Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Teto da dívida dos EUA é o que mais preocupa o investidor

Empresas e investidores americanos em geral não deram muita atenção à primeira paralisação do governo dos Estados Unidos em 17 anos, mostrando-se mais preocupados com a batalha sobre a ampliação do limite de endividamento do governo federal, que consideram a principal ameaça à economia e aos mercados do país.

O fechamento parcial de agências do governo, uma consequência da falta de acordo entre parlamentares sobre o orçamento federal para o ano fiscal iniciado ontem, colocou em descanso forçado mais de 800.000 funcionários públicos, afetando serviços em todo o país. Espera-se que os efeitos da paralisação aumentem caso as negociações se arrastem em Washington.
Mas os investidores não se abalaram, reconfortados pelas experiências dos últimos dois anos, em que as batalhas orçamentárias foram rapidamente resolvidas. A Média Industrial Dow Jones subiu 0,4%, fechando com 15.191,70 pontos e revertendo metade do declínio de segunda-feira.

A calma inicial elevou a perspectiva de que os parlamentares enfrentem pouca pressão imediata de Wall Street para pôr fim ao impasse sobre como financiar as operações do governo. "A falta de uma reação severa do mercado provavelmente reduz a urgência para que as partes cheguem a um acordo", disse Neal Soss, economista do Credit Suisse CSGN.VX 0.00% .

A expectativa, com base na experiência anterior, é de que a paralisação cause poucos danos à economia dos EUA. Economistas do J.P. Morgan Chase JPM -0.50% estimaram ontem que cada semana de paralisação diminuiria o ritmo anualizado de crescimento econômico no quarto trimestre em 0,12 ponto percentual, devido à redução do pagamento dos funcionários públicos. A previsão não leva em conta os efeitos do fechamento das agências federais no setor privado ou os danos à confiança dos consumidores.

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Os salários congelados podem ser recuperados depois que a paralisação termine, se o Congresso se comprometer em compensar os trabalhadores retroativamente pelos dias de folga, como já aconteceu no passado.

Para Derek Volk, presidente da Volk Packaging Corp., uma empresa de embalagens do Estado americano de Maine, a paralisação do governo é um potencial obstáculo para uma empresa que vinha crescendo de maneira estável este ano. Volk quase dobrou sua força de vendas e investiu em novos equipamentos em 2013, mas teme que os problemas do governo terminem emperrando a economia de sua região.

"Eu sei que vai ser um belo fim de semana para se ver a folhagem de outono de Maine, mas os turistas não poderão visitar o parque nacional Acadia", disse. Os parques nacionais estão entre as agências afetadas pela paralisação. "Eles não vão comer nos restaurantes locais ou se hospedar em hotéis e, por consequência, não vão consumir os produtos que embalamos."

O maior risco para a economia e os mercados é a possibilidade de um impasse sobre como aumentar o limite de endividamento do governo, em meados de outubro. Sem a elevação do teto da dívida, o governo pode ficar sem dinheiro para pagar suas contas, tais como cheques da previdência social, os salários dos militares e os juros sobre a dívida pública, o que os analistas dizem que poderia causar uma grave turbulência financeira.

O Escritório de Orçamento do Congresso afirma que os EUA vão começar a ficar inadimplente no fim de outubro se o Congresso não aumentar o teto da dívida.

O governo atingiu seu limite de endividamento de US$ 16,7 trilhões em maio e desde então vem usando medidas de emergência para economizar dinheiro.

Medir o curso da economia pode ficar mais difícil nas próximas semanas. As principais agências de estatísticas econômicas dos EUA suspenderam suas operações por causa da paralisação.

Um dos relatórios mais aguardados — os dados de emprego de setembro — não deverá ser divulgado na sexta-feira se a paralisação continuar. Os dados são importantes para as autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, avaliar quanto tempo deve continuar o seu programa de compra de ativos, que vem impulsionando os mercados. O governo ainda pretende divulgar um relatório semanal sobre pedidos iniciais de seguro-desemprego na quinta-feira, já que esses dados são produzidos em grande parte por órgãos estaduais e compilados pelo Departamento de Trabalho.

Outro foco de atenção será o desempenho do dólar nos mercados. O dólar chegou a cair para seu nível mais baixo em relação ao euro em mais de sete meses e o nível mais baixo em relação à libra esterlina desde janeiro, durante as primeiras horas após o começo da paralisação do governo. Mais tarde, a moeda recuperou a maior parte das perdas e o índice do dólar WSJ fechou o dia com queda de 0,2% a 72,54 pontos.

A reação é um sinal de que o dólar poderia sofrer grandes oscilações em outubro, dizem investidores. "É justo dizer que a paralisação não vai ajudar a economia dos EUA," disse Kit Juckes, estrategista macroeconômico do Société Générale, GLE.FR +2.91% em Londres.

Fonte: The Wall Street Journal

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