Economista, Especialista em Economia e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Paraná e Graduando em Estatística, também, pela Universidade Federal do Paraná.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Impasse político nos EUA pode ser oportuno para investidor

Ao dissecar o caos da política americana, alguns gestores de ativos estão concluindo que a situação pode ser uma bênção para seus investimentos.

Economistas dizem que a paralisação do governo dos Estados Unidos, que está entrando na segunda semana, pode reduzir o crescimento econômico e também a confiança e os lucros das empresas, mas provavelmente não causará uma recessão. Muitos gestores duvidam que os danos serão duradouros. Qualquer baixa no mercado acionário, dizem eles, seria uma oportunidade de compra.
"Estamos prontos para aproveitar se [a situação] gerar turbulência nos mercados", disse Bruce McCain, que ajuda a administrar mais de US$ 20 bilhões como diretor de estratégia de investimentos na Key Private Bank, braço da KeyCorp KEY +1.63% no Estado de Ohio.

David Kotok, cuja firma, a Cumberland Advisors, da Flórida, administra US$ 2,25 bilhões, disse que aplicou US$ 100 milhões em ações nas últimas duas semanas. "Vejo essa fraqueza recorrente como uma oportunidade de entrada no mercado acionário dos EUA", disse Kotok.

Com Wall Street encarando as coisas calmamente, ainda não houve muita confusão que os investidores pudessem aproveitar, apesar da ameaça de que o governo em breve possa deixar de pagar suas contas.
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Na sexta-feira, a Média Industrial Dow Jones subiu 76,10 pontos, ou 0,51 %, para 15.072,58, apenas 3,9% abaixo do seu recorde de setembro. O índice S&P 500 continua, há 12 meses, 18 vezes maior que o total dos lucros das empresas que o compõem, superior à média histórica de 16 vezes. Isso significa que a maioria das ações precisa cair mais antes de ficarem baratas.

O risco de comprar durante uma crise é que a briga entre os partidos no Congresso pode acabar numa calamidade maior do que Wall Street acredita. Se uma moratória do governo, uma crise financeira ou uma recessão se tornarem uma possibilidade real, dizem os gestores, eles podem precisar ajustar suas estratégias.

A verdadeira crise pode chegar em poucos dias, com o partido de oposição, o Republicano, se recusando na Câmara a elevar o teto da dívida pública a menos que o governo suspenda a nova lei de saúde pública, conhecida como Obamacare, ou concorde com alguma outra concessão.

O Departamento do Tesouro informou que vai ficar sem dinheiro por volta de 17 de outubro, a menos que possa continuar tomando emprestado.

Em 2011, após outra briga sobre o teto da dívida, a agência Standard & Poors baixou a classificação da dívida dos EUA de AAA para AA+ . A Fitch Ratings afirma que pode fazer o mesmo desta vez.

Muitos gestores de fundos creem que o Congresso vai subir o limite da dívida porque senão a imagem dos EUA seria prejudicada. Mas mesmo que os republicanos se recusem a fazê-lo até 17 de outubro, o consenso entre os investidores é que essa é uma tática de curto prazo que não afetaria os mercados por muito tempo.

Após o rebaixamento feito pela S&P em 2011, as ações caíram muito nos EUA. A renda fixa subiu, pois investidores buscaram refúgio nesses papéis. No final, as ações se recuperaram e bateram novos recordes. "Achamos que as chances de um estrago prolongado na economia são mínimas", diz McCain.

Um benefício para os investidores é que a confusão pode atrasar qualquer redução pelo Federal Reserve, o banco central americano, do seu programa de compra de US$ 85 bilhões por mês em ativos.

"Todas essas manobras indicam que o Fed vai continuar nessa posição por um período mais longo", disse Kotok.

O programa do Fed dá apoio ao crescimento econômico e canaliza dinheiro para os mercados financeiros. Quanto mais tempo o Fed estimular, melhor a perspectiva para as ações, acreditam os investidores.

A briga em Washington está se revelando útil para os investidores que querem ajustar suas carteiras de títulos. Eles creem que o preço dos títulos de longo prazo vão cair e os rendimentos vão aumentar quando o Fed reduzir a compra de ativos. Por isso, muitos querem reduzir agora suas carteiras. E como o Fed continua comprando títulos e alguns investidores estão fugindo para a segurança da renda fixa, esses papéis subiram. Isso permite que os investidores vendam títulos de longo prazo a preços mais altos e passem para títulos ou ações de prazo mais curto.

Alguns clientes estão assustados demais para "tirar proveito da turbulência", disse Kotok. O que deixa algumas pessoas nervosas é que o governo já se tornou mais debilitado do que muitos acreditavam ser possível. Se a recusa em aumentar o teto da dívida provocar outra crise financeira, isso derrubaria as ações mais do que o previsto.

Mas muitos gestores descartam o risco. "Não vemos um evento apocalíptico", diz Richard Steinberg, da Steinberg Global Asset Management, que administra US$ 600 milhões. "É como um acidente em câmera lenta, mas em que no fim não há colisão."

As firmas de classificação de crédito em geral esperam que o governo use o arrecadamento fiscal para manter o serviço da dívida, mesmo que o teto da dívida não seja elevado. Outras contas ficariam sem pagar. Para a Fitch, isso mereceria um rebaixamento na nota de crédito. A Moody's MCO +1.30% Investors Service informou que, enquanto os pagamentos da dívida sejam feitos, ela não vai rebaixar sua nota.

Fonte: The Wall Street Journal

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