Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Com anúncio de nova rolagem, dólar cai 0,57% e volta abaixo de R$2,20

SÃO PAULO, 25 Out (Reuters) - O anúncio do Banco Central de que fará nova etapa de leilões para rolar os contratos de swap cambial tradicional que vencem em 1º de novembro fez o dólar recuar nesta sexta-feira, voltando a ficar abaixo de 2,20 reais e deixando parte do mercado em dúvida sobre a estratégia da autoridade monetária.

A moeda norte-americana recuou 0,57 por cento, cotada a 2,1886 reais na venda, após chegar na mínima do dia a 2,1806 reais. Segundo dados da BM&F, o volume financeiro ficou em torno de 1,5 bilhão de dólares.

"Ainda temos incertezas sobre como vai ser esse processo de rolagem e o pessoal está com pé atrás", afirmou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel.

Na véspera, após o fechamento do mercado, o BC informou que realizará nova etapa de rolagem de swap tradicional --equivalente à venda futura de dólares-- entre segunda e quarta-feira da próxima semana. Dos 8,87 bilhões de dólares que vencem no começo do mês que vem, 2,964 bilhões de dólares já tiveram os prazos estendidos por meio de três leilões feitos nesta semana e pelos quais foram ofertados e vendidos 20 mil contratos em cada rodada.

Inicialmente, o mercado acreditou que o BC faria a rolagem apenas parcial dos vencimentos, levando o dólar a se afastar do patamar de 2,15 reais e voltar a 2,20 reais na sessão anterior. Esse nível, entendiam os operadores, seria uma espécie de referência que o BC estaria indicando, que não chegava a afetar a inflação nem as exportações brasileiras.

"Esse anúncio de rolagem, anunciado na véspera, fez o dólar operar em queda hoje", disse o operador de câmbio da B&T Corretora, Marcos Trabbold, para quem o BC deve rolar os 6 bilhões de dólares em swap que ainda restam para vencer em novembro.

Mesmo assim, ele não aposta em altas expressivas do dólar no curto prazo por causa, entre outros, da expectativa de entrada de recursos no país com o leilão do campo de Libra.

O economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, afirmou em nota que a alta do dólar nos últimos dias ocorreu em resposta à expectativa de que a rolagem não seria integral. "O BC anunciou que estenderia os swaps apenas nesta semana, sugerindo que 6 bilhões de dólares poderiam vencer em 1º de novembro. Isso causou parte da depreciação do real nos últimos dias", afirmou ele, que já foi diretor do BC.

A nova dúvida é se a segunda etapa significa que a rolagem será integral dos vencimentos restantes ou se será parcial, com o BC optando por ofertar 20 mil contratos por dia --equivalente a 1 bilhão de dólares, como foi feito na primeira etapa.

"Quem toca o jogo é o BC, o que significa que eles (o BC) têm o direito e podem mudar a regra. Não adianta chorar. O tempo do mercado não é o mesmo do governo", afirmou o especialista em câmbio da Icap, Italo dos Santos.

Para ele, pelo menos por enquanto, o dólar deve se manter ao redor de 2,20 reais porque estratégia do BC foi dar uma série de sinais de que prefere a moeda norte-americana neste patamar. Entre eles, forma picada do anúncio da rolagem agora e o fato de ter mudado o horário da divulgação das ofertas de swap cambial tradicional quando a moeda chegou a 2,15 reais.

Até o dia 16 deste mês, o BC anunciava religiosamente os leilões de swap cambial para o dia seguinte às 14h30, mas mudou para entre as 19h30 e 20h30, numa "decisão operacional".

Na época, o dólar rondava a faixa de 2,15 reais e, à medida que a sugestão de que o BC poderia tirar o pé do acelerador nas rolagens de swap ganhou força, a moeda norte-americana gradualmente avançou cerca de 2 por cento até a véspera.

No pregão de quinta-feira, quando a percepção majoritária ainda era de que o BC realmente deixaria vencer alguns dos swaps, a moeda norte-americana voltou a superar 2,20 reais no fechamento.

Nesta sessão, o BC também continuou com suas intervenções diárias, do programa estabelecido para até o final do ano. A autoridade monetária vendeu apenas a segunda etapa do leilão de linha de até 1 bilhão de dólares com taxa de recompra de 2,296377 reais em 3 de junho de 2014. Na primeira etapa, que tinha recompra em 4 de fevereiro do ano que vem, não foram vendidas ofertas.

Em outubro, segundo informou mais cedo o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a autoridade monetária já havia liquidado 4 bilhões de dólares em leilões de linha. Isso mostra que estava sendo colocada a oferta integral de 1 bilhão de dólares por leilão.

Fonte: Reuters Brasil

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