SÃO PAULO, 11 Out (Reuters) - Com investidores cautelosamente otimistas sobre as negociações para evitar um calote dos Estados Unidos, o dólar fechou com ligeira queda ante o real nesta sexta-feira, numa sessão marcada por pequeno volume de negócios.
Contribuiu para a tranquilidade do mercado de câmbio a atuação constante do Banco Central brasileiro, que concluiu mais um leilão semanal de linha e anunciou outro --mas de swap cambial tradicional-- para segunda-feira.
O dólar fechou com leve queda de 0,17 por cento, a 2,1779 reais na venda, apesar de pequenos fluxos de saída de divisas. Durante o dia, oscilou entre a mínima de 2,1745 reais e a máxima de 2,1885 reais.
O volume de negócios ficou em apenas 825 milhões de dólares, segundo dados da BM&F.
"Alguns (investidores) aproveitaram a cotação do dólar (menor) para pagar dívida lá fora. Por isso, houve algun fluxo de saída que acabou segurando uma queda maior (na cotação)", disse o diretor de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel.
Na semana, a moeda norte-americana acumulou queda de 1,5 por cento, mantendo-se abaixo do patamar de 2,20 reais e no menor nível em quase quatro meses.
Apenas na sessão anterior, o dólar recuou mais de 1 por cento devido à expectativa de mais entradas de dólares no país após a indicação dada pelo BC de que a Selic pode subir a 10 por cento no próximo mês, mais do que analistas iniciamente esperavam.
"O que prevalece (no mercado de câmbio) é a situação de ontem, com a perspectiva de juros maiores e os leilões do BC", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Na noite de quarta-feira, o BC elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, a 9,5 por cento ao ano, e sinalizou que deverá manter o atual ritmo de aperto monetário para combater a inflação. A decisão deve levar a taxa a dois dígitos, tornando os ativos brasileiros mais atrativos no mercado global.
As atuações do BC também têm influenciado o mercado de câmbio. Nesta manhã, o BC vendeu a oferta de linha nos dois leilões de até 1 bilhão de dólares, com datas de recompra em 2/1/2014 e 2/7/2014.
O BC também anunciou para segunda-feira um leilão de 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 5 de março de 2014. O leilão ocorrerá entre as 9h30 e 9h40, com resultado a partir das 9h50.
De acordo com os estrategistas do BNP Paribas Thiago Alday e James Z Hao, o BC já vendeu 57,5 bilhões de dólares em swaps cambiais desde maio, a uma Ptax média de 2,2606 dólares.
Segundo eles, com uma oferta adicional de cerca de 6 bilhões de dólares em swaps prevista para este mês, o mercado começa a se perguntar quando o BC pode interromper a intervenção cambial.
"Nós acreditamos que uma taxa de câmbio abaixo de 2,15 reais provavelmente pode levar a autoridade monetária a reconsiderar as vendas de dólares. E, se nada for feito, é provável que haja forte queda em direção a 2,10 reais por questões técnicas, devido à forte posição comprada em derivativos", explicaram.
No cenário externo, os investidores ainda continuavam cautelosos com os desdobramentos da crise fiscal dos Estados Unidos, à espera de possível acordo entre democratas e republicanos para por fim à paralisação parcial do governo norte-americano e elevar o teto da dívida do país até a semana que vem, evitando calote.
Um cenário mais otimista, no entanto, ajudava a aliviar a pressão sobre a divisa norte-americana. Nesta sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostrou interesse em elementos do plano republicano para estender o limite da dívida pública federal e reabrir o governo, mas "não o endossou", segundo a senadora republicana Susan Collins.
"A próxima semana será decisiva e os mercados reagirão a cada informação", afirmou Battistel, da corretora Fair.
Fonte: Reuters Brasil
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