercado de trabalho ainda dava sinais de fraqueza e um impasse fiscal em Washington parecia inevitável. Elas mantiveram a mesma posição em outubro, quando se reuniram 16 dias após a paralisação parcial do governo americano.

O relatório sobre emprego em novembro, porém, foi o mais recente de uma série de indicadores que vêm aumentando a confiança das autoridades de que a economia e os mercados estão em condições melhores agora para se sustentar sem uma grande intervenção mensal do banco central nos mercados de crédito.

O crescimento no mercado de trabalho no último trimestre foi, em média, de 193.000 vagas por mês, em comparação a 143.000 nos três meses que antecederam a reunião de setembro.

Além disso, as divergências entre a Casa Branca e o Congresso sobre o teto da dívida significava, em setembro, que o governo se encaminhava para uma paralisação. Agora, parece que um acordo sobre os gastos do governo para o próximo ano está sendo elaborado. Os ventos contrários gerados pelo aumento de impostos federais e cortes nos gastos do governo este ano podem perder força, pavimentando o caminho para um maior crescimento econômico no próximo ano.

Ainda assim, o relatório sobre o emprego não foi saudado unanimemente como uma boa notícia dentro do Fed. Um problema são os sinais de pressão econômica sobre as famílias, mesmo com a queda na taxa de desemprego.

A pesquisa do governo sobre as famílias mostrou que apenas 83.000 pessoas conseguiram emprego entre setembro e novembro, enquanto o número de pessoas excluída da força de trabalho durante esse período subiu para 664.000. A taxa de desemprego caiu para 7% no período porque as pessoas desistiram de procurar emprego e deixaram de ser contadas nos quadros de desempregados.

"A [queda da] taxa de desemprego provavelmente exagera a melhora na economia", disse o presidente da regional do Fed de Chicago, Charles Evans, a repórteres na sexta-feira.

Outra preocupação é a inflação, medida pelo Departamento do Comércio. Ela subiu apenas 0,7% em relação a um ano antes, bem abaixo da meta do Fed, de 2%.

O programa de compra de títulos de dívida tem como objetivo baixar as taxas de juros de longo prazo, na esperança de que isso estimule o crédito, as contratações e os investimentos. As autoridades do Fed vêm discutindo profundamente possíveis formas de convencer o público de que vão manter as taxas de juros de curto prazo próximas a zero por um longo tempo depois que o programa de compra de títulos for encerrado. A estratégia do Fed é continuar reforçando a mensagem de juros de longo prazo baixos enquanto reduz gradualmente as compras de títulos, garantindo que o combustível dos mercados não seja tirado de uma só vez.

Gestores de fundos disseram acreditar que o Fed manterá as taxas de juros baixas por anos após a redução do programa de compra de títulos. Scott Minerd, diretor de investimento global da Guggenheim Partners LLC, que administra cerca de US$ 190 bilhões, disse que "não importa" se o Fed tomar a decisão de reduzir o programa este mês ou em 2014. "Isso já está precificado."

O Fed tem informado que não irá elevar a taxa de juros de curto prazo até que a taxa de desemprego caia para menos de 6,5%. No ritmo em que ela vem recuando, isso pode ocorrer em 2014. Mas Bernanke disse que o Fed será "paciente" para elevar os juros mesmo depois de o desemprego atingir a marca de 6,5%.

Fonte: The Wall Street Journal

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