Em um evento da revista The Economist para discutir os desafios do crescimento econômico brasileiro, empresários foram unânimes ao elencar obstáculos à produtividade, como infraestrutura e carga tributária.
No entanto, o presidente da consultoria Accenture na América Latina, Roger Ingold , foi uma voz dissonante. Ele defende que, antes mesmo de cobrar mudanças estruturais do poder público, os empresários e industriais brasileiros podem melhorar o próprio desempenho no cenário nacional.
"O brasileiro sofre de um mal: quando a estrutura não funciona, todo mundo só fala. Mas se formos só esperar, ninguém faz nada. Mesmo que a educação não esteja boa, por exemplo, com boa gestão e olho nas metas do mercado, se pode educar ou fazer qualquer coisa", disse à BBC Brasil.
"É claro que isso não é sustentável a longo prazo sem melhorar a infraestrutura. Esses problemas são verdadeiros. Mas mudar a cultura de gestão é algo que o Brasil precisa fazer."
Ele participou de um debate batizado de "paradoxo da produtividade" com Javier Falcon, o presidente da multinacional francesa de equipamentos de telefonia no Brasil, Alcatel-Lucent. Falcon queixou-se de problemas como a falta de profissionais qualificados e o alto custo de importação dos equipamentos.
O executivo pediu rapidez na criação de um sistema nacional de banda larga como primeiro passo para que o governo impulsione os índices de produtividade nacionais. "Se você tem conectividade em todo o país, você integra todo o país. Essa é a medida inicial para chegar a ser competitivo", disse.
Ingold, no entanto, afirmou que o setor industrial precisa de mais iniciativa e articulação para levar demandas ao governo federal .
"Todo mundo pede tudo, então imagina a posição do governo. O setor privado mal se articula para ir pedir uma coisa bem estruturada, vender uma ideia ao governo. Não há interlocução. É quem tem mais influência, quem grita mais", disse à BBC Brasil.
Infraestrutura
Durante o evento, autoridades como os governadores dos Estados de Goiás, Marconi Perillo, e de Minas Gerais, Antonio Anastasia, e empresários de diversos setores apontaram os gargalos da infraestrutura no país como um dos principais entraves ao crescimento econômico e ao aumento da competitividade da indústria brasileira.
"A principal política agrícola que o Brasil precisa agora é infraestrutura, que está matando o agronegócio", disse Marcos Jank, diretor global de assuntos corporativos da BRF, uma gigante dos alimentos brasileira.
O presidente da construtora multinacional Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, criticou a falta de mais investimento federal em rodovias e ferrovias, mas se mostrou otimista a respeito da abertura do governo - outra voz dissonante entre os participantes do evento.
"Temos que ser críticos com o mau humor, porque o mau humor está ganhando. Nunca tivemos tanta oportunidade. O crescimento brasileiro não está a 7%, mas, considerando a China, está na média (mundial). E o governo tem extrema boa vontade, às vezes a gente não aprecia", afirmou.
Fonte: BBC Brasil
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