SÃO PAULO, 18 Out (Reuters) - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acelerou a alta em outubro para 0,48 por cento, acima do esperado e pressionado pelos preços de alimentos, mas em 12 meses a prévia da inflação oficial se afastou um pouco mais do patamar de 6 por cento.
De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, o IPCA-15 acumulou alta de 5,75 por cento em 12 meses até outubro, abaixo dos 5,93 por cento até setembro --e abaixo mesmo dos 5,86 por cento registrado no IPCA do mês passado. A meta do governo é de 4,5 por cento, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters, cujas medianas das projeções indicavam alta mensal de 0,41 por cento e de 5,69 por cento no acumulado em 12 meses.
O resultado indica, segundo analistas, que a inflação continua pressionada e sinaliza com variações mais fortes nos três últimos meses do ano, o que corrobora a percepção de que o Banco Central não vai desacelerar o passo da política monetária.
"Os índices de preços ao consumidor vão ter meses de variações mensais mais contundentes neste quarto trimestre", afirmou a analista de inflação da Tendências Consultoria, Adriana Molinari, citando a maior pressão nos preços de alimentos e bebidas e a difusão mais alta do indicador.
O principal responsável pelo resultado de outubro foi o grupo de Alimentação e Bebidas, cujos preços apresentaram alta mensal de 0,70 por cento em outubro, após registrar leve elevação de 0,04 por cento no mês anterior, com impacto de 0,17 ponto percentual.
O resultado do IPCA-15 deste mês ficou mais disseminado. Segundo o banco Fator, a difusão subiu para 65,8 por cento, ante 59,5 por cento no mês passado.
O IBGE também destacou a alta de 0,67 por cento nos preços do grupo Habitação que, junto com alimentos, foram os principais responsáveis pela aceleração do IPCA-15 de outubro. Juntos, eles responderam por 56 por cento do índice do mês.
A inflação de serviços também continua preocupando os agentes econômicos. Em outubro, ela ficou em 8,8 por cento em outubro na comparação anual, ao mesmo tempo em que o núcleo do IPCA-15 ficou em 6 por cento em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com o economista-sênior do Goldman Sachs Alberto Ramos.
Este cenário reforça a expectativa é que o BC leve a taxa básica de juros de volta aos dois dígitos. "O Banco Central ainda está bem longe de ancorar a atual e a expectativa de inflação para o centro da meta de 4,5 por cento e continuará a elevar a taxa de juros", afirmou Ramos.
Na véspera, o BC reforçou esse cenário ao publicar a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada, quando decidiu elevar a Selic em 0,50 ponto percentual --pela quarta vez seguida nesta intensidade--, para 9,5 por cento.
Fonte: Reuters Brasil
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